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O projeto de nação do Governo João Goulart – por Daniel Arruda Coronel

coronelNo dia 6 de dezembro completam-se 40 anos do falecimento do ex-presidente João Goulart, que, indubitavelmente, foi um dos poucos estadistas brasileiros que compreenderam com acuidade o sentido de um projeto de nação, visando ao desenvolvimento autônomo, social e econômico do povo brasileiro.

João Goulart assumiu a presidência da República em um dos momentos mais delicados da política brasileira, visto que o presidente Jânio Quadros renunciou, não havendo até hoje certeza dos reais motivos desta renúncia, se foi por razões políticas ou se foi uma malsucedida tentativa midiática, visando aumentar o seu poder e prestígio.

Neste contexto, os setores mais reacionários da política brasileira não aceitavam a sua posse, como determina a Constituição, e entra em ação o grande patriota Leonel Brizola, que, em 1961, liderou a Campanha da Legalidade, a qual foi fundamental para o respeito à ordem e à Constituição, ao garantir a posse de João Goulart, em detrimento de subterfúgios e ações golpistas e populistas. Contudo, em mais uma peraltice que muitas vezes marcou a política brasileira, a Constituição foi mudada, e Goulart assumiu sob o sistema parlamentarista. Não obstante, em 1963, após o plebiscito, a ampla maioria do povo brasileiro decidiu pelo presidencialismo.

Nesse sentido, Goulart efetivamente colocou em prática várias ações, sendo que o Ministério do Planejamento ficou a cargo do economista Celso Furtado. Além disso, o governo contou com nomes como Darcy Ribeiro e Evandro Lins e Silva. O desafio principal do governo era conter as taxas de inflação, as quais tiveram origem no governo Juscelino Kubitschek. Contudo, o clima político era de um forte tensionamento dos vários setores da sociedade, tanto da esquerda quanto da direita.

Além disso, o governo americano temia que o Brasil pudesse seguir o mesmo caminho de Cuba, o que era inaceitável para os americanos poderem consolidar sua hegemonia na região.

Sendo assim, conforme informações já consolidadas na historiografia brasileira, o governo americano, juntamente com os setores mais reacionários da política brasileira, começou a orquestrar a queda de Goulart, e os motivos principais eram as altas taxas de inflação, a alta dívida externa, o baixo crescimento econômico e principalmente o medo do Comunismo se instalar na região.

O resultado disso foram 21 anos de uma ditadura cruel que ceifou vidas, planos, sonhos e a oportunidade de o país avançar com reformas estruturais objetivando o desenvolvimento econômico e social.

Por fim, quando os militares entregaram o poder aos civis, a inflação e a dívida externa estavam muito mais altas do que no período Goulart e os bolsões de misérias tinham se espalhado pelo país. Uma triste chaga é que ele foi o único chefe de Estado do Brasil a morrer no exílio. Oxalá nunca mais tenhamos que conviver com situações desse tipo e que a democracia e o contraditório estejam cada vez mais presentes na sociedade brasileira, para quem sabe um dia possamos colocar em prática as reformas de base, pensadas por homens como João Goulart,  Darcy Ribeiro, Leonel Brizola e Miguel Arraes.

P.S. Gostaria de agradecer ao Claudemir Pereira por este espaço que me oferece desde 2011, desejando a ele e aos estimados leitores votos de um ótimo 2017, com paz, saúde e alegrias, e também que o Supremo Criador do Universo ilumine nossos passos e ações.

OBSERVAÇÃO: a imagem que ilustra este artigo é uma reprodução de internet.

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