Coluna

Peggy Sue vai mudar – por Bianca Zasso

bianca aO diretor Francis Ford Coppola costuma ser lembrado por suas obras mais dramáticas e grandiosas, como a trilogia O poderoso Chefão e o ótimo filme de guerra Apocalypse Now. Mesmo com talento para criar obras potentes, Coppola também teve momentos de ternura em sua carreira. Um dos melhores tem a bela Kathleen Turner no papel-título, vivendo uma adolescência cheia de dúvidas e descobertas e com um extra: ela já tem mais de 40 anos e dois filhos.

Peggy Sue – Seu passado a espera, lançado em 1986, segue os moldes das comédias juvenis realizadas nos anos 80 pelo diretor John Hughes (como os clássicos Gatinhas e gatões e Clube do Cinco) só que com uma protagonista madura que ganha a oportunidade de fazer um novo caminho e, quem sabe, mudar seu destino.

Logo na primeira cena, vemos Peggy e a filha Beth (uma jovenzinha Helen Hunt) se arrumando para o baile que comemora os 25 anos da formatura no colegial da protagonista. Incentivada a usar o mesmo vestido da juventude, Peggy está insegura e curiosa, já que vai encontrar com antigos colegas e entre eles está seu futuro ex-marido, Charlie.

Sim, Peggy está em crise com a proximidade do fim do casamento e também por ter que voltar ao cenário do início de seu primeiro e único romance. Naquele que deveria ser o auge da noite, quando ela é novamente eleita rainha do baile, Peggy desmaia. E aí começa a doce fantasia de Coppola.

Ao acordar, ela volta para 1960, seu último ano na escola. Lá estão as melhores amigas, o namorado, a irmã mais nova, os pais, os avós. Seu vestido, prateado no “futuro”, ganha um tom de cinza e a cidade parece mais clara, o céu mais azul, as casas mais bonitas aos seus olhos. Depois de uns primeiros minutos sem entender muito bem o que aconteceu, ela resolve que esta pode ser a oportunidade de mudar seu destino. Sabendo que lá na frente seu relacionamento com Charlie vai ser uma coleção de erros, Peggy decide nem começar.

O que se segue são aventuras que ela sempre quis viver mas não tinha a maturidade necessária para tentar. Óbvio que nem tudo é festa, já que Charlie continua apaixonado e insistente. Suas tentativas de manter o namoro com Peggy rendem as cenas mais engraçadas do filme, devido ao rosto inconfundível de Nicolas Cage, que não precisa se esforçar muito para criar um garotão egocêntrico e ingênuo.

Peggy vai viver, experimentar, aproveitar a presença das pessoas que ama, como acha que deveria ter feito na primeira vez em que teve 18 anos. Porém, como bom conto de fadas, Peggy Sue deixa claro que não há lugar como o nosso lar e o futuro parece querer continuar como está, por mais que nossa heroína lute contra.

bianca bAs mensagens otimistas, a valorização dos considerados “estranhos” na escola e a ideia de que a juventude nos garante mais fôlego do que boas decisões são mais alguns ingredientes que tornam o filme de Coppola um exemplar oitentista genuíno. Só que a maturidade de Peggy parece dar lugar a uma esperança típica dos mais jovens. Ao visitar a casa dos avós, descobre que a velhice também traz essa mesma esperança, só que sem a pressa dos hormônios descontrolados.

O destino é certeiro, dizem por aí. Buddy Holly cantava que Peggy Sue ia casar, ela tentou não ser a menina da música, mas no torce e retorce da vida, encontrou seu real caminho. Não é mais a mesma, com certeza. Mas a essência da romântica Peggy Sue de vestido e enfeite no cabelo indo para a escola permanece.

Peggy Sue- Seu passado a espera (Peggy Sue got married)

Ano: 1986

Direção: Francis Ford Coppola

Disponível em DVD pela Obras-Primas do Cinema

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