ARTIGO. Marionaldo Ferreira, Daniel Coronel e o que a cidade necessita, afinal, para se desenvolver mais?
Santa Maria que queremos
Por MARIONALDO DA COSTA FERREIRA e DANIEL CORONEL (*)
O município de Santa Maria está localizado na Região Metade Sul do Estado do Rio Grande do Sul (RS), o qual balizou seu desenvolvimento no setor agropecuário, com ênfase na grande propriedade. Em contrapartida, a Região Metade Norte predominou o seu desenvolvimento com ênfase no setor industrial e nas pequenas e médias propriedades.
A colonização da Metade Sul foi alicerçada em grandes propriedades, com a doação de sesmarias e com a predominância do latifúndio.
Até meados dos anos 1960, Santa Maria foi um importante polo ferroviário, destacando-se a Cooperativa dos Empregados da Viação Férrea (COOPFER), contudo, a partir da década de 1960, com a intensificação do processo rodoviário, a ferrovia vai entrando em seu ocaso, e a classe dos ferroviários, que contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento da cidade, vai perdendo sua força e pujança.
Na década de 1960, foi criada, por iniciativa pioneira do Dr. José Mariano da Rocha Filho, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a primeira no interior do país e que, a partir de então, iria engendrar a economia e a cultura da cidade.
O município de Santa Maria tem, atualmente, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2019), uma população de 280.505 pessoas, com densidade demográfica de 145, 98 hab./km2 e pertence ao Corede Central, o qual tem aproximadamente vinte e oito municípios e abrange mais de quatrocentos mil habitantes.
Um dos diferenciais da cidade é que ela é um polo educacional e cultural, visto que, além da UFSM, Santa Maria tem ainda a Universidade Franciscana (UFN, a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), a Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA), a SODEBRAS, a Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES), as Faculdades Palotinas (FAPAS) e a Faculdade Integrada de Santa Maria (FASCLA), dentre outras.
Com toda esta estrutura, a cidade poderia desenvolver-se mais, mas por que não se desenvolve e o que é preciso para mudar essa realidade? Algumas questões merecem uma análise com maior acuidade, tais como ações que visem a um novo patamar e uma nova estratégia de desenvolvimento econômico e social para aproveitar as vantagens comparativas do município.
Para isso, são fundamentais diretrizes como reter boa parte da mão de obra que as várias instituições de ensino formam visando contribuir para o desenvolvimento local; buscar estratégias de internacionalização, ou seja, novos mercados, parceiros e investidores; aumentar o intercâmbio comercial do Mercosul; incentivar o empreendedorismo, através de uma nova cultura e mentalidade empresarial; uma reforma administrativa gerencial visando à maior eficiência e eficácia, afastando o patrimonialismo, o populismo e o clientelismo dos órgãos municipais, tendo os servidores como parceiros e não como uma categoria que tem que ser combatida e, por fim, uma política de embelezamento da cidade, fazendo com que a população se orgulhe dela.
Para isso, é fundamental uma liderança política que dialogue com todos os setores da sociedade, independentemente da conotação política e social, pois são os interesses da cidade que estão em jogo.
(*) Marionaldo da Costa Ferreira é Mestrando em Tecnologias Educacionais em Rede e Psicanalista em formação. E Daniel Coronel é Professor Associado do Departamento de Economia e Relações Internacionais da UFSM e dos Programas de Pós-Graduação em Economia e Desenvolvimento e em Gestão de Organizações Públicas
OBSERVAÇÃO DO SITE. A foto (vista parcial de Santa Maria) que ilustra este artigo é do editor.
Artigo faz uma análise histórica batida e conclui com sugestões genéricas. Ou seja, acrescenta praticamente nada.
Plano estratégico de desenvolvimento da cidade é uma lista de desejos, muito pouco realista.
Mudança do setor público dependa da política e os funcionários que aparecem só para pendurar o paletó e cumprir horário vão continuar fazendo.
Mudança cultural para incentivar a mentalidade empresarial também não deve acontecer. Motivo simples, quem ensina ‘empreendedorismo’ geralmente é alguém que fez a graduação, depois mestrado, depois doutorado, depois pós-doutorado e passou num concurso para virar servidor público. Vai ensinar o que nunca praticou e nunca teve como meta na vida. Tem a mentalidade de 40 horas semanais.
Resumo da ópera: desenvolvimentismo que nunca deu certo no Brasil, mais ideologia do que outra coisa.