Mobilização social e transformação social – por Luiz Carlos Nascimento da Rosa

A Sociedade Civil de nosso país, felizmente, acordou. Levantes sociais com pessoas de todas as idades e de várias profissões vão para as ruas protestar contra as políticas públicas de opção neoliberal do governo brasileiro. Pacificamente estamos tornando público para a sociedade política que não estamos satisfeitos com as prioridades que o poder Executivo e o poder Legislativo estão estabelecendo para nossa judiada sociedade brasileira.

Estamos, de fato, via os movimentos sociais gerando um novo tempo histórico para nossa vida pública. As políticas públicas do governo brasileiro faz a opção pelo investimento maciço de dinheiro público para salvar as crises recorrentes do sistema do capital e dá míseras bolsinhas para um universo imenso de excluídos.

O mega empresário Eike Batista pode receber 7,3 bilhões do BNDES para incrementar seu processo produtivo e cada vez mais acumular capital, mas os “miseráveis” excluídos da vida do capital recebem 70 reais por mês para cada filho na escola. Um consórcio de empresas privadas pode receber um bilhão de reais, de dinheiro público, para construir uma usina hidroelétrica em nome da geração de 2000 empregos diretos e 1800 empregos indiretos durante a sua construção.

A FINEPE pode financiar o desenvolvimento tecnológico de empresas privadas, mas Educação e Saúde são custos para o poder público. O CNPq paga bolsistas para trabalharem na iniciativa privada para gerar desenvolvimento nos processos produtivos para as industriais e para que os capitalistas cada vez mais acumulem riquezas. Em todo o Brasil, os Hospitais públicos acumulam filas homéricas de cidadãos para serem atendidos.

Os profissionais da saúde vivem permanentemente em greve, pois recebem salários indignos, mas, vergonhosamente, o governo investe fortunas na iniciativa privada para fazer uma Copa das confederações e uma copa do mundo que só traz resultados para entidades de interesse privado como a CBF e a FIFA. Mas como disse publicamente o “sábio” empresário Ronaldo Nazário: Hospitais não fazem uma Copa do Mundo.

Em Santa Maria perdemos 242 vidas humanas em função da ganância pelo lucro e o descaso das diferentes esferas do poder público. Acusados são liberados com a justificativa do poder judiciário que, em nossa Santa Maria, não existia mais clamor popular. O clamor está nas ruas em busca de um país com justiça real e efetiva.

Cuidar de nossos filhos é custo, mas proteger os interesses privados tudo pode ser feito usando dinheiro que deveria ser do povo. Estamos cansados da demagogia e do engodo de políticos profissionais que só cuidam de seus interesses. Estamos enojados de escândalos de corrupção que assola pelo nosso país a fora com fortunas de dinheiro público escoando para as contas bancárias de safados larápios. Estamos em movimento pela moralização de nosso sofrido e vilipendiado país.

Queremos transparência e opções de investimento público no interesse público. Queremos Educação de qualidade e Professores com salários dignos. Buscamos uma Saúde Pública de qualidade e que tenhamos profissionais com salários dignos para atender com dedicação e carinho a população brasileira. Queremos um transporte coletivo de qualidade e fiscalizado pelos poderes públicos municipais e não a defesa ardente, pelos poderes constituídos, dos interesses somente do empresariado do transporte coletivo. Precisamos de escolas públicas bem equipadas para produzir uma Educação de qualidade para nossa população.

Estamos fazendo um levante popular, em todo nosso país, para dizer para os poderosos que estamos descontentes com o vergonhoso descaso do poder público para com nosso povo e o descarado desaguar de dinheiro público para o acúmulo do capital. Estamos em movimento pela defesa intransigente da participação popular nas decisões e construções das prioridades nacionais.

No dizer de Carlos Nelson Coutinho, em sua teoria política, para os liberais em geral, liberdade é a capacidade de satisfazer os próprios interesses individuais nos limites do respeito aos interesses igualmente individuais. Parafraseando Carlos Nelson Coutinho podemos afirmar que estamos cansados do conceito de Democracia que é uma simples regra do jogo e que nossa possibilidade de opção política se resume na escolha entre diferentes elites através de eleições competitivas e periódicas.

Estamos num levante popular pela consolidação de uma democracia que implique “uma igualdade efetiva, substantiva, entre os membros de uma comunidade fundada numa vontade geral”. Estamos em movimento para construir essa nova vontade geral. Queremos um novo momento Ético Político para nosso país. Queremos Democracia Participativa e controle social de todas as esferas do poder Públicos. Queremos, através do movimento social, dizer para as elites políticas que estamos saturados desta sociedade egoísta que só defende os interesses do mantra do sistema do capital.

O baronato do Partido dos Trabalhadores deu adeus a Classe Trabalhadora, a Sociedade de Classe e ao mundo do Trabalho, fez um pacto com o grande capital nacional e só produz políticas públicas para salvar o mantra do capital e seu deus mercado das trocas. A excluída classe Trabalhadora, meninos de rua, estudantes e os miseráveis produzidos pelo sistema do capital estão dando a resposta nas ruas.

Os neoliberais petistas foram capazes de ressuscitar, em nosso país, a luta de classes. Não queremos bolsas, isto sim, queremos trabalho, condições de trabalho e salário digno para que possamos viver com qualidade e dignidade.  Em movimento vamos lutar pela construção de uma sociedade formada por seres humanos cultos, educados, elegantes e generosos. Excluídos da vida pública e das políticas públicas neoliberais: uni-vos!