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As fotos e os fatos em Dubai – por Claudio Moreira

As imagens turísticas de uma viagem de trabalho e o que isso pode significar

A imprensa brasileira repercute fotos de integrantes da comitiva de Jair Bolsonaro nos Emirados Árabes Unidos por pontos turísticos de Dubai, passando a impressão de estarem ˜turistando” com recurso público.

E quase nenhum destaque à agenda do próprio presidente em Dubai, sendo recebido com pompa pelo primeiro-ministro Mohammed bin Rashid Al Maktoum, onde celebrou acordos de cooperação tecnológica, de defesa e de comércio com o país mais rico e mais ˜democrático” da região, com muitas aspas na palavra.

Isso acontece por quê? Por que a imprensa é má, corrupta, comunista? Bem, é confortável para muita gente pensar dessa forma. Mas as considerações que pretendo fazer aqui são baseadas em mais de vinte anos trabalhando na área da Comunicação Institucional. Não são, portanto, para os militantes sensíveis, mas para quem pretenda compreender a complexa relação entre mídia e poder na era digital.

Ora, é evidente que a maior parte da imprensa tem má vontade com o governo, seja por sua agenda ideológica oposta, seja pela estratégia arriscada de hostilizar abertamente determinados jornais e jornalistas. Por isso mesmo os seus integrantes não deveriam facilitar o trabalho da mídia e da oposição, postando fotos recreativas em uma missão de caráter oficial.

Um grande amigo que partiu há alguns meses, importante dirigente de autarquia federal, me ensinou uma verdade fundamental da Comunicação Institucional: “Não se tira foto de lazer em viagem de trabalho”. Especialmente se ela é custeada pelos cofres públicos. Por mais que haja horários vagos e de descanso numa extensa programação oficial, toda vez que o lazer às custas do contribuinte vai para os stories do Instagram, a população tem a impressão – justa – de que alguém está se regalando às suas expensas.

Entretanto, os integrantes da comitiva do presidente parecem não perder uma única oportunidade de cliques que, no minuto seguinte, estarão sendo compartilhados em aplicativos de mensagem como uma afronta, um tapa na cara do contribuinte brasileiro. E por quê? Pela necessidade de reafirmar sua influência, porque nem percebem determinadas armadilhas da comunicação digital.

Não foi a imprensa que tirou fotos de membros da comitiva do governo em ocasiões de lazer. Foram eles mesmos.

Ou faz falta ao governo alguém que realmente conheça Comunicação Oficial, ou faz falta alguém que escute os que, dentro do governo, entendem disso.

(*) Cláudio Moreira é Diretor de Comunicação Social da Prefeitura de São Gabriel e Especialista em Comunicação Institucional pela Fundação Getúlio Vargas.

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2 Comentários

  1. Imprensa brasileira já não sabe o que têm relevancia ou não. Viagem é irrelevante. Utilização de fotos com motivação politica idem.

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