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Bombas – por Orlando Fonseca

Pensei em tratar do escândalo que ronda o governo federal, cercado de pastores, propinas, ministro da educação e um rebanho que acredita em mitos. Talvez, justamente, porque a educação não tenha sido tratada como devia é que chegamos a essa situação. Um bando de fanáticos, entre outras palavras de ordem, levantou a bandeira do “Escola sem partido”. E chegamos nisso que está aí. Agora, vamos ter de erguer uma bandeira para salvar a educação no país, que será o programa: “Escola sem pastores”. No entanto, os temas paroquiais são quase irrelevantes, diante do que o mundo nos apresenta, com suas tragédias mais urgentes. Não fosse suficiente uma pandemia que já ceifou milhões de vidas ao redor do planeta, uma guerra no Leste Europeu pôs o mundo inteiro em polvorosa. E talvez nem seja de pólvora que estejamos falando para intensificar o pânico, mas de armas atômicas, de líderes mundiais atônitos e/ou delirantes, e uma insanidade latente para explodir a Terra em poucos segundos. Diante das atrocidades da guerra, as manobras do governo para esconder a corrupção e a fala dos pastores para dissimular seus pecados capitais (praticados com verbas públicas) parecem coisas de comediante. Comediante brasileiro, bem entendido, porque comediante Ucraniano está sob fogo cerrado no momento.

Uma guerra atômica agora? Início da Terceira Guerra Mundial, seria isso possível? Estamos às portas do Apocalipse e não estamos atentos aos sinais? Que haja uma guerra, cujas peças têm se movido há tempos, estamos observando, ainda que perplexos. Digo isso porque o esforço para debelar o inimigo público número um do mundo, o SARS-CoV-2, que não é um míssil, mas tem o poder letal muito maior, foi suficiente para aprendermos que a humanidade é o que temos de maior valor nestas alturas do processo civilizatório. Ou não? Será que um território, que jazidas de petróleo ou mananciais de água potável são mais importantes? Valiosos, do ponto de vista monetário, sim. Mas isso seria tudo? A única justificativa que encontro para que estejamos diante de uma situação limite, entre o poderio militar da OTAN e o exército russo, é uma paranoia coletiva. Para mim, a guerra é a suprema estupidez humana, a total falta de racionalidade; quando a diplomacia – o diálogo, o consenso – perde espaço para a bestialidade, as armas são sacadas para uma destruição irracional. Estão aí as fotografias e vídeos do que acontece na Ucrânia e imediações para atestar o que estou dizendo.

Dentre os e-mails que caem em minha caixa postal, um me chamou a atenção semana passada. Anunciava-se, através de uma rede de ativismo social, como um manifesto dos “Ganhadores do Prêmio Nobel da Paz e Cidadãos do Mundo Contra a Guerra e as Armas Nucleares”. O texto era enfático e carregado de uma urgência que me deixou impressionado, para não dizer apreensivo: “Nós rejeitamos a guerra e as armas nucleares. Convocamos todos os cidadãos do mundo a se unirem a nós para proteger nosso planeta, lar de todos nós, contra aqueles que ameaçam destruí-lo.” Já achei interessante que pedia apenas a assinatura em um documento coletivo, e não dinheiro para alguma campanha. Mas fiquei deveras intrigado com o fato de reunir não apenas a figura simbólica do Dalai Lama, mas também uma lista de personalidades agraciadas com o Nobel da Paz. Será que a coisa tem esta dimensão, e eu aqui, preocupado com as propinas no MEC e com a indecisão sobre usar ou não a máscara contra a Covid-19? Pelo sim, pelo não, resolvi registrar nesta crônica para deixar o caro leitor com o Putin atrás da orelha. Na verdade, ainda não me decidi se o mais bestial é o czar russo, ou o líder americano e seus milhares de soldados em bases europeias, a milhares de quilômetros de suas fronteiras. Uma coisa é certa, se as personalidades que assinam o manifesto contra a guerra nuclear estão com a razão, estamos é próximos da fronteira que nos separa da loucura total. É melhor ficar atento e esperto, pois só podemos fugir – enquanto é tempo – para dentro, para a racionalidade e o valor humano da solidariedade que habita em cada um de nós.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

