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Demissão. Marina se manda, após se atritar com ‘meio’ governo. Substituto seria Minc ou Viana

Até o momento em que escrevo, havia dúvida: o novo ministro do Meio Ambiente seria Carlos Minc, secretário de pasta idêntica no Rio de Janeiro, ou Jorge Viana, ex-governador do Acre. O primeiro teria o apoio da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de quem, inclusive, foi companheiro de armas nos tempos de clandestinidade na luta contra o regime militar. O segundo é da Amazônia, o que pode fazer toda a diferença política, algo que estaria sendo bem pesado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

O certo é que Marina Silva, a titular do cargo desde o início do primeiro mandato, resolveu se mandar – deverá retornar ao Senado, onde tem cadeira de titular até 2010. Marina não se entendia mais com boa parte do governo. Quer dizer, com a parte fortona do ministério lulista, a começar pela própria Dilma. Mas isso quem conta melhor que eu é a repórter Marta Salomon, da sucursal brasiliense da Folha de São Paulo. Lá no final, você lê o meu comentário. Acompanhe:

 

“Ministra Marina Silva entrega pedido de demissão a Lula

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) entregou nesta terça-feira o seu pedido de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

A integrantes de sua equipe, que ela reuniu hoje (terça) de manhã, a ministra disse que não existe a possibilidade de recuar e permanecer no cargo, que ocupa desde o primeiro dia do primeiro mandato de Lula.

 

Marina vinha entrando em conflitos com outros ministérios, como a Casa Civil e a Agricultura, em casos e questões que opõem proteção ambiental a interesses econômicos.

 

Pedido de demissão

 

A ministra pediu a um interlocutor que encaminhasse a carta de demissão para Lula na hora do almoço. Na mesma hora, segundo apurou a Folha, Marina reunia sua equipe para informar que não havia mais condições de permanecer no cargo.

 

Marina avaliou que não há apoio do presidente Lula. O principal motivo para o descontentamento de Marina eram as medidas de combate ao desmatamento, principalmente na Amazônia.

 

Desentendimentos

 

O mal-estar entre Marina Silva e Dilma Rousseff (Casa Civil) começou em julho do ano passado, por conta das negociações em torno do edital para as concessões do leilão das usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO). O impasse teve início com a cobrança do presidente Lula por mais agilidade nas licenças ambientais concedidas pelo Ministério do Ambiente.

 

Após desentendimentos, o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) concedeu licença prévia para as hidrelétricas serem construídas, mas estabeleceu uma série de regras.

 

Para Dilma, o argumento era econômico e técnico: as usinas produzirão 6.450 MW –a maior obra de energia do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Marina argumentava, por outro lado, que as hidrelétricas só podem sair do papel se ficasse constatado que não iriam trazer prejuízos ambientais à região.

 

Com o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura), o desentendimento girava em torno do plantio de cana. Para Marina, Stephanes incentiva o plantio de cana em áreas degradadas da Amazônia, do Pantanal e da mata atlântica…”

 

 

COMENTÁRIO CLAUDEMIRIANO: em tempos nos quais o pampa gaúcho começa a ser tomado pelos eucaliptos – e morro de medo disso tudo, confesso, pensando no meu filho de cinco anos e que pretendo seja feliz no Rio Grande do futuro – fico muito preocupado com a saída de alguém como Marina Silva. Sim, ela defende o ambiente. Às vezes, claro, é meio xiita. Mas, e daí? Alguém tem que ser, cá entre nós. Do contrário, vai tudo. Ou não.

 

Ah, para complementar, quem também saiu do governo foi o primeiro escalão do ministério, inclusive o presidente do Ibama, Basileu Margarido – ambos estão na foto que ilustra esta nota. O autor é Antonio Cruz, da Agência Brasil.

 

 

SUGESTÕES DE LEITURA confira aqui a íntegra da reportagem “Ministra Marina Silva entrega pedido de demissão a Lula”, de Marta Salomon, da Folha de São Paulo.

Leia também a reportagem “Marina diz que sai após “crescentes resistências”, de Jeferson Ribeiro, do portal Terra.

 

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