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Não foi por ideologia, mas pelos empregos no governo, que PMs viraram bolsonaristas – por Carlos Wagner

Em 30 anos parlamentar, Bolsonaro fez política com famílias de PMs e das FFAA

A influência do Presidente Jair Bolsonaro na greve da Polícia Militar do Ceará foi visível (Foto Reprodução)

Nas polícias militares do Brasil há uma prática que se incrustou nas corporações: o bico, que pode se descrever como trabalho extra. Poucos políticos no Brasil conhecem as particularidades das PMs tão bem como o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Capitão do Exército reformado, o presidente, durante os 30 anos que foi parlamentar (vereador e deputado federal pelo Rio), fez política entre as famílias dos policiais militares e das Forças Armadas.

A parte visível dessa maneira de fazer política de Bolsonaro veio a público no envolvimento com o ex-capitão Adriano Nóbrega, do Batalhão de Operações Especiais do Rio do Janeiro, o Bope, do filme Tropa de Elite. Ele tinha ligações com a família Bolsonaro – há matérias na internet. Adriano foi expulso do Bope e virou miliciano e dirigente do Escritório do Crime, como foi apelidado o esquema de pistoleiros de aluguel que funciona nas favelas do Rio. Foi morto no ano passado, em um confronto com policiais no interior da Bahia.

Outro caso é o PM reformado Fabrício Queiroz. Ele trabalhou no gabinete do então deputado estadual do Rio Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Queiroz era o responsável pela “rachadinha” – pegava parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa. O episódio ficou conhecido como o “caso da rachadinha” – há matérias na internet.

A parte invisível do relacionamento entre Bolsonaro e as famílias de PMs foi por conta de uma máquina de assistencialismo que distribuiu empregos, favores e outros pequenos benefícios. Lembro que, com exceção de Brasília (DF), nas demais polícias militares do país os oficiais, graduados e soldados ganham um salário baixo, lidam com carência de equipamentos e treinamento.

A maioria dos PMs precisa complementar a sua renda com o bico. Dentro dessa realidade, logo que o presidente assumiu o seu mandato e começou a contratar pessoal das Forças Armadas e das polícias militares para trabalhar na máquina administrativa federal, o número de bolsonaristas nos quartéis aumentou sensivelmente, a ponto de ganhar visibilidade, principalmente entre os PMs.

Logo eles começaram a lutar para desalojar das entidades que os representam – substituem os sindicatos – as lideranças tradicionais. Na greve dos policiais militares no Ceará, ano passado, a radicalização foi o cartão de apresentação da influência do bolsonarismo na tropa.

Na época conversei longamente com antigos líderes dos PMs nas entidades nacionais. Eles estavam assustados com a luta pelo poder dentro dos quartéis. Lembro que nos meses iniciais do governo Bolsonaro existia entre nós jornalistas uma avaliação de que havia uma identificação política ligando o presidente com os PMs.

Aos poucos fomos concluindo que essa identificação tinha muito mais a ver com a possibilidade de conseguir um emprego para reforçar o salário do que outro motivo qualquer. O que se sabe é que existem 6 mil pessoas vindas das fileiras das Forças Armadas e das polícias militares trabalhando no governo federal.

Até agora os holofotes da imprensa sobre os militares que integram o governo têm focado no pessoal vindo das Forças Armadas, em especial os generais que ocupam ministérios. Com destaque para o general da ativa do Exército Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, por conta da lambança que ele armou no combate à pandemia da Covid-19, e que está sendo investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 do Senado, a CPI da Covid.

Os policiais militares ocuparam o lugar dos generais depois que o coronel da PM de São Paulo Aleksander Toaldo Lacerda foi demitido do seu comando pelo governo paulista João Doria (PSDB-SP) por ter convocado os PMs paulistas para uma manifestação de apoio a Bolsonaro prevista para o Dia da Independência. E também por ter publicado desaforos contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A história das manifestações a favor do presidente da República e atos de repúdio aos ministros já estava nas manchetes dos jornais graças ao cantor sertanejo Sérgio Reis, que fez um vídeo prometendo fechar estradas e fazer outras esculhambações de apoio ao presidente. Depois do episódio de Doria, coronéis de polícias militares em outros Estados andaram falando sobre as manifestações do Dia da Independência.

A presença de policiais militares em manifestações públicas preocupa muita gente no Brasil. Olha, uma coisa foram aqueles carros de combate e transporte de tropas da Marinha desfilando em Brasília para Bolsonaro assustar os parlamentares que estavam votando a volta do voto impresso, que foi derrotada. Outra coisa são PMs fazendo manifestações, porque são pessoas treinadas para correr atrás de bandido.

O assunto principal dos noticiários políticos hoje (26/08) continua sendo a história dos policiais militares bolsonaristas. Lembro que pela velocidade com que os fatos acontecem no governo Bolsonaro é bem possível que logo seja substituído por outro. Há dias que começamos com uma manchete pela manhã, trocamos por uma nova ao meio-dia e à noite noticiamos outra. Tal a capacidade de criar tumultos do presidente Bolsonaro.

Ainda é cedo para avaliar se a história do Dia da Independência terá a presença maciça de policiais militares. Só saberemos no dia. Pelos vídeos e áudios que circulam nas redes alimentadas pelas milícias digitais bolsonaristas a ideia é fazer uma grande demonstração de força na cidade de São Paulo, capital do Estado governado por Doria, adversário de Bolsonaro. E uma em Brasília, para assustar os ministros do STF.

Pode acontecer de tudo. Até a “montanha parir um rato”, expressão usada nas redações de jornais nos tempos das máquinas de escrever para dizer que era esperado um grande acontecimento e no final não aconteceu nada. Em todo caso, o avanço do bolsonarismo entre os policiais militares preocupa.

PARA LER A ÍNTEGRA, NO ORIGINAL, CLIQUE AQUI.

(*) O texto acima, reproduzido com autorização do autor, foi publicado originalmente no blog “Histórias Mal Contadas”, do jornalista Carlos Wagner.

SOBRE O AUTOR:  Carlos Wagner é repórter, graduado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, pela UFRGS. Trabalhou como repórter investigativo no jornal Zero Hora de 1983 a 2014. Recebeu 38 prêmios de Jornalismo, entre eles, sete Prêmios Esso regionais. Tem 17 livros publicados, como “País Bandido”. Aos 67 anos, foi homenageado no 12º encontro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em 2017, SP.

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Um Comentário

  1. Articulista tem ‘super poderes’, consegue ler a mente de milhares de PM’s à distancia e fazer estatistica do que pensam. Deve ser da época que o curso de jornalismo tinha disciplinas tais como Tarot I, Bola de Cristal I e II, Prestidigitação Avançada e Telepatia à Distancia.

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