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O inimigo é o Povo – Por Paulo Pimenta

“Bolsonaro se aliou ao coronavírus desde o início da pandemia”

O Estado brasileiro está em guerra. Não, não está em guerra contra a Venezuela que, como todos se lembram, em 19 de janeiro último, fez desembarcar uma frota de caminhões com 100 mil m3 de oxigênio e salvou muitas vidas brasileiras nos hospitais de Manaus, no mesmo momento em que Bolsonaro e Pazuello deram as costas e entregaram o Estado do Amazonas à própria sorte.

O Estado brasileiro está em guerra. E o inimigo é o próprio Povo brasileiro. Qualquer pesquisa minimente criteriosa mostrará em que segmento social o vírus tem sido mais letal. Estudos de junho de 2020 já mostravam que, na Grande São Paulo, região economicamente mais avançada do país, 65% dos óbitos causados pela covid-19 ocorriam entre pessoas que recebem até R$ 3.000. 21,1% entre os que recebem de R$ 3.001 a R$ 6.500. 8% entre os que recebem de R$ 6.501 a R$ 11.500. 3,9% entre os que recebem de R$ 11.501 a R$ 19.000. E 1,2% entre os que recebem a partir de R$ 19.001. (Dados de “Medida S. Paulo”, publicados por G1).

Reconheça-se, portanto, que o principal fator de risco para a letalidade da covid-19, no Brasil, antes de ser a faixa etária, é o endereço. Para cada óbito ocorrido em Moema, ocorrem cinco na cidade Tiradentes ou na Vila Brazilândia.

A peste e a inépcia do governo de extrema-direita expõem diante dos nossos olhos as crônicas desigualdades sociais do país. E, com o negacionismo e a sabotagem sistemática das políticas de saúde pública, a dupla Bolsonaro/Pazuello trabalha para torná-las agudas, numa extensão nunca vista na história.

Vai ficando assustadoramente flagrante que a estratégia adotada por Bolsonaro e seus apoiadores, defensores da supremacia absoluta do mercado, e da liquidação das políticas públicas, está colhendo êxitos. Os segmentos sociais situados acima dos R$ 19.000 mensais, ainda que com algumas defecções aqui e ali, seguem defendendo Guedes e a política econômica do genocida. Na outra ponta, as pesquisas vão identificando as vítimas mais numerosas entre os 265 mil brasileiros mortos no último ano são os mais vulneráveis: os negros, os idosos das classes populares, os pobres. Nada mal para as concepções de eugenia cultivadas pela extrema-direita que assaltou o poder em 2018 e submeteu à sua hegemonia a direita convencional. Ou seja, os setores privilegiados do Brasil, mesmo diante de um genocídio destas dimensões, insistem em defender a associação nefasta entre o neoliberalismo e o neofascismo representada por Bolsonaro.

Por mais descabido que possa parecer, no país em que toda a ignomínia é possível, o raciocínio do governo parece apontar para algo como: no final de tudo, sempre é necessário ver o lado bom das coisas…, se pudermos estender por mais tempo a pandemia vamos conseguir reequilibrar as contas da Previdência Social…

Esses senhores e seus cúmplices devem ser levados a julgamento como criminosos de guerra. Escassez e atrasos programados.

Tipos como Luciano Hang têm a desfaçatez de afirmar que querem vacina, mas não para todos. No fundo, o que dizem? Vocês estão loucos. Vacinar um cidadão ou cidadã com 90 anos ou um morador de rua não faz nenhum sentido. Essa gente não tem nenhuma capacidade de reproduzir a força de trabalho. São descartáveis. Devemos vacinar quem está no mercado. Como os funcionários das minhas empresas, por exemplo.

No que a pandemia transformou o Brasil, ao revelar esse lado perverso que significa Bolsonaro e esse time anticientífico, irracional, estúpido e perverso, que gira em torno dele? Eu dizia nas primeiras linhas deste comentário que o Estado brasileiro se encontra em guerra. Uma guerra que volta todo o seu poder destrutivo contra os pobres e vulneráveis do país. Contra a imensa maioria do povo brasileiro. Bolsonaro e seus cúmplices devem responder diante dos tribunais nacionais e internacionais como criminosos de guerra. Estão utilizando as instituições do Estado para promover o maior massacre de inocentes da história desse país.

Bolsonaro se aliou ao coronavírus desde o início da pandemia para ser fiel aos seus apoiadores. Sejam aqueles do topo da pirâmide que lhe atribuíram a destruição do Estado brasileiro usando as mãos de Paulo Guedes, seja a parcela dos fiéis da base da sociedade, cuja boa fé é iludida diariamente pelo obscurantismo medieval interessado de alguns pastores, apóstolos e bispos sempre de olho no dízimo e nos caminhos de acesso aos fundos públicos.

Insistir a essa altura no discurso voltado para estimular as pessoas a se contaminarem só se explica como parte de uma estratégia ensandecida e criminosa que não prevalece em nenhum outro lugar do mundo, que sustenta como único jeito de parar a pandemia é todo mundo pegar a doença.

Isso ajuda a compreender por que chegamos no dia de hoje a 1954 vidas perdidas, um novo recorde de mortos pela Covid- 19 em 24h.

Para alcançar esse objetivo, Jair Bolsonaro lança mão de todos os meios e instrumentos para bloquear a ação do Estado para cumprir suas atribuições de proteger a sociedade diante da maior calamidade sanitária da História do Brasil. Por meio da chantagem busca aprovar na Câmara dos Deputados a famigerada PEC Emergencial (PEC 186), que congela salários, inclusive o salário-mínimo e retira recursos de um conjunto de Fundos financiadores das políticas públicas, incluindo a saúde e a educação. Em troca acena com a possibilidade de um auxílio de 250,00 por quatro meses.

Em outras palavras: sufocar os trabalhadores, o SUS e a educação.

Não podemos nos calar frente a esta Necropolítica representada por Bolsonaro e seu governo!

Impeachment Já!

(*) Paulo Pimenta é jornalista e deputado federal, presidente estadual do PT/RS e escreve no site às quartas-feiras.

Observação do editor: a imagem que ilustra este artigo é reprodução de charge publicada originalmente no portal Ponte (AQUI).

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