Vá ao festival – por Bianca Zasso
Eis que se aproxima mais um Santa Maria Vídeo e Cinema. Outra vez surge a ansiedade por conhecer as criações cinematográficas da região e do país. Outra vez as noites da semana serão ocupadas por filmes, assim como a Praça Saldanha Marinho, que volta a ser o palco do festival.
Viver novamente tudo isso se mistura com uma sensação nova: a de que Santa Maria não é mais a mesma e o festival sabe disso.
Em 2005, quando entrei na faculdade de jornalismo, Santa Maria era cenário.
Contávamos os dias para encarar noites frias como só esta cidade sabe ter e assistir filmes que haviam sido realizados na nossa rua, na nossa escola, na nossa casa.
Reconhecíamos nosso sotaque, nossas manias, o xis de cada esquina. Tínhamos um meio para contar nossas histórias, das mais bobas às mais sofridas. E só nós sabemos o quanto foi sofrido viver aqui depois do dia 27 de janeiro de 2013.
Foi da mesma sensação de vazio e desesperança daquele dia que fui invadida na segunda-feira pós-segundo turno. Algo no ar dizia que não seríamos mais os mesmos.
Por conta do hiato de três anos, as pessoas de cinema de Santa Maria acabaram buscando outros festivais para mostrarem seus trabalhos. Não que isso não acontecesse antes, mas havia algo de especial em exibir no SMVC. Mais que o Troféu Vento Norte, o desejo maior era poder conversar sobre o nosso cinema com os nossos.
Agora, voltamos a ter esta oportunidade. E com um extra: cinema é resistência. Frases de impacto não valem nada se você não acreditar no que diz. Chegou o tempo de fazer filmes mesmo com medo, mesmo com falta de verba, mesmo que pessoas que adoram o ódio tenham ganho um suposto aval para fazer o que sempre pensaram.
O 12º Santa Maria Vídeo e Cinema começa dia 20 de novembro. Prestigie não apenas pelo movimento, pelo filme dos amigos, pelo entretenimento. Vá até a praça para assistir e pensar, resistir, atuar e mudar as coisas. Só a arte tira a gente do luto. Da luta, jamais.
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