O Brasil tem que dizer NÃO à guerra de Trump e à submissão de Bolsonaro
Por PAULO PIMENTA (*)
Só dois tipos de pessoas querem a guerra contra o Irã: os acionistas das empresas da indústria armamentista e o quem faz parte do entorno mais próximo de Donald Trump, que hoje enfrenta uma batalha contra o impeachment e em novembro vai encarar a disputa pela reeleição.
O mundo precisa de paz para que a economia global se recupere e volte a gerar empregos.
A escalada beligerante de Trump tem por objetivo central fortalecer a sua campanha para evitar o impeachment e, na sequência, chegar forte para conseguir a reeleição. Assim como muitos dos seus antecessores, o magnata que é sinônimo de fake news quer se reeleger à custa de milhares de vidas, inclusive de seus compatriotas que vão para o campo de batalha.
Na ocorrência de um conflito aberto entre Estados Unidos e Irã é enorme possibilidade de envolvimento de todos os países da Ásia – inclusive China e Rússia – e de uma evolução para uma guerra de escala mundial. Contudo, ao contrário do que houve na 1ª e 2ª Guerras, atualmente as potências militares possuem capacidade para exterminar completamente a vida humana da Terra.
Sob o ponto de vista do Brasil, a guerra pretendida por Donald Trump não favorece qualquer interesse do país. Muito ao contrário. A posição de Bolsonaro de apoiar a operação militar que resultou no assassinato do general Qasem Soleimani foi um ato precipitado e irresponsável. E essa decisão é resultado da submissão incondicional aos Estados Unidos que Bolsonaro demonstra mesmo antes de ter sido eleito.
Bons tempos em que a diplomacia do Brasil era protagonista e não vassala. Em 2010, por exemplo, através do governo Lula e do governo da Turquia, foi possível chegar a um acordo com o Irã para que este país se comprometesse a utilizar o urânio apenas para fins pacíficos. Em 2015 foi firmado outro acordo com a nação persa, desta vez mediado pelos Estados Unidos e pela União Europeia. Em 2018, Trump abandonou o acordo unilateralmente e impôs sanções ao Irã.
Ademais, o Brasil sempre manteve relações amistosas com o Irã. No presente, o fluxo de comércio entre os dois países é de US$ 2,1 bilhões e a balança é favorável ao Brasil em US$ 2 bilhões. No ano de 2018, o Irã foi o maior mercado para o milho brasileiro e o quinto maior destino da carne bovina e da soja exportadas pelo Brasil.
Brasil e Irã cooperam em várias áreas e nichos da economia: ciência e tecnologia, agricultura, engenharia, energia, capacitação industrial, entre outras.
É por estas e outras razões que eu digo com todas as letras: NÃO À GUERRA DE TRUMP E NÃO À SUBMISSÃO IRRESPONSÁVEL DE BOLSONARO.
(*) Paulo Pimenta é Jornalista e Deputado Federal, líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados, e escreve no site às quartas-feiras. Normalmente editado de madrugada, hoje, excepcionalmente, é publicado neste horário.
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: A foto do presidente Bolsonaro, em posição atrás de Trump, é da Assessoria de Imprensa do Palácio do Planalto.
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