ArteEducaçãoInfância

EDUCAÇÃO. Formação e expressão, importância do desenvolvimento artístico na infância e adolescência

A arte na infância potencializa as capacidades intelectuais e também serve como trampolim para a criatividade (foto Larissa da Rosa)

Por LARISSA DA ROSA e PAOLA SALDANHA, Especial para o Site

Poesia com o corpo, com o som ou com as formas. Formar figuras, formar passos ou formar histórias. A criança brinca dançando, brinca pintando, desenha no ar, no papel, no espaço e na música. É assim que ela segue o ritmo da arte que vem de dentro ou de fora, mas que sempre potencializa suas capacidades.

Por meio da arte o ser humano consegue relacionar seu mundo interior e exterior, seus desejos, percepções e sonhos. Isto também é muito importante na formação da criança, de forma que a arte sirva de ferramenta para enriquecer suas experiências e autoexpressão. Para além de expressão de emoções, estudar linguagens como artes visuais, teatro, dança e música também auxilia no desenvolvimento de percepções de mundo, postura crítica, além de influenciar no processo de aprendizagem e na construção de associações.

Conforme a psicóloga Maiana Busnelo, a prática de atividades artísticas possibilita às crianças e aos adolescentes a exploração de diferentes formas de expressão e de autoconhecimento, através da criatividade. “Nesse sentido, a prática artística contribui no desenvolvimento tanto de crianças como adolescentes na medida em que abre um campo de possibilidades de criação e reinvenção. Essas práticas também propiciam que o sujeito em constituição desenvolva habilidades e explore seu corpo. Através da arte, crianças e adolescentes podem, também, expressar muitos de seus conflitos familiares e escolares, seus medos, inseguranças e dúvidas. Além disso, muitas dessas atividades são desenvolvidas em grupo, o que abarca a dimensão da alteridade, possibilitando a criação de laços sociais e o compartilhamento de experiências com os demais”, explica.

Maiana ainda salienta que em cada fase a arte desempenha um papel diferente no desenvolvimento infanto-juvenil e que estas atuações contribuem para o amadurecimento e progresso. “A criança no decorrer do seu desenvolvimento passa por diversos processos de maturação. Ela está descobrindo, conhecendo e nomeando as coisas no mundo. Experienciando de forma inaugural as mais diversas sensações e afetos, encontrando modos de existir, se expressar e se relacionar com outros. Nesse processo, a participação da criança em atividades artísticas pode adquirir um papel essencial no seu desenvolvimento”.

Já para os adolescentes, as práticas contribuem para o autoconhecimento corporal, que passa por modificações nesta etapa e também se mostra importante “para a constituição do sujeito, visto que o adolescente está num processo de transição entre a criança que foi e o adulto que ainda não é. Nesse sentido, o adolescente passa a ter expectativas, demandas e obrigações sociais que até momento desconhecia. Sob esse aspecto, a arte pode abrir um espaço para a expressão dos conflitos que surgem nesse período, bem como contribuir de forma efetiva na formação de uma identidade”, destaca a psicóloga.

A música, por exemplo, é vista por muitos como a primeira das artes. O som sempre agregou significado emocional desde a primeira infância. Este tipo de arte está presente em situações distintas com objetivos diferentes, gerando vínculos afetivos, estéticos e cognitivos com a criança. Kleiton Prestes, professor de música, aponta que o estudo de música na infância é importante em vários aspectos: “ajuda nos estudos e também no psicológico. O primeiro ponto é a questão da concentração da criança. Outros aspectos, como a sensibilidade emocional, por exemplo, também são estimulados na criança que estuda música”.

A linguagem musical é uma forma de expressão humana muito importante e deve fazer parte do contexto educacional da criança. O professor de música também destaca que “do ponto de vista criativo, o estudo da música desenvolve muito. Além disso a lógica também é muito estimulada, principalmente em função da concentração nos detalhes”.

Seja por meio de sons  vocais ou não vocais, improvisação, experiências sonoras, movimento, composição ou manipulação de objetos, o estudo da música na infância está ligado a uma abordagem bastante lúdica, onde a brincadeira e o conhecimento se confundem. Kleiton ainda afirma que “no momento que a gente estuda música, por ser algo muito interessante que chega até a ser confundido com lazer, é possível criar ferramentas que te auxiliam para estudar todas outras coisas de outras áreas”.

Entretanto, Maiana frisa que é necessário que os responsáveis tomem alguns cuidados nas situações em que crianças e adolescentes pratiquem performances artísticas profissionalmente. “Geralmente  é demandada delas uma maior exigência e disciplina. É preciso ter cuidado para que essas demandas não exerçam uma pressão excessiva sobre a criança ou adolescente, de modo que possam vir a desencadear uma série de sintomas atrelados a essa exigência. Além disso, críticas severas quanto ao resultado dessas atividades podem gerar sentimentos de inadequação e frustração. Fato que – é importante lembrar – pode ocorrer, também, quando se trata da realização de atividades artísticas somente como recreação. Assim, é importante que os pais estejam atentos a essa questão, não negligenciem a queixa dos filhos e busquem, se necessário, o auxílio de profissionais qualificados para a escuta”, esclarece.

A arte serve como meio de representação da percepção de mundo da criança, além de agregar no desenvolvimento de vários aspectos intelectuais de sua formação. O papel do educador e da família diante disto vai além do respeito das manifestações artísticas e deve se mostrar como estímulo e orientação para a criança poder mergulhar cada vez mais fundo dentro de seu próprio imaginário e da observação do mundo que a cerca.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo