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SAÚDE. Quase 90% das cidades gaúchas têm o Aedes aegypti. Dengue já infectou 7,9 mil em 2022

Em Santa Maria, 17 casos confirmados. Doença vira “situação crítica” no RS

Reproduzido do Site do Correio do Povo / Reportagem assinada por Felipe Faleiro

Desde o começo da série histórica do monitoramento de arboviroses no Rio Grande do Sul, em 2000, nunca o Estado registrou um número maior de municípios infestados pelo Aedes aegypti do que no atual ciclo. Das 497 cidades gaúchas, 441 tinham, na metade desta semana, a presença massiva do mosquito causador da dengue, zika e chikungunya. O número corresponde a 88,7% dos municípios.

A dengue já infectou, neste ano, mais de 7,9 mil pessoas no RS, superando as infecções do mesmo período de 2021. Até o fechamento desta edição, havia deixado também cinco mortos, motivando a Secretaria Estadual de Saúde (SES) a emitir, no final de março, um alerta epidemiológico para a “situação crítica”.

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Ações diárias de agentes da Secretaria da Saúde de SM investigam locais em que o Aedes pode estar (foto João Alves/Prefeitura)

CIDADE. Santa Maria já tem 17 casos confirmados de dengue. Ações diárias combatem ao transmissor”, de Rodrigo Ricordi, da Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal (AQUI)

A coordenadora do Programa Estadual de Vigilância e Controle do Aedes (PEVCA) da Vigilância Ambiental do RS, Carmen Gomes, afirma que todos têm responsabilidade no combate à proliferação do mosquito. “É muito importante a participação da população nisto. São os municípios que precisam manter a vigilância e as ações durante o ano todo. Se a gente relaxar durante os meses de inverno, vai acontecer o que está acontecendo”, salienta ela. O governo do Estado, segundo Carmen, dá apoio às cidades, por meio das 18 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRSs), no sentido de “capacitar, supervisionar, acompanhar e dispor dos insumos para controle”.

“Não existe nada de novo neste acompanhamento. Quando se perde o controle disto, temos que entrar com ações como a eliminação dos mosquitos adultos com a aplicação de inseticidas no ambiente. O uso deles é o reflexo de que em algum momento houve alguma falha na vigilância”, diz.

O médico infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Julio Croda, afirma que o aumento de casos de dengue neste ano não está sendo um fenômeno restrito ao Estado, já que ocorrem em outras regiões como Centro-Oeste, Sudeste e demais pontos do Sul. Ele diz acreditar que o atual surto é resultado de um “descontrole vetorial importante, sem fiscalização e orientação da população”, muito em razão do deslocamento de agentes relacionados à atividade da dengue para ações de controle da Covid-19.

“Muitas dessas equipes foram desestruturadas, transferidas para os serviços de Covid, prestaram um atendimento ou organizaram ou ainda ficaram na parte administrativa em resposta à pandemia”, afirma o presidente da SBMT.

Carmen, da SES, reconhece que os agentes de saúde tiveram dificuldade de ação por causa da pandemia: “Eles precisavam fazer as visitas casa a casa, para orientar as pessoas, eliminar os criadouros e isto ficou bastante prejudicado. Houve algumas restrições inclusive impostas pelo Ministério da Saúde. Mesmo assim, tivemos no ano passado um número não tão alto quanto o que temos agora. Incentivávamos muito as pessoas pela condição de elas estarem mais em casa e poderem fazer esta vistoria”. A coordenadora do Programa Estadual de Vigilância e Controle do Aedes rechaça uma relação direta da Covid-19 com a dengue. “O que pode ter acontecido é que, pelas pessoas estarem em casa, mais protegidas, este contato direto com o mosquito tenha sido menor, já que as pessoas não saíam e não se locomoviam tanto, não viajavam, não iam para outro município com tanta facilidade”, argumenta Carmen, acrescentando que, no ano passado, a dengue deixou 11 mortos no RS.

Já em nota, o Ministério da Saúde disse que “tem reforçado o combate às arboviroses e ao mosquito transmissor Aedes aegypti”. “A pasta vem acompanhando e orientando a situação epidemiológica e as rotinas de controle vetorial e prestando apoio aos estados; também realiza campanhas para reforçar ações de prevenção e combate ao mosquito em todo território nacional.” O ministério lembra também que, em novembro de 2021, “no início do período de maior proliferação do vetor, lançou campanha nacional de combate ao mosquito e de prevenção das arboviroses urbanas”.

Sintomas são diferentes dos vistos na Covid-19

Com relativa frequência, dengue e Covid-19 são confundidas, já que ambas manifestam condições como febre, dor de cabeça e dor no corpo. Mas, na avaliação do responsável técnico da Gerência de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Juliano Barcelos, a distinção de uma ou outra doença é fácil de ser feita. “O início na dengue é mais súbito, com uma febre e mal-estar marcados e às vezes dor abdominal. O coronavírus começa com um quadro que parece gripal, tosse e obstrução nasal. Sintomas respiratórios e dor de garganta não são comuns na dengue”, reforça o médico, que atua na Unidade de Saúde Jardim Itu, na Zona Norte de Porto Alegre.

A jovem Duane Gabriele Müller, 18 anos, sentiu, no começo, uma dor nas costas “sem explicação”. O incômodo permaneceu por uma semana, mas no final de março a situação clínica agravou-se. “Tive muita dor no corpo, de cabeça, nas pernas, e a dor nos olhos era terrível”, conta ela, que mora em Igrejinha. Mesmo assim, foi ao Hospital Bom Pastor, o único do município, onde recebeu soro e voltou para casa. No dia seguinte, voltou a relatar uma piora: “Tudo tinha um gosto ruim, até a água”. Ela foi, então, com a mãe até a UMT (Unidade Municipal de Triagem). “Me deram paracetamol e dipirona, mandaram tomar muita água e ficar de repouso. Não conseguia me mexer direito de tanta dor nas costas e não podia com a claridade”. Ela contou que ficou dois dias “sem comer nada”, afora um isotônico. Na véspera de retornar ao trabalho, recebeu o diagnóstico de dengue. “Vomitei sangue uns dois dias. Por último, meus dedos da mão ficaram bem inchados e tive manchas vermelhas pelo corpo. Parecia que eu tinha me queimado com o sol.” O tratamento enfim deu resultado e Duane recuperou-se. Não foi, contudo, o único caso da família, já que os avós maternos, uma tia e uma prima também foram atingidos pela doença…”

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