ARTIGO. Paulo Pimenta, a nova absolvição de Lula e de dirigentes petistas e ativismo do Judiciário e do MP
Um judiciário náufrago?
Por PAULO PIMENTA (*)
“Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano.” (Dilma Rousseff/2016)
Passados quatro anos desde que a Constituição de 1988 foi violada por um Golpe de Estado parlamentar, chancelado pelo judiciário e apoiado pela grande mídia, o país mergulhou numa conjugação de crises. Rompida a soberania popular com o afastamento da Presidente Dilma Rousseff, eleita em 2014, abriram-se as portas para a construção da “Ponte Para o Futuro” anunciada pelo vice-presidente conspirador, o golpista Michel Temer.
O país colheu desde então uma sucessão de catástrofes: o atropelo dos diretos trabalhistas com a abolição da CLT; a demolição da previdência pública e a entrega dos idosos à sua própria sorte, com a reforma do sistema de previdência social; o desemprego em massa e a precarização selvagem das relações de trabalho como regra para aqueles que ainda conseguem manter seu posto na indústria, na agricultura ou nos serviços; a recessão econômica com o pibinho de 1,5% em 2019 e a anunciada queda 9,7% no segundo trimestre de 2020; a degradação social, a criminalização da política, a guerra cultural como tática de governo; a matança sem tréguas dos jovens negros e pobres na periferia das cidades brasileiras; a devastação ambiental apoiada ostensivamente pelo Ministro do Meio Ambiente; coroadas desde março último pela maior calamidade sanitária da história: a covid-19, menosprezada pelo Presidente da República como uma “gripezinha”, que contabiliza nestes dias o espantoso e inaceitável número de mais de 120 mil mortos. O Brasil ficou mais submisso, mais pobre e mais desigual.
O ímpeto autoritário do Presidente obedece a uma concepção que busca reduzir os instrumentos do Estado a serviço das necessidades do clã e sua proteção contra inimigos reais ou potenciais.
Moro caiu do pedestal onde fora exibido pela mídia corporativa, durante o período de preparação do golpe. Caiu com algum ruído. Afinal, não se pode, nem se deve, esconder um ex-juiz e ex-superministro com larga folha de serviços prestados tanto aos golpistas de 2016 quanto ao seu resultado imediato: a fraude eleitoral de 2018 que elegeu Bolsonaro. Não custa lançar alguma luz sobre essa figura medíocre que se afasta para cultivar na sombra um eventual retorno como candidato a Presidente da República. Assim se move a plutocracia brasileira.
Dallagnol procura sair de fininho… quanto menos ruído melhor, como antes dele, o procurador Carlos Fernando Santos Lima, um pioneiro em sair pela porta lateral… Um homem de visão… Escapou quando tudo ainda andava bem. A Operação Lava Jato, a superprodução hollywoodiana vai, assim, perdendo pedaços… e deixando atrás de si um legado: uma subcultura de ação arbitrária dentro do Ministério Público. Um órgão que deveria se ocupar da defesa dos interesses da sociedade, mas dedica a maior parte do seu tempo e recursos, em conluio com órgãos de inteligência estrangeiros, a mover ações contra adversários políticos e contra os interesses do Brasil.
Assim funciona a Cosa Nostra. Seja no Ministério Público, seja no Judiciário: trabalha para proteger os seus, para que sigam a vida a salvo dos desconfortos de prestar contas pelos eventuais crimes que cometeram contra a sociedade e contra o país.
As absolvições ou anulações recentes de sentenças proferidas contra dirigentes do Partido dos Trabalhadores, em Tribunais de Recursos e Tribunais Superiores só confirmam o pântano em que a ação politizada do judiciário, particularmente nos casos da Lava Jato, mergulhou o sistema de justiça do país. O tempo se encarrega de desnudar a condução eivada de parcialidade de segmentos do judiciário na condução daqueles processos.
Quinze anos depois do linchamento público e das condenações impostas, José Genoíno e Delúbio Soares foram absolvidos nos Tribunais de Recursos. A judicialização da política, ainda que cometa atropelos como no caso do afastamento do governador do Estado do Rio, na última semana, foi levada a sentar-se no banco dos réus.
Na tarde desta terça-feira, o TRF 1 absolveu o ex-Presidente Lula de mais uma das ações que tramitavam contra ele.
O judiciário brasileiro, se deseja se salvar do naufrágio e recuperar alguma credibilidade diante das sociedades civilizadas, deve um julgamento decente a este homem, encarcerado e impedido arbitrariamente de disputar, como favorito, a eleição de 2018 e uma reparação pública àquela mulher, afastada de um mandato legítimo, sem ter cometido crime de responsabilidade.
E a frase de Rui Barbosa – “A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta” – nunca foi tão oportuna e atual.
(*) Paulo Pimenta é Jornalista e Deputado Federal, presidente estadual do PT/RS e escreve no site às quartas-feiras.
Observação do editor: a foto (sem autoria determinada) que ilustra este artigo é uma reprodução de internet e foi extraída deste site: AQUI.
O PT convida para sua chapa Michel Temer e agora reclama dele ser conspirador.
Até o Badanha do Calçadão sabia que gente do MDB tem que abrir o olho.
Tipo cara que casa com a bonitinha que namorou todos. Um dia a guampa pega.
Chegaram o pior para dentro de casa, bem feito.