Artigos

A volta – por Luciano Ribas

Quando li na revista Carta Capital de 26 de agosto uma matéria intitulada “Tsunami e marolinha” sobre a visita do presidente mexicano Felipe Calderón Hinojosa ao Brasil não pude deixar de lembrar de um quadro do humorístico “Zorra Total”, onde dois personagens olhavam para o céu e, em seguida, soltavam o bordão: “olha o Lula indo!” ou “olha o Lula vindo!”, dependendo do momento.

De maneira semelhante, o Estadão falou sobre o assunto, tentando dar ares respeitáveis ao chulo. Escreveu o jornalão que “ele (Lula) ainda não arquivou a retórica Sul-Sul, como se convencionou designar a sua diplomacia terceiro-mundista, que o levou às paragens mais improváveis, onde decerto pode fazer um curso intensivo sobre a diversidade geopolítica e cultural do planeta, em proveito nenhum para os brasileiros”.

Pois para a decepção tanto dos redatores das piadas pouco elaboradas do programa quanto dos graduados colunistas da mídia conservadora, as idas e vidas do presidente Lula promovendo relações diplomáticas e comerciais com nações antes desprezadas pela política demo-tucana são identificadas hoje como acertos relevantes, capazes de explicar em grande parte nossa resistência aos mais danosos efeitos da crise econômica.

A tese é simples e inequívoca. Enquanto alguns países, como o México, concentraram suas relações comerciais com os americanos e outras nações ricas, o Brasil reduziu sua dependência dos humores do Tio Sam e dos demais países “desenvolvidos”. China, Índia, Rússia, Oriente Médio, África, entre outros parceiros comerciais e, em alguns casos, políticos, são destinos crescentes das nossas exportações, resultando não apenas numa estabilidade maior para nossa economia, mas também numa maior importância do Brasil no cenário mundial. Apostamos no incentivo ao multilateralismo, à negociação, à negação do preconceito e, sobretudo, à confiança de que “nós podemos fazer” e começamos a colher bons frutos também nas “paragens mais improváveis”.

Penso que os acontecimentos históricos são melhor compreendidos com o distanciamento do tempo, como também o são os governos. Senti isso plenamente ao visitar o Memorial JK, em Brasília, pois embora conhecesse através de leituras o período do seu governo foi me defrontando com imagens e relatos dos sonhos do “Presidente Bossa Nova”, ambientados em um espaço pensado para promover uma narrativa eloquente, que me tornei seu admirador.

Com o governo Lula não será diferente. Temos, sim, resultados imediatos, demonstrados pelos números, sejam eles de pessoas que saíram da linha de pobreza, de empregos gerados ou de novos universitários e instituições de ensino – aliás, não deixa de ser uma refinada ironia que o presidente discriminado por não ter um diploma seja aquele que mais universidades e cursos técnicos criou, deixando o tucano FHC, “príncipe dos sociólogos”, muitas léguas para trás. Porém, apenas o tempo irá mostrar o verdadeiro alcance dos oito anos do governo Lula e sua contribuição para a história.

Como diz o povo, “a volta vem”. E se vem, não resisto ao trocadilho: olha a volta vindo!

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo