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Julian Assange e o direito à informação – por Leonardo da Rocha Botega

‘Um preso que ensinou não se poder acreditar em tudo que os governos dizem’

Até onde os Estados podem manter segredos de seus cidadãos? Esse tem sido o grande questionamento desde 2010, quando a organização não-governamental WikiLeaks publicou em seu site uma série de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos.

Primeiramente, foram cerca de 391.832 relatórios do Exército Estadunidense que tinham como temas a Guerra do Iraque e a Guerra do Afeganistão e revelavam, entre outras questões, que das 109 032 mortes ocorridas no Iraque, 60% foram de civis.

Posteriormente, o WikiLeaks publicou uma série de telegramas diplomáticos que revelavam transações duvidosas relacionadas à Guerra do Afeganistão e a forma como o Departamento de Estado buscava interceder em questões internas de outros países.

As revelações dos segredos e de muitas mentiras do governo estadunidense, visando respaldar suas ações belicosas, soaram como verdadeiras bombas na opinião pública mundial. Em reação ao vazamento dos documentos o governo dos Estados Unidos iniciou um intenso processo de perseguição criminal ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

Uma perseguição que contou com o apoio de muitos países aliados. Ainda em novembro de 2010, o governo da Suécia emitiu um mandato de prisão internacional, baseado em uma acusação de agressão e estupro, negada por Assange.

Mesmo negando a acusação, Assange se entregou às autoridades do Reino Unido em dezembro de 2010, sendo liberado dez dias depois, após o pagamento de fiança.  Porém, a perseguição visando sua extradição para os Estados Unidos não cessou.  Em junho de 2012, Assange acabou violando as condições de fiança, fugindo para a Embaixada do Equador em Londres, onde recebeu exílio político.

Assange permaneceu na Embaixada do Equador entre agosto de 2012 e abril 2019. Nesse meio tempo, a WikiLeaks revelou, em 2016, uma série de e-mails da Secretária de Estado e então candidata Hilary Clinton que demonstravam como a cúpula do Partido Democrata estava agindo de forma parcial e antiética contra a indicação de Bernie Sanders a condição de candidato do partido à presidência dos Estados Unidos. Foi durante esse período que a justiça sueca arquivou a acusação inicial feita pelo governo sueco na tentativa de sua extradição e posterior entrega aos Estados Unidos.

Em 11 de abril de 2019, após a revogação do exílio político pelo novo presidente equatoriano, Lenin Moreno, a Polícia Metropolitana de Londres adentrou na Embaixada do Equador e prendeu Assange. Nesse mesmo dia, a Corte de Justiça do Estado da Virgínia (EUA) o indicou por conspiração através da invasão de computadores.

Uma acusação que deveria ter sido descaracterizada em julho de 2021, quando a principal testemunha, Sigurdur Ingi Thordarson, um ex-voluntário do WikiLeaks, confessou que fabricou a alegação de que Julian Assange o tinha instruído a cometer invasões em computadores do governo.

Em um processo comum, tal confissão serviria para absolver e acabar com a perseguição contra o fundador do Wikileaks. Mas esse não é um processo comum. Assange não é um preso comum. Assange é um preso que representa a luta pelo direito à informação.

A luta contra as manipulações do Estado em sua lógica de produção de meios que justifiquem os fins. Uma luta que, na Era das Fake News (oficiais e não oficiais), é fundamental para a garantia dos direitos humanos.

Assange é um dos tantos lutadores dos direitos humanos, cuja liberdade é ameaçada e restringida por aqueles que se escondem nos Segredos de Estado para forjar políticas de dominação e crimes contra a humanidade. Lutar contra a sua possível extradição, após a mais recente decisão da justiça britânica, é lutar pela transparência dos governos, pela democracia e pela paz. É lutar por um mundo mais justo e livre. Assange não é um criminoso! É alguém que nos ensinou que não podemos acreditar em tudo que os governos dizem.            

(*) Leonardo da Rocha Botega, que escreve no site às quintas-feiras, é formado em História e mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM, Doutor em História pela UFRGS e Professor do Colégio Politécnico da UFSM. É também autor do livro “Quando a independência faz a união: Brasil, Argentina e a Questão Cubana (1959-1964).

Nota do Editor. A foto de Julian Assange, que ilustra este artigo, é uma reprodução obtida na internet.

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Um Comentário

  1. Para começar, só otário acredita em tudo que os governos dizem. Alás, talvez os ‘bacudos’ que é como os da Baliza chamam os tabacudos (kuakuakuakua! é uma diarréia oral constante!). Há um preço a pagar para quem se colocar no caminho do Império de plantão. Só porque Assange negou a acusação, coisa que todos fazem, não quer dizer que é inocente. Suécia tem leis diferentes, algo como se recusar a usar profilático virar estupro. De qualquer maneira não se sabe o que aconteceu e, como é costume da esquerda, nada que uma teoria da conspiração não resolva. Direitos humanos perderam a credibilidade porque virou desculpa para qualquer coisa. De qualquer maneira, na minha bolha todo munda está andando para o que acontecer com Assange. Mais ou menos como Cesare Battisti, outro ‘injustiçado’.

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