Claudemir PereiraInternet

DO FEICEBUQUI. O pior dia como professor, de um apaixonado pelo seu ofício e superdedicado aos alunos

O editor tem publicado observações curtas (ou nem tanto) no seu perfil do Feicebuqui que, nem sempre, são objeto de notas aqui no site. Mas hoje, excepcionalmente, abre espaço para uma manifestação, feita pelo professor Felipe Pereira (foto acima, de reprodução), que não escondeu sua tristeza com fato acontecido na terça-feira e que ele relatou em seu perfil no Feicebuqui. A importância do depoimento pode ser medida, por exemplo, pelos quase 20 compatilhamentos, mais de 200 curtidas e, até o momento, quase 40 comentários. Vale conferir, a seguir:

Meu pior dia como professor.

Diferente do que alguns pensam, não é um trabalho nada fácil, mas ontem foi o fundo do poço.
Cheguei na escola, conversava com a prof de matemática de como a situação que estamos é triste. De como Sartori nos humilha e mesmo assim, por me importar com alunos do EJA, voltei de greve mesmo não querendo. Confesso que me senti mal de voltar, mas fiz a escolha. Talvez errada, mas fiz.

Segui. No recreio uma barbárie que tem se tornado comum, uma briga de adolescentes. Me coloquei para ajudar a apartar. Os guris novamente se machucando por motivos banais Dei aula no período posterior com a calça manchada de sangue de um deles. Só queria ir embora depois de ver algo que os alunos acham normal. Mas segui.

Como estava difícil de fazer os alunos da próxima turma prestar atenção, pensei: quem sabe ao invés de dar uma aula quadro e giz que eles não vão conseguir se concentrar por só querem saber sobre a briga vou dar uma aula diferente. Algo que eles gostem. Levei para o pátio perto da sala para desenharmos máscaras afro para trabalhar a semana da consciência negra. Muitos desenham bem, pensei. Vão gostar. Quando voltei para a sala a surpresa: meu celular havia sido roubado.

Me senti o lixo dos lixos. Sigo me sentindo. Chorei boa parte da tarde. Sigo abalado até agora. Mal consegui dar aula hoje. Não por um celular. Claro que faz diferença para mim que ganho pouco e o uso como instrumento de trabalho, mas muito mais pelo que nossas escolas estaduais tem se tornado. Pelo que minha escola se tornou. Pensar que um aluno, alguém que amo quase como um familiar, como um amigo, fez isso comigo é arrasador. Eu realmente fico pensando em como ter coragem para seguir. Minha pedagogia é de pensar os alunos como companheiros, amigos. Pessoas que queremos o bem e vemos horizontalmente. Como seguir assim em espaços que perdemos a confiança e que vemos o outro sem nenhum afeto. Um espaço em que a violência é mais fácil que ver do que um abraço. Me sinto derrotado como professor, como nunca me senti.

Se leu até aqui e estuda ou trabalha no Walter eu peço apenas uma coisa: vamos tentar transformar nossa escola em um espaço diferente. Faça sua parte. Não há como seguir dessa forma. A escola não pode virar caso de polícia.”

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

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