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ELEIÇÕES. Fim das alianças proporcionais ampliam o número de candidaturas a prefeito, preveem analistas

Efeito colateral do fim das alianças será a redução do número de partidos políticos, em futuro próximo, conforme resultados das urnas

Do jornal O Globo, com texto original de Bruno Góes e Natália Portinari e foto de Reprodução

A disputa municipal de 2020 terá número recorde de candidaturas, de acordo com a previsão de presidentes de partidos e analistas. Com o fim das coligações para as câmaras municipais a partir deste ano, cada legenda terá de apresentar uma lista fechada de candidatos a vereador e a tendência é lançar nomes próprios a prefeito para puxar votos para o Legislativo.

A intenção da nova regra é diminuir o total de partidos no país – hoje há 33 legendas registradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) -, mas esse efeito só deve ser atingido em eleições seguintes. Os critérios para acesso ao fundo partidário e tempo de TV são baseados nos votos para a Câmara dos Deputados, mas a nova regra pode reduzir o espaço nos legislativos municipais dos partidos menores, que não poderão se coligar com siglas maiores, herdando seus votos.

No MDB, partido com o maior número de prefeituras, a intenção é aumentar a representatividade. Dirigentes estaduais sabem que devem lançar o maior número de candidatos possível para eleger vereadores, diz Baleia Rossi (SP), presidente do MDB.

– Esse foi o ponto mais positivo da reforma que votamos – diz Baleia Rossi, acrescentando: – Incentiva o partido a lançar candidatura, a ter ideologia, ter propostas, ter presença efetiva nas cidades. Vai acabar com os partidos de um dono só.

Para o cientista político Carlos Pereira (FGV), a oferta maior de candidatos é um efeito colateral da nova regra que pode ser positivo:

– Pode confundir o eleitor. O eleitor tem dificuldade em diferenciar os partidos, mas a gente tem que esperar para ver se vai haver uma identidade partidária maior pelo fato de os candidatos não pertencerem às coligações.

O presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, diz não ter dúvidas de que esta eleição terá mais candidatos. Ele avalia que o DEM terá mais concorrentes, assim como outras legendas, mas evitará lançar nomes fracos. Ele ressalta que há circunstâncias nas quais uma aliança é exigida. Para ACM Neto, é preciso pesar a mudança na legislação com as realidades locais.

– Nas últimas eleições, só tivemos um candidato em capitais: eu, em Salvador. Agora teremos de oito a dez candidatos, onde temos chances reais. Mas é preciso entender também que o fundo para financiar as campanhas é limitado e não podemos apostar em todos os lugares – diz ACM Neto.

No mesmo espírito, o PSDB publicou uma resolução que determina a candidatura própria em cidades com população superior a 100 mil habitantes. O secretário-geral tucano, deputado Beto Pereira (MS), diz que a Executiva Nacional precisará deliberar qualquer tipo de aliança nos grandes centros.

– O PSDB é um partido nacional e sempre tem candidato à Presidência. Nos grandes centros, também queremos estar disputando as prefeituras, com presença na TV. Mas essa resolução também é motivada pelo fim das coligações – diz o secretário-geral.

O partido já vem, no entanto, costurando para receber e prestar apoio em importantes capitais. Em Salvador, por exemplo, deve apoiar Bruno Reis (DEM), aliado de ACM Neto, e em São Paulo deve receber apoios pela candidatura de Bruno Covas (PSDB).

Negociações

O PSD também decidiu lançar candidaturas próprias em todas as cidades com mais de 100 mil habitantes, algo inédito. O presidente do partido, Gilberto Kassab, diz que os nomes ainda não estão definidos, mas cita Andrea Matarazzo em São Paulo, o deputado Hugo Legal no Rio, o prefeito Alexandre Kalil em Belo Horizonte e o senador Ângelo Coronel em Salvador.

– A tendência natural é dar prioridade para candidaturas próprias. Com a nova legislação, você aumenta as chances de um bom desempenho das chapas de vereadores – diz Kassab.

O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, diz que ainda há negociações entre os partidos que precisam ser concluídas para fazer um balanço, mas afirma que o lançamento de mais candidatos deve ser tendência.

– Pelo que conversei com outros presidentes de partidos, essa é a tendência. Até porque vai influenciar no voto de legenda – diz.

Carlos Siqueira, presidente do PSB, diz que a proliferação de candidatos é um efeito negativo da última reforma política, que foi mais tímida do que deveria ter sido, em sua opinião. Apenas depois da primeira eleição sem coligações para deputado federal, em 2022, há a previsão de diminuir de fato o total de partidos.

– Não adianta lançar mais candidatos do que o natural (para prefeito), porque isso pode até atrapalhar. É claro que a reforma política foi insuficiente, ela só vai gerar efeito nas eleições de deputado federal.

No PT, membros da Executiva Nacional avaliam que a nova regra é motivo para lançar candidatos próprios. Pesa também, porém, a vontade do ex-presidente Lula de testar sua força política com nomes do partido.

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Um Comentário

  1. Primeiro, é só esperar. Segundo: só porque falam que candidatura a prefeito puxa votos para vereador (sem maiores explicações, subjetivo, não existe um canal óbvio de transmissão entre voto na majoritária para proporcional) não quer dizer que seja verdade. Terceiro: voto por identidade com o partido é exceção, regra é votar pela cara do sujeito (na aldeia é um pouco diferente, muitos funcionários públicos). Quarto: pessoas definem o voto para prefeito antes e para vereador depois (geralmente), um dos motivos pelos quais os famosos levam vantagem (maior recall).
    Posso estar errado, mas partido com poucos recursos deveria achar um (ou mais) candidato a vereador puxador de votos e gastar os recursos que seriam destinados a uma candidatura majoritária (que obviamente daria em nada, nem todos têm a mesma chance) e concentrar naquele candidato. Um candidato a vereador com campanha equivalente a candidatura de prefeito.
    Voltando ao primeiro: é só esperar. Não é o meu que está na reta mesmo.

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