COMPORTAMENTO. Uma intensa relação que une animais de estimação e seus donos (ou familiares?)
Por GABRIELE BRAGA (com fotos de Arquivo Pessoal), especial para o Site (*)
Animais de estimação são cada vez mais considerados como membros da família ou filhos para os seus donos. Com tanto afeto pelos bichinhos, é natural que o gasto com eles esteja crescendo. Uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil, com mais de 600 donos de animais de estimação, mostrou que 61% deles veem seus bichinhos como integrantes da família. 23% disseram, inclusive, que dormem com seus pets no próprio quarto.
A pesquisa mostra, ainda, que muitos donos gostariam de integrar mais seus animais de estimação às suas atividades cotidianas, mesmo fora de casa: 62% dos entrevistados sentem falta de espaços públicos que permitam a permanência de pets com seus donos, como restaurantes, lojas e shopping centers. Além disso, 46% afirmam dar preferência a lugares onde a presença de animais seja permitida.
Para os donos de animais de estimação ouvidos pela pesquisa, os pets são sinônimo de amor (61%), alegria (61%), companheirismo (59%) e amizade (52%). Há ainda 21% que veem seus bichinhos como guardiões da casa. Apenas 8% associam seus pets a despesas financeiras.
A estudante Mariama Granez também vê seus três pets como sinônimo de amor, alegria companheirismo e amizade. “Eles são parte da família, e o amor que eles transmitem faz com que cada chinelo roído valha a pena. Eu moro em uma casa no mesmo pátio da minha avó e no início ela não queria os cachorros de jeito nenhum, hoje a pequena faz o que quer, some no colo dela e ganha carinho. Eles conquistam o lugar deles com cada um e despertam coisas boas na gente”, afirma. Ela conta que mensalmente gasta com seus três cachorros em torno de R$ 250,00, em alimentação, banhos e outros cuidados.
Regina Silva, psicóloga, possui uma relação de muito apego e companhia com sua cachorrinha, Frida. “Como eu estou morando longe da família e amigos, ela acaba sendo meu suporte. Com isso tem um papel muito importante na minha vida e na do meu namorado; tanto que nosso maior desafio é não “humanizar” tanto ela, já que isso traz problemas pro cão, como ansiedade, por exemplo. Mas é bastante difícil, quando tu percebe já está tratando o bichinho como criança e esquece que ele precisa se comportar como um cão, brincar e interagir com outros cães e não só com humanos”, conta Regina.
Os gastos com a Frida são com ração, antipulgas, tapete higiênico, brinquedos e outros, além de consultas veterinárias. “A Frida tem alguns problemas de pele, então precisa de uma ração especial e shampoo específico, o que acaba aumentando os gastos. Ela é de uma raça que tem tendência ao ganho de peso, então a gente precisa sempre controlar isso e fazer com que ela se exercite”, completa.
A psicóloga Karoline Cardoso conta que é interessante pensar que essa ligação entre animais e humanos depende muito da sociedade, cultura e religião que o indivíduo está inserido, em determinados locais, alguns animais são considerados sagrados, por exemplo.
“O que acredito que se oide afirmar é que, de todas as épocas, a atual é que a gente percebe uma grande proximidade entre homem e animal. Entre algumas pessoas, inclusive, é muito comum a gente ouvir que o gato ou cachorro é um membro da família, e a partir dessa maior proximidade entre os dois, já existem alguns estudos que trazem que os pets podem influenciar no sistema de crenças, valores, comportamentos em grupos e experiências individuais do ser humano. A gente pode pensar em outra frase comumente dita que é a: “prefiro mais bicho do que gente!”, diz Karoline.
Hoje, ela explica, “existe já uma reflexão de que os relacionamentos amorosos, familiares ou com os amigos, algumas vezes, não são tão valorizados ou são permeados por conflitivas, e isso contribui para um espaço maior de relação com o pet, que por vezes ajudam as pessoas a aliviarem a dor de um trauma ou uma angústia, ou ressignificam e ocupam um espaço na vida dos humanos, e também passam a ganhar um grande valor sentimental”.
Karoline também possui uma pet. “Na minha relação com a Nina, principalmente nesse cenário de pandemia, eu vejo um fortalecimento do vínculo, e o quanto ela me faz bem, inclusive, pra minha saúde mental. Ela ocupa um espaço grande na minha vida, e me ajuda de alguma maneira a levar com mais leveza esse momento no meu dia a dia”, finaliza a psicóloga.
(*) Gabriele Braga é acadêmica de Jornalismo da Universidade Franciscana e faz seu “estágio supervisionado” no site
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