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E a regulamentação das mídias, vai sair? – por Atílio Alencar

Uma eleição é sempre mais que uma mera disputa eleitoral. É um dispositivo que libera impulsos obscuros, e tende a funcionar tal qual um jogo, dispondo com agressividade os afetos e desafetos envolvidos na luta pelo convencimento alheio. Aliás, as próprias estratégias adotadas pelas maiores candidaturas na campanha presidencial deste ano parecem ter comprovado isso, de forma lamentável.

Sob as toneladas de esforço desconstrutivo do adversário, em algum lugar muito mal iluminado dos debates jazia um esboço de argumentação propositiva. Acima disso, a imensa mobilização emotiva por votos, não raro de baixo calão, foi preponderante. Esmagadoramente preponderante.

Claro que isso tudo não pode ser reduzido a um vício exclusivo e isolado no universo partidário. A grande mídia brasileira soube muito bem manipular notícias, fabricar escândalos e trabalhar como boneco de ventríloquo para os grandes interesses econômicos.

E pior: arrogando-se a falsa qualidade de imparcial, de desinteressada nos resultados finais. Como se passasse ao seu largo qualquer comprometimento com os poderes constituídos. Melhor dizendo: como se não fosse a própria mídia um agente do poder, e dos mais dissimulados.

Se o fenômeno não é novo, desta vez, entretanto, parece que atingimos o grau máximo da sordidez editorial. A tentativa explícita da revista Veja de interferir, da forma mais suja, nas urnas foi um dos momentos mais tristes da nossa ainda recente democracia. Mas não esteve sozinho o carro-chefe da Editora Abril nessa missão infame. Outros medalhões da mídia corporativa somaram forças na campanha difamatória, produzindo um lixo que nem com toda nossa boa vontade poderíamos classificar de jornalismo. Sem fontes, sem provas, sem escrúpulos, imprimiram seus panfletos a intento de sabotar o processo eleitoral.

Porém, se assim agem, é porque ainda temos no Brasil uma legislação omissa com a democratização das mídias. A concentração dos recursos públicos nas mãos de um pequeno grupo, ao longo das décadas, gerou uma anomalia que nos acostumamos a chamar de imprensa.

Se isso não é o suficiente para que o governo finalmente ouça as reivindicações de milhares de jornalistas independentes e ativistas pela democratização das mídias, então talvez nada bastará. E se Dilma, reeleita, não entender que tem a oportunidade histórica de corrigir este mal crônico, provavelmente não entendeu as expectativas depositadas em sua candidatura.

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