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Compromisso para 2022: fortalecer ainda mais o Projeto Esperança/Cooesperança – por Valdeci Oliveira

O ano de 2022, como vem se configurando, exigirá muito de todos nós, em todos os sentidos. Das inúmeras retomadas que precisamos buscar, entre elas a da economia nacional, o fortalecimento de novas formas de geração de trabalho e de renda precisam, talvez mais do que nunca, um olhar mais atento, tanto da sociedade como do poder público. Os exemplos são inúmeros, mas um deles, principalmente para Santa Maria e Região Central do estado, nos é muito familiar, nos é muito próximo: o Projeto Esperança/Cooesperança, que há mais de três décadas reúne em torno de si mulheres e homens que lutam e acreditam que uma outra economia é possível, que a solidariedade não exclui a produção e comercialização de bens e produtos, que o lucro pode muito bem dialogar com o “ganho para todos”, que o capital não necessariamente deva refletir exclusão ou submissão dos pequenos.

E isso, mais do que uma teoria de que as sociedades podem ser mais justas e inclusivas, tenho visto na prática e nos olhos da Irmã Lourdes Dill, que ao fazer de sua vida uma profissão de fé em nome dos menos favorecidos e de uma legião de excluídos, nos mostrou, como idealizadora e coordenadora do Esperança/Cooesperança, que o conceito de economia solidária, como uma alternativa real ao à falta de emprego e ao empobrecimento da população, é algo que devemos buscar neste ano, ainda cheio de receios, dúvidas e medos.

Irmã Lourdes Dill, cuja transferência de Santa Maria para o Maranhão deve se dar no próximo mês de abril, nos deixará um legado que nunca será esquecido. Nos deixará um legado para o qual, não tenho dúvidas, não faltarão mulheres e homens a defendê-lo, fortalecê-lo. E eu serei um deles, pois acredito firmemente que a economia solidária e suas várias facetas são, como publicado no site do Projeto Esperança/Cooesperança, “um novo jeito de construir o desenvolvimento solidário e sustentável na busca por soluções para os grandes problemas sociais, entre eles o desemprego, o êxodo rural, a fome, a miséria e a exclusão social.”

Na condição de presidente da Assembleia Legislativa neste ano, cuja posse está marcada para o dia 31 de janeiro, vou indicar o nome da Irmã Lourdes, e tudo o que ela representa coletivamente, para receber a Medalha do Mérito Farroupilha, a maior condecoração do Parlamento gaúcho. Da minha parte, que apoio e participo das lutas da Irmã há muitos anos, é uma deferência justa e merecida para quem nunca soltou a mão das pessoas mais carentes de renda, de oportunidades e de dignidade. Certamente, será um momento de muito orgulho para ela, mas também para todo o Parlamento gaúcho.

A semente plantada pela Irmã Lourdes em nossa região, que já rendeu muitos frutos – e sou convicto de que renderá ainda mais -, tem seu núcleo inicial identificado nos chamados Projetos Alternativos Comunitários (PACs), promovidos pela Cáritas, da Igreja Católica, no início dos anos 1980. E sob sua liderança, e de nomes como o do saudoso Dom Ivo Lorscheiter, esta ação coletiva e social cresceu, ganhou dimensão internacional, colocou Santa Maria no mapa da economia solidária e produziu inclusão mesmo nos momentos mais difíceis.

E por resultar em justiça social, participação popular e por dar vez e voz a cada vez mais pessoas, o Projeto Esperança/Cooesperança deve ser, neste ano de 2022, ainda mais defendido, ainda mais valorizado, ainda mais reconhecido. Num ano de retomadas urgentes, esta forma de organização econômica de produção, comercialização e consumo, cuja orientação se dá através de valores e princípios como o da cooperação, da solidariedade e da autogestão, se mostra cada vez mais necessária. E a prova disso temos vivenciado desde 1983, quando em Santa Maria tiveram início as feiras semanais de solidariedade, dialogando e aproximando produtores e consumidores.

Desde então o resto é História, uma bela História que nos brindou com a Feira Internacional do Cooperativismo (Feicoop) e Feira Latino-Americana de Economia Solidária. Uma bela História que não deixa dúvidas: o Projeto Esperança/Cooesperança está entre as respostas a serem dadas neste 2022. Feliz da cidade, da região, do estado e do país que possui e produz um instrumento tão potente, democrático e solidário de produzir dignidade. A Irmã Lourdes Dill, pode até, fisicamente, ter que cumprir uma ou algumas missões no Maranhão, em Brasília ou seja lá onde for. Mas enquanto existir o Projeto Esperança/Cooesperança, de uma forma ou de outra, ela sempre estará presente em Santa Maria. Vida longa à esperança! Vida longa à cooesperança!

*Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria. Também é 1º Secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Duplicação da RSC-287.

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