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5 Comentários

  1. Ganhadores do Nobel da Paz podem muito bem ‘ir se ferrar’. São irrelevantes. Alás, este premio especificamente virou outra coisa. Alas, lembra a bofetada no Oscar, tem tudo para ter sido encenada para chamar atenção, audiencia derrete. Ou os stunts publicitarios da duble de cantora Anita. Falando nisto as palavras bonitas (e vazias, para ingles ver) que impressionam a militancia com idade mental de pré-adolescente na esquerda, humanidade, solidariedade, etc. esta virando marketing. Vide indices que refletem a ‘governança ambiental e social’, refletindo preocupação com ambiente e ‘direitos humanos’ mundo afora. Empreendimento no Brasil até já declara ‘nossa empresa nasceu de um ato de empatia’. Só dando risada! Kuakuakuakuakua! No mais, pandemia até prova em contrario acabou, mascara e vacina é convite para trocar de canal. Como a guerra.

  2. Decadas atrás, alguém passou um recado para Stalin que o Papa apreciaria o fim da perseguição aos catolicos na URSS. Resposta, é o que dizem, ‘Papa? Quantas divisões ele tem?’. Fico matutando, o que o autor faz para levar outros a pensarem que ele poderia ser a favor da guerra. Sim, porque até o hino do Exercito afirma ‘ A paz queremos com fervor / A guerra só nos causa dor’. Basico. Passar frio, fome, calor, ficar sem dormir, praticar gastar energia numa atividade longe de ser produtiva, tudo isto já é dificil. Sendo alvo de tiros e bombas é mais ainda. Obvio, tem a glamourização dos filmes e dos games. Coisas que os veternos e veteranas ianques do Iraque e Afeganistão abominam. Mas é outra historia.

  3. Prognostico é que a campanha que se aproxima vai ser particularmente suja. Problemas que afligem a maior parte da população, como sempre, ficarão na margem ou serão tratados superficialmente. O que pode dar errado? Mudando do saco para a mala. Na politica ninguém é candidato de si mesmo, ninguém chega no poder sozinho e ninguém permanece no cume sozinho. Chavões, lugares comuns, que, no entanto, não sairam do nada. Dizem que Boris Yeltsin escolheu Putin. Boris era um alcoolatra. Numa visita a Irlanda estava tão alterado que urinou nas calças. O avião teve que decolar novamente. Putin era vice prefeito de São Petersburgo. Zelensky é cria de um oligarca (que não existem só na Russia) ucraniando, Ihor Kolomoyskyi. Pagou a campanha e até forneceu guarda costas. Falando nisto, o filho de Joe Zoinho fazia parte do conselho de administração de uma empresa de gás importante na Ucrania. Bafafá entre os ianques, midia em geral classificou como Fake News um laptop perdido do sujeito. Cheio de ‘boas noticias’. Antes da ultima eleição presidencial. Presidente do twitter disse que ‘foi um erro’ a censura. Forte odor de coisas não muito corretas no ar. Sujeito foi expulso da Marinha por testar positivo para cocaina, virou ‘namorado’ da viuva recente do irmão e engravidou uma stripper.

  4. Segundo aspecto é a falácia do espantalho, moda na esquerda nos ultimos tempos. O que acontece no ministerio em BSB não tem nada a ver com docentes militantes tentando doutrinar a gurizada na outra ponta do sistema. Existe, não é coisa da Globo. Como as drogas nas IFES, utilizadas pelos discentes e pelos docentes. Obvio que não é generalizado. Maior problema das IFES é o ‘ócio estéril’ (contrapondo ao ‘criativo’). Nos outros niveis, além do ócio, de uma estrutura organizacional/plano de carreira, o problema é o RH. Quem acaba lecionando não é exatamente a ‘nata intelectual’ da sociedade.

  5. Veja só como são as coisas. Pessoal que irá votar no ex-detento em outubro vive falando em chicanas judiciais que o “inocentaram” (e criticando o ‘moralismo’). Para os adversarios o tribunal da imprensa serve. Alguns, inclusive na aldeia, já falam como funcionava o esquema, sem inquerito, sem processo. Ou é know-how de corrupção ou construção de narrativa. Alás, primeiro prefeito a ‘berrar’ fala de um evento ocorrido ano passado, Obvio que ‘não aceitou’. Alás, corrupção (crime de funcionario publico). Difere do trafico de influencia, que também não é novidade no pais. Gregorio Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getulio, comprou uma fazenda do irmão do mesmo. Tirou a grana de onde? Busilis é simples, se um bando de otarios tenta enganar a criatura é porque acredita que é ‘mais esperta’. Funciona até o paragrafo dois.

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