Claudemir PereiraInternet

DO FEICEBUQUI. Jornalista e sambista emérito e a tocante homenagem a Vanilda, presidente da Itaimbé

Torcedor da Mangueira e, claro, da Itaimbé, Tiago Medeiros faz linda homenagem a Vanilda, que morreu na quarta-feira de cinzas

Espaço destinado a várias manifestações colhidas na rede social, desta vez é de texto único. No caso, a emocionante homenagem feita pelo colega e amigo Tiago Medeiros, que vive e trabalha em Brasília mas está sempre registrando sua presença em Santa Maria, sua terra natal. Ah, e  é um inveterado sambista. Mas tudo tem sua explicação. Acompanhe o que ele publicou em seu perfil no Feicebuqui:

“Lá por fevereiro de 2006, trabalhando na extinta Rádio CDN, sugeri uma pauta para a produção do programa de entrevistas da rádio: fazer uma série de programas com representantes das escolas de samba da cidade, pois o carnaval se aproximava. No primeiro programa, veio a Unidos do Itaimbé Santa Maria.

Eu fui auxiliar na produção do programa vestindo minha camisa da Mangueira, xará de cores do Itaimbé. No intervalo, entrei no estúdio onde estavam a apresentadora, Júlia, e os convidados, Mestre Bica, o ex-cantor da escola Guaraci, e a presidente Vanilda Bolzan. Na hora, o mestre de bateria perguntou se eu tocava algum instrumento. Respondi convicto que tocava surdo, embora eu nunca tivesse pegado em um. Só tocava na teoria. E a Vanilda, com a empolgação típica dela, convidou a Julia e eu para irmos ao ensaio daquela noite. Como nem sabíamos direito como chegar na quadra, ela se ofereceu para nos pegar no Centro e nos levar para o ensaio.

Se não fosse isso, possivelmente eu nunca teria entrado para a bateria da Unidos do Itaimbé, nunca teria saído da teoria do surdo, nunca teria vivido alguns dos melhores momentos dos anos em que morei na minha cidade natal. Passou aquele carnaval, vieram outros. De mero ritmista, passei a ser um dos “braços direitos” da Vanilda na escola, ajudando da forma como podia, divulgando os eventos, sendo um dos primeiros a chegar nos ensaios e reuniões, dando as minhas ideias e, principalmente, aprendendo a cada dia. Assim foi até a véspera de Natal de 2010, quando liguei para ela e compartilhei a alegria de que estava indo para Brasília no dia seguinte.

Na última vez que a encontrei, em novembro do ano passado, estava triste pela recente perda da minha mãe, e ela tentou me consolar como pôde. Resiliência é mais uma coisa que Vanilda ensinava muito bem, sem precisar dizer uma palavra, apenas pelo exemplo de sorrir quando tudo parecia ter dado errado. Nossa presidente se dedicou à escola de samba por mais de dez anos colocando a casa em ordem, administrando com profissionalismo e devolvendo credibilidade a uma festa tachada com os piores adjetivos. Desse legado, ninguém vai esquecer e a minha admiração ela sempre terá.

Vanilda Bolzan nos deixou em uma Quarta-Feira de Cinzas, muito antes do que qualquer um esperava. Nunca gostei de textos de despedida, por isso os evito ao máximo, e só escrevo esse porque não pude dizer em tempo o quanto a admirava e respeitava (mas acho que ela já sabia). Para mim, Vanilda será sempre a grande presidente da Unidos do Itaimbé de Santa Maria. E feliz é quem tem o coração verde e rosa.”

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