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CRÔNICA. Orlando Fonseca e o Dia do Trabalho, data celebrada sob o desemprego de 12,4% da população

Trabalho

Por ORLANDO FONSECA (*)

Qual o cenário para as comemorações do Dia do Trabalho? Importante colocar esta pergunta nos dias atuais, pois na atual conjuntura não importam os dados, os fatos, o que realmente acontece no país. Uma declaração de alta autoridade é desmentida no momento seguinte; uma proposta feita pelo Chefe da Nação sofre reformulações, tanto pelo próprio, como por seus assessores, sem o menor constrangimento. E fica o dito pelo não dito.

De outra parte, há um grupo muito grande de pessoas que, não importa o que faça o atual governo, mantém a sua confiança e ainda procura desculpas em outros tempos, em outros lugares. (Segundo pesquisa Ibope, são 35% da população).

Portanto, para falar em trabalho e, mais importante, em trabalhadores, é preciso examinar as fake news, as falácias da hora para fazer aprovar a Reforma da Previdência, que não vejo como vai melhorar a relação entre investimentos e oferta de empregos, ou que não transforme os assalariados em “burros de carga” para o resto da vida. Vide a Reforma trabalhista: onde estão as melhoras?

Ou seja, na tragicomédia que virou a vida política nacional, o que mais tem efeito de massa é o cenário, enquanto se adia o cumprimento de promessas de levar a classe operária ao paraíso.

Começando por este último aspecto, no site do IBGE, atualizado no último dia 25 do mês de abril, podemos ler que o desemprego não dá mostras de recuo. A taxa de desocupação, que é o nome dado para quem não tem emprego, ficou em 12,4%. O aumento representou a entrada de 892 mil pessoas na população desocupada, totalizando 13,1 milhões de trabalhadores nessa condição.

Mas isso não é o pior, pois há um grupo chamado “subutilizados”, que ficou em 24,6%, somando 27,9 milhões de pessoas. Estão neste grupo os desocupados, trabalhadores com menos de 40 horas semanais e os que estão disponíveis para trabalhar, mas não conseguem procurar emprego por motivos diversos.

A perversidade gerada por uma economia que só vive de promessas de recuperação, ou seja, que não se movimenta há alguns anos, está estampada em um grupo chamado de “pessoas desalentadas”. Já são 4,9 milhões, um recorde da série iniciada em 2012, e representam um percentual de 4,4% da população. A situação para as pessoas formadoras deste número é tal que não se veem em condições de procurar trabalho.

É a estatística, são números reais, é o retrato do trabalho no Brasil. Não é à toa que o Ministro da Economia pretende mexer na metodologia do IBGE. Certamente não é para melhorar a vida do trabalhador, mas para criar a ilusão de um cenário bonito, ao gosto de uma maioria que não enxerga, ao seu redor, a precariedade do palco, das cortinas e da parca iluminação.

A reforma trabalhista foi vendida na publicidade oficial como panaceia para voltar a gerar emprego. A lei, que altera a CLT, foi promulgada em julho de 2017. Já são dois anos sem que os seus efeitos se vejam de fato, basta prestar atenção aos números do IBGE. O que de fato vimos, com a pretensa atualização de uma legislação que vinha protegendo os direitos do trabalhador, foi a retirada dessas garantias, desonerando o investidor, o empregador.

Agora, a tal da reforma da Previdência, sem a qual o país vai quebrar em poucos anos é vendida como a urgência da hora. Fala-se em rombo, mas os dados que garantem isso estão sob sigilo, e os próprios parlamentares, que estão votando as mudanças, não têm acesso para definir seu voto. É o cenário, em que a equipe econômica se esmera na prestidigitação para fazer crer que está em operação a mágica, que irá redimir o Brasil e os brasileiros.

Com os seguidos sacrifícios exigidos da classe, em nosso país, recupera-se a origem etimológica do termo “trabalho”. Vem do Latim, “tripalium”, que era um instrumento usado para subjugar os escravos. Esse filme já vimos e o dia do trabalho será apenas isso, mais um dia. As cenas dos próximos capítulos não são alvissareiras, e quando subirem os créditos podem saber que a conta virá para o trabalhador (a não ser que os contrarregras resolvam se indignar).

(*) ORLANDO FONSECA é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e  Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica é uma reprodução de internet.

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3 Comentários

  1. Pelo que noticiam por aí 23% das vagas criadas entre abril de 2018 e janeiro deste ano são pelas novas regras trabalhistas (trabalho parcial e contratos intermitentes). Dados estão no CAGED, mas não creio que seja possível separar o que é vaga nova das conversões de vagas antigas e das vagas informais que viraram carteira assinada.
    Ministro da Economia ‘é do mal’, ‘cheio das más intenções’, para ‘ser do bem’ deveria carregar uma estrela vermelha no peito e defender outras idéias. Mais primitivo do que isto impossível.
    Dados foram liberados há quatro ou cinco dias, afirmação é Fake News.
    Exercer uma atividade e agregar valor são coisas diferentes, de qualquer maneira alguém tem que fazer o serviço sujo, não é possível serviço burocrático para todos, aposentadoria precoce e proventos altos.

  2. Em agosto de 2016 quando Dilma, a humilde e capaz, deixou o governo, a taxa de desemprego era de 11,8%. Em agosto de 2017 estava em 12,6%.
    Se o autor não vê relação entre reforma da previdência, investimentos (principalmente o público) e oferta de empregos, problema dele. Tem gente que entende perfeitamente.
    Pais não vai sair da situação em que se encontra sem muito trabalho. No final de semana saiu entrevista da reitora da UFRJ. Falou do investimento em educação na Coréia do Sul. Ficou de fora um fato, os estudantes coreanos estudam em média 16 horas a mais que a média dos outros países da OCDE. Os alunos destes países já estudam mais que os tupiniquins e não vai ser jogando dinheiro em cima que se resolverá a lacuna, é problema cultural e estrutural.

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