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ESPORTE. Fardas distintas, o mesmo campo. Aqui, conheça a história de Giancarlo e Lucimara Friedrich

Entenda a dinâmica do casal formado pelo árbitro e a atleta de “flag football”

Tanto o árbitro Giancarlo quanto a atleta de “flag football” Lucimara nutrem um amor pelos esportes da bola oval (Foto Arquivo Pessoal)

Por Pedro Pereira

Ela é cornerback da equipe de flag football (modalidade derivada do futebol americano) do Santa Maria Soldiers, além de servidora pública da UFSM e estudante de Direito na Ulbra. Ele, árbitro nos esportes da bola oval, e também agente da polícia civil e estudante de Ciências Contábeis na mesma instituição de ensino.

Ambos, de suas próprias maneiras, contribuem para o crescimento do cenário nacional das modalidades de formas distintas – e às vezes até, de certa forma, opostas – porém sem deixar a vida pessoal de lado. Desse modo, conheça o vínculo de Giancarlo e Lucimara Friedrich no que diz respeito ao tradicional esporte americano.

O começo

Torcedor de carteirinha do “Tom Brady Futebol Clube”, em alusão ao histórico quarterback da NFL que atualmente representa as cores do Tampa Bay Buccaneers, Giancarlo Friedrich conhece o universo do futebol americano desde 1994. Entretanto, foi apenas no final de 2016, após participar de uma clínica de arbitragem realizada em Bento Gonçalves, RS, que o policial passou a “apitar” partidas de futebol americano e participar de forma ativa da construção da comunidade nacional.

“Eu já acompanhava a NFL desde 1994. Mas, no final de 2016 eu fui a Bento fazer um curso e, em janeiro [de 2017], começou o Campeonato Gaúcho e eu comecei a apitar. Tanto nos jogos de Santa Maria, como de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Ijuí… Onde tinha, eu estava”, comentou o árbitro em meio a risadas.

Ao mesmo tempo que Giancarlo surgia no cenário, a equipe de “flag” do Santa Maria Soldiers era fundada. De acordo com Lucimara, que já tinha o interesse e o costume de praticar esportes, foi ele quem a avisou que iria acontecer uma seletiva para a equipe santa-mariense, quando ela começou a entender a fundo todo o universo que envolve o esporte.

“Já conhecia por ele (Giancarlo) o futebol americano, mas não tinha noção nenhuma. Então, participei da seletiva e fui selecionada. A partir daí, comecei a acompanhar e em 2017 já participei do primeiro campeonato, em que a gente (elenco da equipe de “flag” do Soldiers) se consagrou campeã”, relembrou a cornerback sobre seu início no cenário.

Atleta do Soldiers, Lucimara é bicampeã do Gauchão (Foto Arquivo Pessoal)

A relação com o esporte

O esporte, de certa forma, se transforma em mais um meio de comunicação entre os dois a partir do momento que fazem parte de uma mesma “comunidade”. Ao precisar ter conhecimento das regras dos esportes para conseguir arbitrar partidas corretamente, Giancarlo acaba auxiliando a jogadora em seus estudos do esporte. “Digamos que eu tenha alguma dúvida sobre alguma regra do flag: eu vou tirar minha dúvida com ele. Ele entende, me explica, e acaba rolando essa interação bem legal entre nós.”

Em contrapartida, o amadorismo do futebol americano no Brasil torna inviável arriscar o lado profissional da rotina para tentar viver do esporte no país. Dessa forma, Giancarlo precisou abandonar a arbitragem da modalidade full pads (com o uso dos equipamentos de proteção), neste ano, a fim de focar na faculdade de Ciências Contábeis, porém, continuou “apitando” no flag football. Inclusive, esteve presente na 1ª etapa do Campeonato Gaúcho da categoria feminina, competição estadual em que o Soldiers de Lucimara participou.

Ao saber que um dos árbitros de um jogo tem uma relação com uma jogadora, é normal que, embora sem precedentes de práticas antiéticas, a integridade da partida seja questionada. Entretanto, o casal já havia antecipado a possibilidade de ocorrer algum inconveniente e decidiram se prevenir.

“No início, a gente tinha receio do que as pessoas iriam achar quando ele fosse apitar um jogo que eu participasse ou pensar coisas como ‘ele vai beneficiar o Soldiers de alguma maneira’. Foi conversado com a Federação (Federação Gaúcha de Futebol Americano, a FGFA) se tinha algum problema e eles falaram que não. A única coisa que acontece é que foi combinado que ele não seja o árbitro principal das partidas que eu jogo”, contou Lucimara.

Para Giancarlo, “é bem tranquila essa questão. Tanto é que, quando vou entrar em campo, ela vai jogar e o jogo é fora, eu vou no ônibus delas (Soldiers). Eu, quando vou apitar, não sei quem ela (Lucimara) é. Para mim, ela é a 37 (número do uniforme da cornerback). Eu consigo me abstrair totalmente. No fim, é mais uma de tantas dentro do campo.”

Todavia, a servidora pública conta que esse tipo de problema já aconteceu anteriormente. “Uma vez, em Ijuí, o jogo estava muito acirrado e o Soldiers acabou ganhando de virada. Infelizmente, naquela partida, ele (Giancarlo) era o árbitro principal por questões técnicas da arbitragem.”

“Sempre tem o choro do perdedor e acabaram falando “o juiz tá beneficiando [o Soldiers]”, mas não aconteceu nada. Foi depois desse fato que resolvemos falar com a Federação e eu não ser o árbitro principal dos jogos dela”, complementou o policial.

Experiente, Giancarlo Friedrich é árbitro tanto de “flag” quanto do tradicional futebol americano (Foto Arquivo Pessoal)

Metas para o futuro

Ainda que o flag football não seja a atividade principal de nenhum dos dois, traçar objetivos e procurar evoluir nessa área não são – e nem devem ser – deixados de lado. Para ambos, chegar a uma competição internacional, cada um de suas maneiras, seria o auge.

“A minha ideia e o meu sonho como árbitro seria apitar o mundial. Já apitei o circuito nacional de flag, em São Paulo, e agora o próximo passo é o mundial”, afirmou o árbitro.

Lucimara, inclusive, já participou de uma seletiva para a seleção brasileira feminina de flag football, em 2019. “Como eu estava recém iniciando no flag, tinha apenas um ano e pouco de conhecimento do esporte, acabei não sendo selecionada. Mas adquiri um grande conhecimento e trouxe essa bagagem pro Soldiers”.

Contudo, ainda que seja um sonho representar o Brasil em nível internacional, para a atleta a idade é um fator que impacta esse objetivo. “Eu tenho quase 35 anos, então a minha situação para a de uma menina com vinte e poucos anos é diferente. Atualmente, a questão para mim é ficar no Soldiers e manter esse time.”

Recentemente, o Santa Maria Soldiers perdeu, pela primeira vez desde sua fundação, o Campeonato Gaúcho de Flag Football Feminino, que teve como campeão o Carlos Barbosa Ximangos. Porém, para o segundo semestre, a equipe continua como uma das potências do estaduais nas próximas competições.

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