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Nós e o Facebook – por Liliana de Oliveira

lilianaHá algo muito estranho acontecendo com todos nós. Nossa relação com as novas tecnologias têm modificado nosso modo de ser e se relacionar. Tenho observado com especial atenção as redes sociais.

Tenho observado o facebook e percebido alguns comportamentos que antes da invenção das redes sociais eram distintos. Hoje as pessoas parabenizam aqueles que estão de aniversário pelo facebook. Ok, entendo que há muitos contatos ali que não são muito íntimos e, por isso, deixamos apenas um delicado recado mostrando que não nos esquecemos. (Aliás, mesmo que queiramos esquecer, o facebook nos faz lembrar).  Mas esse comportamento tem se repetido inclusive com aqueles mais íntimos e que mais amamos. Será mesmo que achamos que um lembrete na rede social tem o mesmo valor do que uma ligação telefônica ou um abraço?

Há um outro grupo que frequenta o facebook e que publiciza os momentos felizes, as viagens e festas parecendo ter a vida mais feliz, entretanto, quando estamos com essas pessoas nas festas elas sequer interagem, conversam ou se divertem. Estão tão preocupadas com o melhor ângulo fotográfico que mais fazem da festa o cenário de suas fotos a serem publicadas na rede. Feliz? Muito pelo contrário. Tristes tirando fotos de si mesmas tentando publicizar a felicidade que há muito já se ausentou.

Ainda há um outro grupo que manda mensagens para aqueles que não têm facebook. Fazem declarações aos pais ou avós que não usam rede social. Afinal, se declaram para quem? Para nós. Para que todos nós saibamos o quanto ama sua família. Família tão amada que nunca recebe declarações por parte dessa mesma pessoa, apenas declarações virtuais.

Ah, os casais apaixonados. Esses casais se amam tanto que precisam declarar publicamente todo seu amor. Interessante que muitas vezes pela manhã desejam bom dia ao seu amor e dizem o quanto o amam no facebook. Fico pensando se o cara estará na cozinha tomando café e ela no quarto mandando mensagem.

Há ainda os que mandam mensagens aos mortos. Mas qual será o sentido de mandar mensagens para pessoas que estão mortas e que não poderão recebê-las ou lê-las? Fico impressionada quando vejo o anúncio da morte de alguém e a enxurrada de mensagens na timeline do sujeito. Será que é um jeito contemporâneo de manifestar nossos sentimentos? Será que não basta vivê-los? Será que é preciso torná-los púbico para que possam ser reconhecidos? Pensou em outros que não pensei aqui? Vamos lá, partilhem comigo!

OBSERVAÇÃO: a imagem que ilustra este texto é uma reprodução de internet.

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5 Comentários

  1. Olá, Fernando Bessa!
    Obrigada pela leitura atenta do texto! Concordo que vamos inventando novas formas de nos relacionarmos. Entretanto, destaco a importância de que a vida real não se sobreponha à vida real. Sigamos!

  2. Muito pertinente o texto, as relações humanas presenciais estão cada vez mais distantes…amor, o amor se traduz no "eu te amo" na "linha do tempo"…isto chega ser triste. Como diz uma amiga minha…"ahhh…não tenho tempo para postar fotos no facebook minha vida real esta muito boa que não me permite"
    Parabéns Liliana, excelente texto.

  3. O facebook é apenas um veículo mais prático e barato da ostentação. Brasileiro prefere negligenciar a educação dos filhos para ostentar carro, roupas ou qualquer coisa que minimamente o faça sentr-se inserido na sociedade.
    Por outro lado, nos dias de hoje, não lembramos mais como antigamente dos números de telefone de nossos mais íntimos amigos ou até de familiares, pois os dispositivos nos oferecem dados a qualquer momento e negligenciamos o saber de cor.
    Os comportamentos vão evoluindo como a linguagem e, infelizmente, os dispositivos cada vez mais nos distanciam fisicamente enquanto nos aproximam virtualmente.

  4. Olá, O Brando!
    Entendo que as redes sociais em si não são boas, nem ruins. Tudo depende do modo como as utilizamos. O que quis propor foi uma breve reflexão sobre nosso comportamento quando deixamos com que a vida virtual se sobreponha a vida real.
    Att.

  5. Bueno, no quesito "aniversários", o FB facilita a vida. Primeiro porque não eliminam o abraço ou o telefonema. A felicitação acontece mais de uma vez. Além disto, quando a outra pessoa está noutro país ou outro estado, o telefonema já fica mais complicado. O contato já não é tão frequente, números mudam, etc. Para quem tem memória ruim é uma mão na roda. Pessoas que normalmente seriam esquecidas não são mais.
    Outro dia assisti um psicanalista falando sobre o "complexo de vira lata" e o assunto derivou para a internet. Apesar de não gostar de generalizações, sujeito falou algo para ser pensado: brasileiros têm uma necessidade muito grande da aprovaçao dos outros. Bem estar depende da opinião dos outros.
    Esta semana saiu uma entrevista com o sociólogo Manuel Castells na Folha. "Simpatia do brasileiro é um mito". Incomodou muita gente, logo tem algo de verdade. Tem algo a ver com o assunto.

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