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CRÔNICA. Orlando Fonseca e difusão de “fake news” sobre o coronavírus. E tem aqueeelas outras também

Saúde democrática

Por ORLANDO FONSECA (*)

Ministério da Saúde adverte: fake news faz mal à saúde. Em coletiva à imprensa, o Ministro salientou que, tão importante quanto os cuidados, a observância dos protocolos internacionais para minimizar a disseminação é salutar que a população não ajude a espalhar notícias falsas sobre o coronavírus – a praga apocalíptica do momento.

Ressalvado o oportunismo da fala ministerial quanto a esses cuidados, não posso deixar de considerar irônico que um governo que se legitimou difundindo fake news nas redes sociais agora venha a público alertar que isso faz mal. Eu diria, para não perder a anedota, que a gente – pelo menos uma parcela da população vacinada politicamente – está vendo os estragos.

Para combater a pior epidemia cultural da atualidade – as Fake News sobre saúde – o Ministério que cuida da área está se atualizando para esses novos tempos. Disponibilizou um número de WhatsApp para envio de mensagens da população. Não é um serviço com respostas de especialistas a cada mensagem, mas um ambiente de rede social exclusivo apenas para receber informações virais. Estas serão apuradas pelas áreas técnicas e terão destaque oficial se são verdade ou mentira.

Segundo dados do próprio portal do Ministério da Saúde, fake news atingem 85% das mensagens sobre coronavírus checadas. Algumas que a gente tem recebido pelos grupos das redes sociais são flagrantemente falsas, outras podem deixar dúvida para quem não é da área da saúde ou não tem experiência com comércio ou políticas sociais.

Fui dar uma olhada no Portal do Ministério da Saúde e, realmente, para além do propósito de esclarecer, há coisas listadas ali como falsas que realmente nos fazem pensar na criatividade ou na má-fé do povo.

Exemplos: China cancelou todos os embarques de produtos por navio até março. Médicos tailandeses curam coronavírus em 48h. Chá de abacate com hortelã previne coronavírus. Semelhança do vírus HIV com o coronavírus; novo coronavírus causa pneumonia de imediato; uísque e mel contra coronavírus.

Nos esclarecimentos, lê-se que até o momento não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo Covid-19. Do mesmo modo, a respeito da possibilidade de o plástico-bolha ser um vetor do vírus o “Ministério da Saúde afirma que não há nenhuma evidência que produtos enviados da China para o Brasil tragam o novo coronavírus.” Por via das dúvidas, nesse caso, vou passar longe das lojas com produtos “made in China”.

Ano passado a Fiocruz realizou um seminário sobre a disseminação de inverdades sobre doenças e poderes curativos nas redes sociais. O pesquisador Cláudio Maierovitch destacou que o sensacionalismo e o tom alarmante com que essas notícias são divulgadas pode ser um dos porquês da propagação.

Considera também relevante o conceito ligado à psicologia chamado “viés da confirmação”, pelo qual “a pessoa busca por argumentos para confirmar algo e nega argumentos contrários, mesmo sem embasamento, isso ganha ainda mais força na internet pelo fato da informação chegar personalizada para cada um, a partir do conteúdo mais acessado e dados pessoais divulgados”.

Confesso que não consigo mais acompanhar a velocidade das fake ou dos memes sobre o tal Covid-19. Alguns deles derrubaram as vendas da Cerveja Corona, e dizem até que as duchas homônimas também entraram nessa.

Voltando ao início: na campanha eleitoral, cuja CPI ainda rola do Congresso, a disseminação de inverdades foi a marca principal. A par de toda a malandragem que soe acontecer neste meio, as fake news, vamos convir, fizeram um grande estrago na democracia brasileira. É urgente uma campanha de vacinação, e mesmo assim vai levar muito tempo para a recuperação.

(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra essa crônica é da EBC (Reprodução), distribuída pela Agência Brasil.

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