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A diplomacia da negação – por Leonardo da Rocha Botega

Uma avaliação do que disse (e fez) em Nova Iorque o presidente da República

Para que serve a diplomacia de uma Nação? Esta é uma das perguntas fundantes para as Teorias das Relações Internacionais. Jean-Baptiste Duroselle, autor do clássico “Todo Império Perecerá”, afirma que o principal objetivo de uma política externa é a defesa do interesse nacional. O interesse nacional, por sua vez, é definido a partir da relação entre o Estado e a sociedade no âmbito da política interna.

Foi a partir da definição do seu interesse nacional que o Brasil projetou sua atuação externa ao longo de toda a sua história. Do objetivo de consolidar suas fronteiras e impor uma hegemonia regional, passando pelo desenvolvimento nacional até a defesa do combate as assimetrias internacionais, a projeção do país perante o mundo, em maior ou menor grau, sempre foi pautada por aquilo que era entendido como fundamental para a construção nacional.

Tal entendimento é tornado público no principal evento anual da comunidade internacional: a Assembleia Geral da ONU. Normalmente é assim que ocorre. Esse normalmente, por óbvio, se aplica às condições normais. O que, de toda forma, parece não ser o caso do Brasil no contexto atual, onde o presidente da República desde de sua posse tem agido em nome do seu interesse de grupo (e família) e não do interesse nacional.

Este fato ficou evidente no discurso pronunciado pelo presidente na abertura da Assembleia Geral da ONU deste ano. Em um contexto internacional marcado por temáticas que emergem e exigem o direcionamento das nações para a grande política (a pior pandemia mundial desde 1918 e as desigualdades de acesso aos recursos para combatê-la, a crise climática, a crise econômica), o principal representante do Brasil perante o mundo preferiu agir como um varejista que pretende de todas as formas provar que o seu produto é bom.

Seguindo a mesma lógica dos grupos de WhatsApp de seus seguidores, Bolsonaro tentou vender aos líderes da comunidade internacional o mundo mágico do “cercadinho”. Com seu tradicional festival de chavões, levou para a principal tribuna mundial teorias conspirativas, anticientíficas e o desenho de um Brasil irreal. Ao invés da defesa de uma visão nacional, preferiu defender-se como um animal acuado e perdido em um ambiente que não está habituado.

Nenhuma frase de proposição para o mundo. Nenhuma frase que apontasse para um programa que indicasse uma leitura de como devem ser as relações internacionais. Nenhuma projeção de futuro. Apenas a apresentação de um passado e de um presente distorcidos. A apresentação de uma diplomacia de negação que não consegue sequer participar dos círculos das decisões mundiais medianas.

O Brasil hoje se tornou um pária internacional. Um país cujo o líder se reúne com menos de meia dúzia de líderes mundiais, boa parte também párias internacionais. Que vê o prefeito de Nova Iorque ter mais crédito internacional que o seu presidente. Um país que faz seu lanche na calçada da política internacional. E dizer que a nossa diplomacia já foi grande, que ajudou a criar a própria ONU.

(*) Leonardo da Rocha Botega, que escreve no site às quintas-feiras, é formado em História e mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM, Doutor em História pela UFRGS e Professor do Colégio Politécnico da UFSM. É também autor do livro “Quando a independência faz a união: Brasil, Argentina e a Questão Cubana (1959-1964).

Nota do Editor. A foto de Jair Bolsonaro, em momento de seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas na terça-feira, 21, é uma reprodução a partir de imagens de transmissão de televisão.

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Um Comentário

  1. O que o Cavalão disse não tem importancia. Até porque a ONU tem muito pouca importancia, com exceção do Conselho de Segurança. O que deve ser destacado é uma lenda urbana, o ‘soft power’ da diplomacia brasileira. Para derrabar basta perguntar 5 realizações do tal ‘soft power’ nas ultimas 5 decadas. Talvez a ejeção de José Bustamani da organização de proibição de armas quimicas logo antes do inicio da guerra do Iraque. Talvez o tratado Iran-Turquia-Brasil de troca de combustivel nuclear no governo Molusco com L. Alás, se Dilma, a humilde e capaz, foi grampeada, imagine Molusco com L. Tratado que ficou entre a ingenuidade e a completa burrice.
    Quanto ao prefeito de NY é necessario perguntar aos novaiorquinos. Aumento de 14% do roubo de carros em julho deste ano (em relação ao ano passado) e 8,6% em roubos (exemplos). Segurança publica claudicante. Existe também um exodo, Entre 2019 e abril de 2021 104.960 habitantes deixarem a cidade, em direção a Florida. Empresarios também estão deixando a cidade devido ao ‘inferno tributário’, Tipico governo de esquerda, gasta muito, gasta mal, segurança publica deteriora, carga tributaria lá em cima e palhaçadinhas para desviar a atenção. Simples assim.

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