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Amigo cão – por Pylla Kroth

Layca, Troly, Soninho, Banzé, Geddy Lee, depois veio o Geddy e por fim só o Lee. Seis cachorros e uma cadela o sujeito teve como companheiros em sua existência terrena. Mas foram mais que apenas cachorros e cadela: foram professores de vida.

A Layca ensinou ao menino que não era a cegonha que trazia bebês, muito menos paria os seres vivos. Logo ele descobriu e descreveu a relação com os humanos quando a cadelinha pariu cinco filhotes de uma só vez em uma noite fria de inverno, pois a peça onde ela estava com seu leito “ninho”, era próxima ao seu quarto e o moleque, ao ouvir uns chorinhos, foi verificar o que estaria acontecendo e presenciou estarrecido a cena do parto, a magia da natureza, quando chegou na cena, já havia dois e logo vieram mais três, em menos de meia hora. Sem saber o que fazer ao certo, ficou ali ajudando Layca na limpeza dos recém- nascidos, como achou que devia.

Esta primeira experiência diante de um nascimento, muitos anos mais tarde teve uma importância bárbara na vida do menino quando, já adulto, teve de auxiliar uma mãe que não teve tempo de ir ao hospital quando rebentou sua bolsa e a alternativa foi auxiliar o marido dela num parto caseiro. Indescritível e inesquecível noite. A sensação de felicidade e emoção juntas nesse momento. Era como se estivesse vivendo sua infância de novo, como quando auxiliou a Layca. Fez uma reflexão sobre si mesmo e o nascimento, e isso sem dúvidas mudou sua relação com o mundo.

Mas ainda menino a Layca lhe ensinou muitas outras coisas, entre elas caçar, brincar, ter amor, paciência, tolerância e a noção de responsabilidade e de harmonia que trazem felicidade tanto para própria pessoa, quanto para os outros, entre outras grandes lições. Ela viveu durante dez anos e o menino foi seu fiel amigo, e vice-versa. Não perdeu um dia sequer de aula com a danadinha. E o dia em que ela partiu deste mundo, ela não quis que  presenciasse sua despedida e se escondeu embaixo da cama pra suas últimas respiradas.

Foi um dia triste para o garoto, que não permitiu que ela fosse enterrada, opinou para sua mãe que para não contraria-lo, concordou em simplesmente coloca-la em uma caixa de papelão e leva-la até um mato fechado e largar a caixa em meio a natureza. Assim, dia após dia, escondido de todos, o menino ia até o mato e pode acompanhar todos estágios de decomposição da matéria até  que só restava o esqueleto do animalzinho. Essa foi a última aula de Layca, pois o menino, hoje velho, ainda lembra da layca viva, ás vezes até conversa com ela, pois tem a certeza que temos espírito, e esse não morre jamais.

Nesta semana recebi uma mensagem compartilhada em um grupo que me fez valer minha relação com os cachorros, pois tenho o meu, e sempre tive, desde que me conheço por gente.  Conta a história que um veterinário foi chamado para examinar um cão de treze anos de idade chamado Batuta que se encontrava muito adoentado. A família do Batuta esperava por um milagre. Examinou o cachorro e descobriu que este estava com câncer e não poderia fazer nada. Batuta foi cercado pela família. O menino parecia tão calmo, acariciando o cão pela última vez, o que fazia com que o veterinário se perguntasse se estaria ele entendendo tudo aquilo.

Batuta caiu pacificamente, dormindo para nunca mais acordar. O garotinho parecia aceitar sem dificuldade. Nisso a mãe exclama: “Por que a vida dos cães é mais curta do que a dos seres humanos?”  E o menino disse: “Eu sei por quê. A  gente vem ao mundo para aprender a viver uma boa vida, como amar os outros o tempo todo e ser boa pessoa, né? Os cães já nascem sabendo fazer tudo isso, e por isso eles não tem que viver por tanto tempo quanto nós, entendeu?”

Por fim a história se encerra não apenas com uma, mas uma série de morais: “se um cão fosse seu professor você aprenderia coisas como:  quando teus entes queridos chegarem em casa sempre corra para cumprimentá-los. Nunca deixe passar uma oportunidade de ir passear. Permita que a experiência do ar fresco e do vendo no seu rosto seja de puro êxtase! Tire cochilos, e alongue-se antes de se levantar, corra,  salte e brinque diariamente, melhore sua atenção e deixe as pessoas te tocarem, evite “morder” quando apenas um rosnado seria suficiente. Em um clima muito quente, beba muita água e deite-se na sombra de uma árvore frondosa. Quando você estiver feliz, dance movendo todo seu corpo, delicie-se com a simples alegria de uma longa caminhada, seja fiel, nunca pretenda ser algo que não é, se o que você quer está enterrado, cave até encontrar, e nunca esqueça: quando alguém estiver num mal dia fique em silencio, sente-se próximo e suavemente faça-o sentir que você está ali.”  Pois esta é maneira como os cães lidam com a vida e encontram sua felicidade!

Baseado nas minhas experiências com os cães que tive e o que tenho, penso que homem e cachorro são um conjunto, são nosso elo com o paraíso. Os cachorros estão neste mundo para nos ensinar decididamente coisas incondicionais, em particular o amor incondicional, que resulta em verdadeira amizade, lealdade, altruísmo e companheirismo, de uma forma tão tocante que só para dar um pequeno exemplo, lembremos que as vidinhas deles são tão curtas e ainda assim eles gastam a maior parte do tempo delas nos esperando voltar para casa! Decididamente você não tem um cão, ele é que tem você, e você significa o universo para ele! E pensando assim, será que existe alguma chance de não amá-los de volta? Penso que não! Portanto, como já dizia meu velho Pai: “Desconfie de quem não goste de cães”, pois através da forma como tratam seus cães podemos conhecer o coração e a índole das pessoas. Tenhamos compaixão para com os cachorros, essa é uma das mais nobres virtudes da natureza humana, e gratidão, pois se somos as crianças do Criador, os cachorros com certeza são nossos anjinhos da guarda.

E por último lhes digo: se não houver cães no céu, quero ir para onde ele estiverem, porque viver apenas entre os humanos, nem morto!

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