Artigos

O controle de preços volta a nos assombrar – por Giuseppe Riesgo

Sobre a crise dos combustíveis, a liberdade econômica e outras questões

“Quando você só tem um martelo, tudo se parece com um prego”. O aforisma, sob contexto, enuncia o atual debate sobre os preços dos combustíveis e sua perenidade no Brasil. Ou seja, em uma conjuntura complexa, obviamente!, não deveríamos nos abraçar em soluções simples para o setor. No entanto, este tem sido o comportamento dos atuais líderes nas pesquisas eleitorais para à presidência da República em 2022: Lula e Bolsonaro.

Primeiro foi Lula. Ao ver os preços dos combustíveis, o ex-presidiário vociferou contra o lucro da Petrobrás e a atual política de preços e sua paridade com o mercado internacional. Poucas semanas depois, foi a vez do atual presidente blasfemar contra as regras mais básicas de mercado e a política de preços da estatal.

Só que ambos estão redondamente equivocados. Por só enxergarem no controle de preços o caminho de solução para o setor, acabam por ignorar os reais problemas no mercado interno de combustíveis do país. Além disso, desconhecem que controlar preços é absolutamente improdutivo se o intuito é baixar o preço da gasolina, do álcool e do diesel, por aqui.

Não à toa, desde o implemento do Plano Real, os preços controlados no país subiram, em média, 9,82% por ano (já os preços livres e sem controle estatal subiram, em média, 7,6% no mesmo período). Ou seja, o controle de preços não evitou a inflação e, tampouco, propiciou eficiência aos setores regulados (ou você está feliz com os serviços de telefone, internet, água, luz e combustíveis ofertados no Brasil?).

A verdade é que só a liberdade econômica baixa os preços e atribui eficiência a um setor de forma sustentável e de longo prazo. Sem liberdade não há concorrência e, sem esta, a competição e a busca da eficiência para agradar os consumidores não estão no cerne das decisões empresariais. Em outras palavras: enquanto nosso ambiente de negócios premiar a concorrência por lobby junto à classe política em detrimento do desejo da população, nós jamais teremos uma economia eficiente, produtiva e com inflação baixa.

Os combustíveis estão caros por uma miríade de motivos econômicos que se entrelaçam e demonstram a complexidade desse setor. Da péssima política cambial (que desvalorizou fortemente o Real) à falta de abertura concorrencial, os combustíveis tendem a encarecer a despeito da infeliz guerra provocada por Putin ou por sobressaltos nos preços do mercado internacional.

Em síntese: enquanto não arrumarmos o nosso ambiente interno de mercado, não há controle de preços ou política tributária que alivie os brasileiros de uma gasolina tão cara. Roberto Campos costumava dizer que a burrice no Brasil tinha um passado glorioso e um futuro promissor. Ao que parece, pelas falas dos atuais líderes das pesquisas eleitorais, as palavras de Campos seguirão profetizando as tomadas de decisão dos próximos governantes. Precisamos quebrar com urgência essa lógica já em 2022.   

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

4 Comentários

  1. Faltou no texto o canetaço que Dilma, a humilde e capaz, deu na energia eletrica. Vale lembrar a conta que virou depois e quem pagou, os mesmos de sempre. Mudando do saco para a mala, no discurso de Joe Zoinho estava presente o CEO da Intel, conhecida fabricante de semicondutores. Investimento de 20 bilhões de dolares deve pular para 100 bilhões de dolares. Fabricas em Ohio e Arizona. Duas em cada estado. Só em Ohio são 400 hectares. Pode dar certo ou dar errado, mas sinaliza muita coisa.

  2. Democratas tem um estilo parecido com o dos petistas. ‘Vamos fazer e f*d@m-se’. Em dezembro de 2021 o palhaço que preside a Ucrania foi até a sede da OTAN. Já havia concentração de tropas. Na declaração do encontro saiu, entre outras coisas, ‘Relacionamento da OTAN com a Ucrania é assunto somente da Ucrania e dos 30 paises membros. Rejeitamos qualquer tentativa de dividir a segurança aliada. Estamos prontos para conversar com a Russia’. Lembrando que na dissolução da URSS entregaram as armas nucleares com a garantia de segurança dos ianques e dos russos (ou seja, de ambos). Russia ainda em dezembro pediu negociações urgentes e publicou lista de exigencias. Ucrania não entraria na OTAN, não haveria manobras conjuntas sem previo aviso a Russia e a OTAN teria que reduzir as tropas na beirada da Russia aos niveis do final da decada de 90. Existem mais exigencias. Deu no que deu.

  3. Vermelhinhos por outro lado tentam explorar a falta de memoria da população e tentam vender terrenos no céu. Informação está disponivel no entanto, Exemplo? Refinaria de Pasadena. Do TCU ‘ […] dano aos cofres públicos, gestão temerária e ato de gestão antieconômico no processo de aquisição da refinaria […]’. Sem falar no absurdo, politicos tupiniquins (vermelhinhos em especial) não estão minimamente preocupados com eficiencia. Constrói-se uma refinaria hoje, para se pagar uns 10 anos. Com matriz energetica mudando. Com custo de descomissionamento, tem que desmontar e reparar o dano ambiental. Mais as ‘comissões’ e atrasos.

  4. Preço do petroleo já estava alto. Não só pandemia, mudança de matriz energetica em escala mundial. Segundo, Petrobras foi saqueada e para alguns nada melhor que uma estatal com sinecuras para analfabetos funcionais e bolsos profundos. Conjuntura atual é outra, Biden Zoinho liberou reservas estrategicas ianques, ou seja, não conseguiu negociar aumento de produção com os arabes por algum motivo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo