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EU SOLZINHO. Para colorir a quarta-feira de cinzas

Por ATÍLIO ALENCAR (texto e fotos), Especial para o Site

Talvez seja cedo para afirmar que o Bloco do Eu Solzinho alcançou o patamar de uma tradição carnavalesca de Santa Maria. Mas para uma ideia que surgiu entre poucas pessoas (bem poucas, na verdade), durante conversas despretensiosas em mesas de bar, chegar à quarta edição da junção de foliões e foliãs que se concentra no Itaimbé, para depois ganhar as ruas da cidade, já é uma espécie de conquista.

A proposta, que tem seduzido cada vez mais adeptos, é simples – e, por isso mesmo, dá certo: ao invés de pagar pequenas fortunas para suar nos bailes mais concorridos da cidade, a opção é brincar ao ar livre no início da noite, fazendo do pequeno largo em frente ao Bar do Pompeo, no Parque Itaimbé, o ponto de encontro entre gente disposta a carnavalizar a rua. Quase todas as noites, o Eu Solzinho conta com a participação da bateria de uma escola de samba local, além do batuque promovido pelos próprios integrantes do bloco.

Logo depois, quando a empolgação já tomou conta da turma, é hora de sair pelas ruas em cortejo até o destino da noite. E aí está outro acerto do Bloco do Eu Solzinho: quando a folia não estremece o chão da Rua do Rosário até o amanhecer, o êxodo dos brincantes leva até uma das quadras de escolas de samba que, mesmo desamparadas pelo poder público, persistem ano após ano em sua paixão pelo carnaval. Ao mesmo tempo em que isso demonstra a reverência da nova geração de carnavalescos para com os guardiões da festa popular, também resulta em apoio substancial às escolas, ao conduzir centenas de pessoas até onde acontecem os bailes comunitários.

Para compartilhar da alegria do Bloco do Eu Solzinho, não precisa pagar pela adesão, nem saber tocar algum instrumento, e muito menos ostentar credenciais de sub-celebridade provinciana: basta cair na gandaia sem desrespeitar as pessoas que só querem brincar com a liberdade que a festa inspira (não por acaso, o bloco divulga campanhas de combate ao assédio sexual e outras formas de violência).

Inclusive, pode-se levar até o Itaimbé aquele famigerado isoporzinho com o refresco que mais apetece a cada um(a).

Atualmente, o Bloco do Eu Solzinho custeia suas atividades através do comércio de canecas, camisetas e bandanas com a marca do bloco, além de realizar eventos para arrecadar fundos durante o ano. Em nome da autonomia e da independência em relação ao marketing (geralmente agressivo) das grandes empresas, o Eu Solzinho não é patrocinado por ninguém – a não ser pelo desejo cada vez maior das pessoas por se sentirem parte da cidade, sem medo de festejar no calor das ruas, dos parques e dos bairros.

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