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Mais uma vez! – por Elen Biguelini

Começamos outro ano em meio ao aumento de casos da pandemia de Corona Vírus. Agora, para além dele temos também a Influenza H3N2. Juntos, o Flurona, ou para nós brasileiros, a Gripona.

Entra ano, sai ano, o negacionismo nosso de cada dia levando a piora da situação do país.

Recentemente, uma nova onda de denuncias levanta outro problema que foi exacerbado pela pandemia: não apenas mulheres que ficaram vulneráveis em suas casas devido aos maridos violentos, agora surgem aquelas que são obrigadas a não se defenderem da situação atual por meio da vacina, porque seus maridos (violentos, é claro) acreditam nas falácias jogadas ao mundo por figuras de poder e de renome.

Unimo-nos mulheres na defesa de nossas irmãs! Para que serve a irmandade e a sororidade se não para nos defendermos umas as outras em casos de emergência.

A refusa de vacinação infantil também é uma questão feminista. Quando as crianças (meninos e meninas) não tem acesso a se protegerem, todo o lar fica desequilibrado. Afinal, na maioria dos lares é ainda as mulheres que cabe o trato com os filhos.

Por mais que a sociedade tenha percebido a relevância de dividir o trabalho de educação e cuidado com as crianças, ainda são muitas as famílias que seguem padrões de sociabilidade antiquados, que definem que meninas usam rosa e meninos azul, e que a esposa cabe cuidar da casa e dos filhos e ao marido trazer o dinheiro para a casa.

Mesmo quando a situação econômica não permite que a mulher fique em casa, cabe a ela todo o peso do cuidado com os pequenos. São elas as responsáveis pela comida, por levar e trazer da escola, por fazer a merenda (que muitas vezes não existe porque muitas famílias infelizmente retornaram abaixo da linha da fome) e, aqui o mais importante, por ficar em casa quando a criança apresenta qualquer sinal de doença.

Assim, quando as crianças não vacinadas começam a apresentar sintomas, suas mães são aquelas que irão seu ausentar do trabalho para amenizar a dor dos pequenos.

Felizmente, recentemente ganhou-se mais uma batalha neste sentido. Não será preciso uma autorização médica para a vacinação infantil. Ainda que este absurdo tivesse permanecido, poucos seriam os médicos que iriam se negar a assinar estas autorizações. Claramente, no entanto, seria um empecilho para muitas famílias.

Como mulheres, como feministas, questões como esta são batalhas relevantes do cotidiano. Não devemos parar somente porque as notícias semelhantes se repetem ano à ano. Unimo-nos. Vamos proteger umas as outras e continuar lutando neste novo ano!

*Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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