Profissões em extinção – por Máucio
Os Correios estão com uma série de selos muito interessante. Apresenta desenhos com estilo de cartum que mostram pessoas trabalhando: sapateiro, costureira, carpinteiro, barbeiro, pipoqueiro. É uma coleção encantadora, não só pelas ilustrações como também pela escolha das profissões.
Essas ocupações despertam nossa memória afetiva. Quem não se lembra do tempo em que se levavam sapatos para consertar? Entregava-se o calçado estropiado para arrumar com certa resignação e ia-se depois buscá-lo no dia e hora marcados, cheios de esperança de que se receberia um par novinho em folha. Nem sempre era o que acontecia, mas afinal, estavam melhores do que antes. Era subjacente o conceito de reaproveitamento, da possibilidade de renovação das coisas.
Das costureiras também acho que quase todos temos guardados episódios. Quem nunca mandou fazer uma calça ou uma camisa perdeu essa experiência. Levava-se o tecido e entregava-se cheios de esperança de que tudo daria certo. Era um ato de confiança e expectativa. E veja como se tinha tempo, saíamos para comprar o pano, escolhia-se o modelo, explicava-se para a costureira, tiravam-se as medidas. Após provava-se uma ou mais vezes. Nossa, que maratona, que paciência. Tudo isso ainda correndo-se o risco da roupa não ficar como se sonhara. E os sonhos costumam mesmo ser atrevidos.
Os carpinteiros, por sua vez, ainda não sumiram completamente, porque tem até agora quem opte por casa de madeira, mas é cada vez mais escasso. Vai me dizer que você conhece muitos carpinteiros? Contam-se nos dedos os mestres sobreviventes e eles não estão formando seguidores, creio eu.
O barbeiro, no entanto, terá vida um pouco mais longa, afinal, acho que não será muito fácil inventarem uma máquina automática de cortar cabelos sem a necessidade do um operador especializado. E a questão maior neste caso nem é tecnológica é de sensibilidade mesmo. Afinal, esse profissional mexe com algo de nossa subjetividade estética absolutamente valorizada e que faz parte do corpo. O cabelo é tido como um componente tão ou mais importante que o cérebro. Para alguns, inclusive, é muito mais importante. Tanto que existe a expressão fazer a cabeça, referindo-se a ir ao cabeleireiro.
E o pipoqueiro? Ah, o pipoqueiro! Vocês acham que ele sumirá? Quando? Por quê? Qual a diferença desse sujeito em relação aos demais? Ele sobreviverá? Até quando?
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