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Coluna

Não acredite no Oscar – por Bianca Zasso

É tempo de Oscar, minha gente! E o título acima ficou um pouco polêmico, não acham? Mas venho em missão de paz, podem ficar tranquilos. Tudo porque, lá no início da minha cinefilia, eu devia ter escutado de alguém este conselho: não acredite no Oscar. É inevitável quando você começa a se interessar por cinema que o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas Americana torne-se um norte.

Ainda mais para quem cresceu num mundo sem Google e no interior do Rio Grande do Sul, onde era preciso apelar para os deuses do cinema que algumas produções fossem exibidas. Portanto, durante alguns anos esta que vos escreve levou a sério o que Tio Oscar considerava como os melhores do ano. Não foi uma época fácil.

Algumas lágrimas, muita indignação e pequenas alegrias tomavam conta nas noites de premiação. Entre um café e outro para enfrentar o sono provocado pelo adiantado da hora e pelas piadas ruins dos apresentadores, eu me descabelava e proferia alguns palavrões impublicáveis. Motivo: o filme para o qual eu estava torcendo perdia.

Pior só quando perdia para um candidato fraco! Uma década procurando respostas para aquilo que eu considerava ser uma injustiça. Cheguei aos 20 anos com alguns filmes, livros e pesquisas nas costas e me dei conta de que o problema não era o Oscar. Era a minha crença nele.

Não que a entrega do homenzinho dourado não seja divertida. Sempre é bom ver atores, atrizes, diretores e diretoras (poucas, infelizmente) passarem no tapete vermelho. Lembro da minha alegria ao ver Bruce Dern acenando para os fotógrafos em 2014, quando concorreu a melhor ator por Nebraska, de Alexander Payne.

E o Oscar Honorário de Gena Rowlands em 2015? Uma deusa da atuação que foi indicada duas vezes e, não importa para quem perdeu, foi injustiçada. Uma atuação medíocre de Gena é melhor que uma atuação soberba de qualquer outra atriz. Exagerada? Talvez, mas sei que não estou sozinha.

Por isso eu repito: não acredite no Oscar. Não aumente seu desejo de querer assistir um filme só porque ele foi indicado. A não ser que você seja crítica, não há obrigação nenhuma de estar em dia com os possíveis premiados. É um prêmio importante? É, pois aumenta a bilheteria e pode garantir novos trabalhos aos agraciados com ele. Mas ali não está o melhor do cinema. Não há garantia de diversão e emoção de qualidade.

O clima de Oscar parece despertar até naquele seu tio que ronca e baba já na primeira hora de filme uma paixão repentina por cinema. Se comenta, se discute e se defende seus favoritos. No outro dia, tudo volta ao normal. Cinéfilos seguirão com suas descobertas, espectador comum volta a ser mais preocupado com a pipoca que com o que está na tela.

Se desconstruir é parte da cinefilia e da vida como um todo. Não escondo que já dei um valor bem elevado ao Oscar, mas não faço questão de permanecer nisso se minha bagagem cinematográfica mudou. Já deixei a adolescência para trás e não vou gastar saliva e perder amizades defendendo diretores.

Aprendi a gostar em silêncio e, caso haja espaço, expor as minhas opiniões e ouvir as dos outros. Continuo acreditando que filme bom é aquele que faz a gente sair da sessão diferente de quando entrou, nem que seja de maneira discreta. Convicções são cárceres, disse aquele alemão bigodudo. É indo ao cinema que a gente deveria se libertar delas.

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