OBSERVATÓRIO. A neta do “Seu Adelmo” e o que poderá significar diante do eleitorado de Santa Maria

Luciana Genro, advogada e militante daquelas que cerra os dentes e sorri com a mesma desenvoltura, sempre foi muito bem votada em Santa Maria. Há vários fatores que podem ser utilizados como explicação. Um é ter nascido aqui, embora sua vida seja toda fora da cidade.

O colunista lembra, no entanto, de eleições de antanho, nas quais o avô dela, Adelmo Simas Genro, uma das mais fantásticas figuras humanas da boca do monte, a trazia pela mão à redação do jornal. “Esta é minha neta, Luciana, você pode conversar um pouco com ela?” Como negar?

Enfim, as relações pessoais a ajudaram, nos primórdios. Mas é possível afirmar que seu carisma pessoal e até suas posições políticas, e sua identificação com alguns setores esquerdistas carentes de ídolos por aqui, ajudaram bastante. Afinal, não deve ter sido de graça que fez 3.361 votos pelo PSOL em 2010 em Santa Maria. E certamente também não foi obra do Espírito Santo a consagradora votação de quatro anos antes: em 2006, foram 7.186 votos.

Ninguém, faltando quase quatro meses para o pleito, tem condições objetivas de saber do desempenho da neta do “Seu Adelmo” agora, como candidata a Presidente da República, pelo minúsculo PSOL. Mas já é possível firmar pelo menos duas convicções.

Uma, mais óbvia, é que a presença de Luciana na campanha pode significar uma “saída” interessante para um número pequeno, claramente minoritário, mas não desimportante, de simpatizantes potenciais da esquerda-esquerda. Eles estavam desconfortáveis com os nomes postos. Agora, têm um para descarregar sua opinião na urna eletrônica.

A segunda beneficia diretamente o candidato do PSOL à Câmara dos Deputados. Tiago Aires vai colar seu nome ao de Luciana. E pode, quem sabe, melhorar a votação que fez para prefeito e, talvez, se colocar como protagonista de um eleitorado minúsculo, mas nem tanto, para 2016.