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Batalha sem rosto – por Bianca Zasso

Em tempos de guerra, a simples menção do nome do inimigo já deixa os soldados de punhos cerrados. Mas e quando esse inimigo não passa de um mistério para nós? É nessas horas que a raiva dá lugar a ideias mirabolantes, que colocam os neurônios pra funcionar a mil por hora. Afinal, quem é esse inimigo? Quais são suas armas? De que lado virá o ataque. Quando não há face, o medo aumenta.

A raposa do mar, do diretor e produtor Dick Powell, um dos mais poderosos de Hollywood, é um filme sobre dois homens que não se conhecem, mas passam o tempo todo brigando. Nada de socos e pontapés. O negócio aqui é outra categoria: torpedos de alto alcance. Também pudera, os homens em questão são Robert Mitchum e Curd Jürgens, dois astros conhecidos por quem admira produções de guerra.

Enquanto Mitchum interpreta o capitão de um contratorpedeiro americano, Jürgens dá vida ao comandante de um submarino alemão. Baseado no livro The Enemy Below, o filme pode parecer, à primeira vista, mais uma produção sobre conflitos navais durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, a trama simples ganha clima de jogo de xadrez, com Mitchum e Jürgens armando estratégias e tentando adivinhar o que pensa o inimigo. O carrossel de emoções que toma conta da tripulação, tanto do navio como do submarino, presenteia o expectador com momentos de muita ação intercalados com silêncios atordoantes.

A diegese de A raposa do mar é tão poderosa que é possível sentir a claustrofobia que faz os marinheiros suarem, ao ponto de perderem os sentidos.  Se bobear, dá para ouvir os cérebros dos comandantes funcionando em busca de respostas.

Uma curiosidade que divide opiniões sobre o filme é o fato de o diretor ter apresentado dois finais diferentes em sessões somente para convidados que, após assistirem as duas versões, votaram na sua preferida. O final que foi parar nos cinemas venceu por unanimidade. Também pudera, é surpreendente, delicado e real. Dick Powell acredita que o cinema deve agradar o público, que busca na projeção na sala escura um pouco de aventura e algum alento para seus conflitos. Foi com esse pensamento que ele conseguiu atuações grandiosas em A raposa do mar. Sua sensibilidade de cantor e ator foi crucial para que o filme tenha o peso que expressa em cada cena.

A raposa do mar dá uma aula de amizade sem pieguices e sem se valer daquele clima de lição de moral permeia muitos filmes de guerra. É simples, joga limpo com o público. Falar de filmes de guerra é um grande prazer pra essa que vos escreve, ainda mais quando eles envolvem conflitos navais. Tenho questões sentimentais sérias com essas batalhas em alto mar, já que sou neta de marinheiro. Mas mesmo que você não tenha intimidade com o tema, o filme é uma boa pedida. Você será surpreendido pela esperança no meio da guerra. Pela amizade no meio do conflito. Pela boa história no meio da vida real.

A raposa do mar (The enemy below)

Ano: 1957

Direção: Dick Powell

Disponível em DVD e Blu-Ray

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