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Sobre o filme do Danilo Gentili – por Luciano do Monte Ribas

Não sei se alguém se interessa pelo o que penso sobre o filme do Danilo Gentili, mas mesmo assim direi.

Em primeiro lugar, penso que o óleo diesel recentemente teve um aumento de 25% e a gasolina de 18%. Com esses novos “reajustes”, desde 1º de janeiro de 2019 (caso algum desavisado não saiba o que aconteceu nessa data, sugiro uma rápida pesquisa no Google) o óleo que movimenta cargas, transporte coletivo e algumas termoelétricas bateu quase 69,1% de aumento. Já a gasolina, 56,5%, e o gás de cozinha, 47,8% – ou seja, ele está custando um “pouquinho” acima dos R$ 35,00 prometidos por “você sabe quem” . Para termos uma comparação, a inflação oficialmente acumulada nesse período foi de 21,6%. Alta, é verdade, mas ainda assim muito distante do roubo cometido contra a população brasileira.

Sim, roubo. Não há termo mais preciso para descrever o que está acontecendo, já que a Petrobrás, que desde 2016 dolarizou todos os seus preços (sem levar em conta a relação entre o muito que produz aqui e o pouco que acaba por importar) distribuiu mais de R$ 63 bilhões em lucros e dividendos para seus acionistas em 2021. Dinheiro retirado do bolso de quem compra um butijão de gás e colocado quase diretamente no de um “investidor” estrangeiro, por exemplo. Eles, aliás, já são donos de 44% da “estatal” .

Em segundo lugar, penso que mais de 650 mil pessoas morreram de covid-19 em nosso país. Um brasileiro ou brasileira em cada 327 se tornou vítima do negacionismo, da imunidade de rebanho, dos “cloroquiners” e do “e daí?”. Se o governo do néscio tivesse aceitado as ofertas de vacina mais cedo e começado a aplicá-las em dezembro de 2020, segundo cálculos conservadores realizados em maio de 2021 (quando eram pouco mais de 450 mil vítimas no Brasil), pelo menos 95 mil avôs, avós, pais, mães, filhos, filhas, irmãos, irmãs, amigos e amigas teriam sido salvos . Vou ressaltar a expressão “cálculos conservadores”, pois diante dos resultados alcançados pela vacinação podemos afirmar que a tristeza teria sido muito menor.

Em terceiro lugar, penso que a fome é uma companhia constante para muitos milhões de crianças e adultos no Brasil . E quem ainda consegue comprar comida paga quase R$ 20,00 por meio quilo de café, mais de R$ 9,00 por um litro de óleo de soja e R$ 38,00 por um quilograma de carne moída. Meus filhos, nascidos no final dos anos 90, não sabiam o que era ter uma romaria de pessoas pedindo comida nas portas das casas. A realidade que conheciam era a de um Brasil fora do mapa da fome, vitória alcançada em 2014 e jogada fora pela “austeridade” que retira comida das bocas dos brasileiros para dar lucro farto aos especuladores.

Na verdade, o que penso é que a polêmica do filme é mais uma manobra diversionista de um candidato a tiranete em fim de festa, que sobrevive graças à desumanidade e aos preconceitos de pessoas que ainda o seguem como zumbis.

Outras tentativas de distração virão, buscando tirar o foco da verdadeira “obra” do néscio: fome, morte, destruição, rachadinhas, desperdício de dinheiro público em folgas recorrentes, desmatamento, venenos e desesperança. Pensando bem, até parece que ele seguiu à risca a lição de como ser o pior da classe.

(*) Luciano do Monte Ribas Luciano do Monte Ribas é designer gráfico, mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutorando em Diseño pela Universidad de Palermo (UP/Buenos Aires). É um dos coordenadores do Santa Maria Vídeo e Cinema, além de já ter exercido diversas funções na iniciativa privada e na gestão pública. Ele escreve neste site aos domingos.

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2 Comentários

  1. Os ianques tem um nome para o truquezinho barato, é ‘bait and switch’. E certo que não sou publico alvo do texto e para escrever m. não é necessario doutorado e não se pode exigir muito de quem utilza o desenho como principal ferramenta de comunicação. Porem, observando o site do CONEAU (a CAPES argentina) verifica-se que o doutorado em Diseño da Universidade de Palermo (no caso uma misogiia) foi autorizado ano passado, nem conceito o curso tem ainda. Lembra o caso dos causidicos que anos atras cursavam um doutorado Walita na Universidade do Museo Social Argentino. Quando tentavam reconhecer o curso no Brasil não rolava (principalmente sem ‘cumpanherada’ para ajudar). Moda atulamente do pessoal do juridico é cursar doutorado em Portugal. Pergunta: por que ir para o exterior estudar em instituições obscuras quando existem bons cursos no pais (inclusive em POA)? Porque aqui não conseguem o ‘aceite’ e diploma lá de fora favorece o marketing pessoal. Já nas IFES não é incomum (docentes destas instituições conseguem aceite mais facilmente) ir para universidades fundo da varzea no exterior. Menos trabalho, mais turismo e um diploma da Inglaterra, EUA, Italia, etc. propicia ‘fazer mais balaca’. Obvio que é uma generalização, existe gente que procura os cursos serios. E, finalmente, ‘bait and switch’, truquezinho barato, só funciona uma vez. Esqueda precisa deste tipo para viver.

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