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O encanto acabou – por Maurício Brum

Foi lindo enquanto durou. Entre maio e meados de agosto, o Grêmio jogou o que foi em alguns momentos o melhor futebol do Brasil – e, certamente, o melhor futebol que uma geração inteira viu a camisa tricolor desempenhar. Não terá sido o melhor time da história, certamente, apesar do entusiasmo que a naturalidade com que o Grêmio encarava todos os adversários, mas mesmo os gremistas antigos concordavam que era um momento especial. Por cerca de três meses, mesmo quando perdia alguns jogos, o time titular do Grêmio jamais foi claramente inferior aos seus adversários. Parecia capaz de encarar qualquer um, e assim o fez.

Mas acabou.

Acabou e não vai voltar tão cedo. Quem viu, viu. Quem não viu, precisa aceitar a nova realidade, que no fundo é uma velha conhecida: o Grêmio voltou a ser normal. O grande Grêmio de 2017 fez sua última partida na ida das semifinais da Copa do Brasil, em 16 de agosto, quando derrotou o Cruzeiro e forçou Fábio a fazer uns tantos milagres. Desde lá, o que se viu foi uma regressão gradual. O Grêmio que chegou à semifinal da Libertadores pela primeira vez em oito anos o fez já jogando uma sombra do futebol que apresentava naquele período mágico: foi uma partida de muitos chutões, de ligações diretas, de poucas chances reais de gol.

O Grêmio ainda é um time muito forte, está a apenas quatro jogos do título continental e, no mata-mata, qualquer coisa pode acontecer. Mesmo que, hoje, talvez só o Lanús não esteja jogando mais bola do que a equipe tricolor entre os ainda vivos no certame sul-americano. Se fosse uma Libertadores como as da última década e meia, que acabavam sempre entre julho e agosto, o Grêmio teria encarado as etapas decisivas no seu auge – e, aí, amigos, haveria um forte argumento de estarmos diante da melhor equipe da história do clube se a taça viesse mesmo com aquele futebol.

Agora, o time desencaixou. Por razões diversas. Perder Pedro Rocha, o terceiro artilheiro do time e o maior garçom do ano, faz uma falta evidente na maneira como o time funciona. Mas Pedro Rocha é a única peça que vinha sendo usada regularmente e deixou o time. Verdade que sua saída coincidiu com as lesões de Luan e Geromel, e é no mês que existe até as semifinais que reside a esperança de que eles voltem bem e o time recupere um pouco aquela magia que apreciamos antes. Mas a questão é mais ampla: é o anímico da coisa toda, são as decisões tomadas em campo. Os passes errados, as cabeças batidas, coisas que não aconteciam antes. O maior exemplo era Ramiro: ele, que nunca fez mais que três gols em uma temporada pelo Grêmio antes de 2017, neste ano fez nove. Era um gigante muito acima do seu metro e sessenta e oito. Os gols acabaram em julho – e, mesmo na função que costuma cumprir, agora vêm desaparecendo as vitórias pessoais.

É preciso ter humildade de aceitar que, antes de o Brasileirão começar, o Grêmio vinha sendo bem comum. E que, após a metade de agosto, voltou a ser aquilo. O normal é isso: ninguém joga um futebol que beira o “melhor da história” do clube por muito tempo. Se essa nova realidade for compreendida, um cenário em que o Grêmio ainda é forte, mas já apela para ligações diretas, talvez novas alternativas sejam pensadas. Ainda há um mês até os mata-matas retornarem. Mas, se vivermos na esperança de que aquela grande fase voltará a qualquer momento, aí sim ela se vai de vez – e o Grêmio não só perde a Libertadores como periga nem voltar para ela, do jeito que o Brasileirão se desenha no horizonte.

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