DE SOL A SOL (4). O êxodo rural precisa ser freado
Por MAIQUEL ROSAURO
Considerando apenas os 33 municípios que compõem a Associação dos Municípios da Região Centro do Estado (AM-Centro), a população da região é de 459.541 pessoas, sendo que 389.604 moram na zona urbana e 69.937 na zona rural. Em 2000, segundo o IBGE, a população total da região era de 447.467 pessoas, com 365.899 moradores na área urbana e 81.568 na área rural. Ou seja, apenas o campo perdeu em uma década 11.631 moradores. Ao contrário das cidades, que receberam 23.705 pessoas.
Em Santa Maria, o município mais populoso da região com 261.031 (dados do Censo Demográfico de 2010), desde os 1960 a população rural está em declínio (confira no gráfico). Mas este não é apenas um problema santa-mariense ou da região. Estima-se que 30% das propriedades rurais no Rio Grande do Sul não têm garantia de sucessão devido ao êxodo rural.
Este é um tema que gera preocupação no novo secretário estadual de Agricultura, Ernani Polo.
– Entendo que precisamos tomar iniciativas em vários âmbitos para manter o agricultor no meio rural, em especial os jovens, incentivando a sucessão familiar. Fortalecer os elos que mantém os jovens no campo é fundamental. Trabalharemos para fornecer mais infraestrutura em pontos como energia elétrica e telefonia, que são áreas essenciais para a vida rural – afirma.
Polo entende que é preciso dar ao jovem do campo o acesso às novas tecnologias encontradas nos grandes centros. Logo, o acesso à internet é visto como primordial.
O secretário executivo do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus), José Itaqui, chama atenção para a grande quantidade de pessoas idosas que permanecem no campo e que vivem apenas de aposentadoria. O incentivo às agroindústrias ajudaria a manter os jovens na zona rural.
– Desde a criação do Condesus, em 1996, buscamos recursos para o desenvolvimento das agroindústrias. Este é um setor que possui um capital simbólico e um saber fazer, porém tem que estar adequado às questões sanitárias e boas práticas de fabricação. Na Quarta Colônia temos tradição, história e identidade, que se diferenciam dos produtos industrializados. Inclusive temos produtos de muita qualidade, mas a grande maioria está na informalidade – destaca Itaqui.
Em 3 de dezembro, produtores da Quarta Colônia expuseram seus produtos no Royal Plaza Shopping, em Santa Maria. Eles fazem parte do Projeto Social Produtos da Colônia, que reúne 48 agroindústrias da região e cada uma recebeu parte do valor para aquisição de equipamentos que melhorariam a sua produção. A empresa Abengoa Brasil investiu cerca de R$ 400 mil no projeto, que tem parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Condesus. O objetivo é regularizar a produção de agroindústrias na Quarta Colônia.
O projeto, que começou em outubro de 2012, pretende regularizar a produção de 25 agroindústrias nos nove municípios da Quarta Colônia até março de 2015. A Abengoa Brasil é uma empresa que atua no ramo de engenharia, construção e infraestrutura, e o investimento ocorreu devido a uma exigência federal a empresas que causam dano local.
Em 2010, a Abengoa Brasil construiu na região a linha de transmissão de energia entre Dona Francisca e Santa Maria. A obra teve 64,7 km de extensão e largura de 40 metros.
Quarta Colônia
A Quarta Colônia, na região Central do Estado, é formada pelos municípios de Agudo, Dona Francisca, Ivorá, Faxinal do Soturno, Nova Palma, Pinhal Grande, Rêstinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins.
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