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ARTIGO. Michael Almeida Di Giacomo e o que seria “nova economia”, na retroalimentação do capitalismo

A retroalimentação do sistema capitalista e a nova economia

Por MICHAEL ALMEIDA DI GIACOMO (*)

Desde a década de 90, a cada período perde folego o que antes era necessário para empreender em um negócio, como bens movéis ou imóveis e uma estrutura física. O capital tangível passa a dar lugar ao capital intangível.

Um exemplo sempre citado é a empresa de comércio eletrônico Amazon, considerada a mais valiosa no mundo, tendo como valor de marca US$ 187,9 bi. A empresa norte-americana tem sede em Seattle, EUA, e somente uma loja física. Como bem afirmou o empresário Frederico Renner, que conheceu pessoalmente a região do Vale do Silício, nos EUA, é a reinvenção de empresas e indústrias.

A sua experiência, relatada em matéria jornalística do Jornal ZH do último final de semana, é um apanhado fidedigno da transformação e inovação por que passa a economia mundial. É a transição de um modelo mais denso para um modelo conectado e compartilhado de forma mais direta entre os agentes econômicos.

A chamada “nova economia” consubstancia-se na força de uma tríplice hélice, que é a união das universidades, iniciativa privada e governos. Essa conexão é representada na forma física dos chamados “hubs” de inovação. Os “hubs” são ambientes que mesclam coworking (escritórios compartilhados), startups em fase inicial e empresas de tecnologia já consolidadas.

Todos formam um “ecossistema” de inovação, que no Rio Grande do Sul é possível de ser verificado em cinco parques tecnológicos. Os braços dos parques tecnológicos são as incubadoras que reúnem startups e auxiliam no seu crescimento. Atualmente os parques tecnológicos gaúchos abrigam 374 empresas.

Nessa ideia, empreendedores são aproximados de empresas tradicionais e fundos de capital. A relação tem por base, entre outras, a consultoria de gestão e o investimento nas novas ideias em troca de participação nos negócios. O modelo da nova economia propicia a atração de talentos e, um fato muito importante, a sua retenção no âmbito local a partir do incentivo ao empreendedorismo.

André Ghignatti, CEO da Wow Aceleladora de Startups, asseverou, na mesma matéria de ZH, que são muitas as motivações para investir em startups. A busca por novos conhecimentos e a interação entre investidor e empreendedor faz com que ambos saiam melhores.  No ambiente de um ecossistema de inovação “a única certeza é a incerteza” e a troca de ideias é uma necessidade, a colaboração um mantra, afirma Ghignatti.

Para a economia local, a motivação maior se dá em poder retribuir para a sociedade a experiência acumulada por meio do incentivo a novos empreendedores, culminando na geração de riqueza a fazer girar a roda da economia.

Nesta nova jornada, a região metropolitana de Porto Alegre é um ecossistema de pura inovação. O chamado “Pacto Alegre”, que reúne a PUCRS, a Unisinos e a UFRGS, faz do Rio Grande do Sul uma destacada potência na área de inovação.

Em cidades como Novo Hamburgo, São Leopoldo, Canoas e Porto Alegre, startups são gestadas e chegam a receber investimentos de até R$ 500 mil de empresas incentivadoras. Alguns dos negócios tornam-se verdadeiras “minas de ouro” e são avaliadas acima de R$ 1 bilhão.

É preciso compreender o novo momento da economia mundial e a real transição que estamos vivendo. Profissões que antes eram fundamentais a qualquer sociedade passam a ter menos valor ou até sumirem. Este é o contexto que enfrentamos.

A era da inovação e da criatividade é um feixe a retroalimentar o próprio sistema capitalista. Aos governantes cabe a missão de fazer o capitalismo funcionar a partir de um ambiente que permita o investimento na economia, a partir de suas características locais, em detrimento do capital especulativo. Foi essa a atitude de José Mujica na presidência do Uruguai e que fez a taxa de pobreza cair de 30 para 10%.

É imperioso identificar e incentivar nas cidades de porte médio um ecossistema favorável a implantação da referida tríplice hélice. É o presente pedindo passagem para o futuro.

(*) Michael Almeida di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestrando em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: A imagem que ilustra este artigo é uma reprodução de internet. No original (AQUI), não há identificação de autoria.

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3 Comentários

  1. Das trocentas empresas nos parques tecnológicos gaúchos a grande maioria é comum, algumas fazem alguma coisa de fundamento e outras são risíveis. Desde aplicativos para vender bijouterias, máquinas de cafezinho até aplicativos para mulheres conseguirem encontros amorosos. Eis que surge outra característica espúria: para esconder a completa falta de inovação resolveram utilizar a nobre prática do engano, próprio e de terceiros, mudaram o conceito da palavra ‘inovação’. O ‘destacada potencia’ na região de POA é bairrismo hiperbólico.
    Investimento nesta área é de risco considerável (‘única certeza é a incerteza’). No Vale do Silício o mantra é falhe rápido, falhe frequentemente. Estatística informal mostra que mais de 90% dos empreendimentos acabam em bancarrota. Daí salta aos olhos o aspecto ideológico do artigo (Mujica com estatística chutada do Uruguay também), um chamado aos ‘governantes’. Ou seja, políticos que nunca tiveram uma barraquinha de pipoca ‘patrocinando’ com dinheiro público um ‘grande salto tecnológico’. Tem tudo para dar certo.
    Em tempo, para dar uma ideia de escala. Um bilhão de reais equivale mais ou menos a 250 mil dólares. A fortuna pessoal do dono da Amazon é algo como 150 bilhões. Economia é para economistas.

  2. Mais, a geração de valor no Vale do Silício proporcionou acumulação de capital que foi reinvestido em mais tecnologia. Dono da Amazon investe em inteligência artificial e tem até uma empresa no setor aeroespacial, a Blue Origin.
    Modelo, é bem verdade, foi copiado em outros lugares do mundo com variados níveis de sucesso, inclusive nenhum. Igual não conseguiu. Na China, uma ditadura, consegue-se resultados semelhantes com um modelo completamente diferente.

  3. Problema deste tipo de artigo, não é o primeiro, é a mensagem subjacente. Do que se trata? O ‘estamos bem’, ‘estamos no caminho certo’.
    Para começo de conversa, quem é o tal Renner? Bacharel em direito com especialização em marketing. Mais extensa experiência profissional? Banco A. J. Renner.
    Tripa hélice e Vale do Silicio. Iniciativa privada que consiste em muita gente com muita grana disposta a investir em empresas verdadeiramente inovadoras. Governo com pouca ou quase nenhuma intervenção na economia, fornecendo capital para pesquisa, é verdade, mas de maneira bem direcionada e cobrando resultados. Por fim as universidades, no Vale (e ao redor) existem algumas das melhores universidades do mundo atraindo os melhores alunos e os melhores pesquisadores do planeta.

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