CASO FORD. Montadora não quer saber de pagar indenização. Saiba o que ela exigia e o Estado ofereceu
A mídia grandona gaúcha já fala pouco e escreve menos ainda sobre a vitória do Estado na ação indenizatória contra a Ford. É verdade que a decisão é em primeira instância: em valores corrigidos, a montadora norte-americana, que desistiu do Rio Grande e se instalou na Bahia, terá que pagar algo como R$ 800 milhões. Logicamente, não quer saber de gastar esse troco todo. Por isso, recorreu. E assim será, até a última instância.
Dito isto, de repente, surgem dados concretos (inclusive porque constam da ação judicial) acerca do episódio ocorrido no final dos anos 90, e que demandou a ação agora julgada e, sobretudo, efeitos políticos que remanescem até os dias de hoje.
Nesse sentido, é fantástico o trabalho do recém-criado jornal eletrônico Sul 21. Que, hoje, por sinal, traz informações inéditas sobre o processo. Inclusive as exigências feitas então pela montadora, o que o Estado aceitava e o que pretendia. Vale a pena ler. Nem é preciso concordar. Apenas para ter a informação adequada. Confira, então, a reportagem de Clarissa Pont. A seguir:
“As exigências da Ford, em detalhes
O caso Ford se desenrola desde 1998, quando o Estado do Rio Grande do Sul ajuizou a ação ordinária contra a montadora. Desde então, o processo tramitou longe dos olhos da população e da imprensa, até esta segunda-feira (31).
Em edição especial da Revista da Procuradoria Geral do Estado, datada de 2002, é possível acompanhar em detalhes as tratativas que o Governo do Estado manteve com a montadora na época. O documento informa que reuniões de negociação aconteceram por praticamente uma semana, nas quais, do ponto de vista estatal, era tentado um ponto de equilíbrio contratual.
Em reunião no dia 28 de abril de 1999, o Estado formalizou uma proposta, sem saber que aquela seria a última vez que as partes se sentariam para negociar. O argumento foi amplamente divulgado, no dia seguinte, nos meios de comunicação gaúchos e em Nota Oficial, com o seguinte teor:
“O Governo do Estado do Rio Grande do Sul torna pública sua proposta que apresentou à mesa de negociação para a Ford do Brasil. Embora o estado enfrente séria dificuldade financeira, fez um esforço gigantesco para concretizar a instalação da montadora em Guaíba. Mantemos nossa disposição de negociar e aguardamos que a Ford abandone a intransigência e considere com seriedade nossa proposta, cujo resumo apresentamos à população rio-grandense”.
Os itens da proposta podem ser resumidos na não contestação dos incentivos fiscais já concedidos, no valor de R$ 3 bilhões; na execução de obras de infraestrutura, luz, água, esgoto, arruamento e pavimentação no valor de R$ 84 milhões; além do empréstimo de R$ 70 milhões viabilizado com a participação de instituições financeiras públicas…”
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Vejam o paradoxo. Este bando que está no governo estadual é também articulador daquela farsa. Já imaginaram a ironia do destino se estes oitocentos milhões viessem para o estado justamente no governo Yeda? Aí seria o cúmulo dos cúmulos.
Certamente Yeda compraria mais algumas mansões e com o que sobrasse ainda faria algumas obras públicas e arrebanharia votos para se manter no poder. Mas, Deus existe.
É engraçado como aqueles “defensores do emprego e do desenvolvimento” que afirmavam que o PT havia mandado a Ford embora, não se manifestam. Para quem entende de leis, pergunto: Não daria para arrolar o FHC e o PSDB como cúmplices e fazer eles também desembolsarem algum valor?
DESFEITA a grande mentira que infectou o ambiente político do RS nos últimos 10 anos!!! Agora que a máscara caiu, restou claro como a luz do sol que a ida da Ford à Bahia fazia parte do acordo FHC-ACM através da atemporal prorrogação do Regime Automotivo no Congresso Nacional (José C. Alelulia-DEM/BA), estão lembrados???
Enquanto isso, usando esse maniqueísmo que cai tão bem neste “politizado” Rio Grande, (alguns) elegeram figuras como Rigotto (que nada fez) e Yeda (que tudo desfez). Com a complacência de muitos jornalistas sem coragem. Vergonhoso!