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Tarso critica a “parcialidade” da mídia nacional

Bob Fernandes é, looonge, um dos melhores jornalistas do País. Há coisa de um ano, pouco mais ou menos, deixou a revista Carta Capital, de cuja redação era o Diretor. Partia em busca de novos desafios profissionais. E, agora, ele ressurge. É o editor de uma nova revista online, a Terra Magazine do portal de internet Terra.
Na primeira edição, já na rede, há uma série de atrações fantásticas, para quem gosta do bom jornalismo. São três entrevistas (entre outras coisas) da maior qualidade.
Uma, com o santa-mariense Eros Grau, em que o ministro do Supremo Tribunal Federal faz considerações inéditas, em se tratando dele, sobre as CPIs em andamento, ou já encerradas, no Congresso.
Outra, com Tasso Jereissati, em que o senador pelo PSDB do Ceará e presidente nacional do partido tucano fala sobre um eventual “impeachment” de Lula.
E a terceira, com o novo ministro da Articulação Política, Tarso Genro em que ele “desce o pau” na mídia, especialmente na dita grandona.
É exatamente um trecho dessa entrevista, com Tarso, feita pelo próprio Bob Fernandes, que se reproduz a seguir. Não é preciso concordar com o ministro. Nem este é o caso do editor desta página. No entanto, não há dúvida, é fundamental que se reflita sobre o papel dos veículos de comunicação nessa crise. A história vai julgar a todos. E, só aí, o juízo de valor poderá se dar com o devido distanciamento. Enquanto isso, eis a palavra de Tarso Genro:

“A mídia não é neutra e não aceita críticas”

Às vésperas da celebração da paixão de Cristo o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, foi ao congresso e propôs à oposição “dialogar”. Seguia o roteiro, acordado com o presidente Lula, de buscar a “distensão”, mesmo onde ela pareça impossível. Entendem o presidente e seu ministro que o endurecimento da campanha, processo que Tarso chama de “pau puro”, interessa a quem não quer debater política e comparativamente os resultados do atual governo:
– A oposição comete o mesmo erro que o PT cometia antes de chegar ao governo, talvez até de forma bem mais aguda…
Em seu gabinete no quarto andar do Palácio do Planalto o ministro discorreu sobre o “processo”, suas veredas, e seus atores. Sobre um deles, a mídia, paradoxalmente oculta enquanto ocupa o centro do palco, opinou:
– Não acho que a mídia brasileira, como alguns colunistas escreveram que eu teria dito, é conspirativa. Eu não penso isso, nunca pensei. O que acho é que por dentro da mídia passa a luta de partidos, passa a luta política e que não existe uma mídia neutra. (…) existe também uma espécie de blindagem dentro da mídia, como se ela não pudesse ser criticada, como se qualquer resposta que se desse à mídia, como se qualquer denúncia que se fizesse contra ela fosse um ato autoritário.
Como o governo imagina enfrentar uma eleição com uma maré tão ampla e tão grande de dificuldades, em grande parte produzidas pelos próprios erros do governo? Não só no terreno político como em outros departamentos: dificuldades gigantescas no congresso, na mídia e em vários setores da sociedade? Tarso Genro: Devemos examinar por que ocorre isso, o que está ocorrendo no país. Diria que há três fatores fundamentais: primeiro, os erros cometidos por pessoas, inclusive que reconheceram esses erros, pessoas de importância no partido e no governo…
São erros de grande amplitude, não são erros banais…
Não, não são erros banais, mas são erros sistêmicos que ocorrem.
“Sistêmicos” porque não diriam respeito apenas à vida partidária do PT?
Não somente ao PT enquanto partido. Há um traço de corrupção e de ilegalidades sistêmicas no processo político brasileiro e nos vínculos dos agentes políticos no Estado, a que nós não estávamos imunes. Esses erros foram cometidos. O segundo aspecto é que existe também uma ofensiva política eleitoral da oposição que, quem sabe, comete o mesmo erro que o PT cometia antes de chegar ao governo, talvez até de forma bem mais aguda…
>B>Que erro seria esse?
É a visão de outorgar ao outro lado todos os vícios e querer se apropriar de todas as virtudes. Não existe nenhum partido de anjos e nenhum grupo humano, social, está livre de trazer para dentro de si as deformidades que existem na sociedade.
A terceira questão diz respeito ao destino do que chamo de revolução democrática no Brasil. Há uma disputa hoje sobre se a democracia brasileira vai ser mais tolerante, mais plebéia, mais vinculada às ansiedades, aos erros, às grandezas e aos acertos dos debaixo, ou se vai se conformar com uma democracia elitizada, isenta, uma democracia da opus dei, uma democracia das pessoas que tem o juízo de que os pobres quando chegam ao governo se modificam.
Há três citações embutidas e ocultas aí: uma sobre o candidato Geraldo Alckmin, quando o senhor fala em opus dei. Outra, “as pessoas se modificam”, uma referência à frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (no programa do Jô) e, por fim, um paradoxo que seria o de como o presidente consegue manter os níveis de popularidade e intenção de voto apesar de toda a pauleira…
Não é uma relação mecânica entre república e democracia, é uma relação de complementaridade e de integração entre esses dois processos. É óbvio que quando existe um choque do grupo tucano-pefelista com outro grupo, socialista, progressista, de esquerda, ainda que esse choque hoje tenha lances diferentes dos da década de 50 e de 60, estamos discutindo os destinos da revolução democrática no Brasil.
Discutindo se…
…se podemos ter uma democracia mais autoritária, mais elitizada, que contemple um terço de incluídos, um terço de precários e um terço caso de polícia, mais ou menos como…
”

QUEM DESEJAR ler a íntegra da entrevista, pode fazê-lo acessando a revista online, no endereço http://terramagazine.terra.com.br

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