Caminho Livre

Sobre hennas e casamentos indianos – por Bianca Pereira, de Chandigarh, Índia

Passo a passo, o trabalho do indiano - que custou quatro pilas, em dinheiro brasileiro. Mas poderia ser até cinco vezes mais
Passo a passo, o trabalho do indiano – que custou quatro pilas, em dinheiro brasileiro. Mas poderia ser até cinco vezes mais

É difícil escrever quando não se tem um tempo e um espaço para isso. A ideia pode estar na sua cabeça, a história, toda a linha de pensamento organizada, porém a hora que se tenta colocar no papel não sai nada. Gosto de ter o meu espaço e as minhas coisas, meu tempo para escrever e me organizar e definitivamente não tenho nada disso no momento.

Por isso que esse texto não é o que todos esperam, não é sobre acomodações e a estranha busca por apartamentos e sim sobre a henna que ficou uma semana na minha mão. Vocês entenderão a mudança nos próximos textos. Faz 12 dias que estou aqui e está sendo uma mistura de correria, cansaço, diversão, saudades e umas mil coisas juntas.

No meu segundo dia aqui fui conhecer um pouco da cidade com o indiano da casa que estou ficando agora, JD. Me mostrou onde comprar comida, os restaurantes e os lugares mais perto da casa. No caminho havia vários homens sentados em banquinhos conversando com portfólios na mão. JD perguntou se eu não queria fazer a henna pelo menos em meia mão para ver como ficava e óbvio que eu disse sim. A henna é feita no braço todo ou apenas nas mãos e pulso; os desenhos também podem ser feitos nos pés. Há muitas escolhas de desenhos para fazer, já que cada um tem seu próprio estilo, e os preços não são caros se você estiver com um indiano. Sozinha eu teria pago 400 rúpias (R$ 19,00) e não teria achado caro! Com JD paguei 100 rúpias (R$ 4,00) e ele falou que é o preço; mais que isso é um roubo!

A tinta da henna vem das folhas trituradas de um arbusto de regiões quentes. Ela é super-refrescante. Depois que ele finalizou o desenho, continuamos caminhando e dá uma sensação boa no braço, ainda mais com o calor que faz aqui (imaginem Santa Maria no seu verão de 40 graus; porém mais úmido). Muitas pessoas mergulham os pés e mãos numa emulsão da planta para se refrescar. Além disso, pode ser usada para tingir os cabelos e é uma das muitas tradições religiosas da Índia.

A henna é uma tinta com coloração marrom ou cor de ferrugem e é preciso ter cuidado com as tintas negras já que utilizam produtos químicos que podem provocar alergias e queimaduras. Os desenhos podem ser feitos com palitos ou algo parecido com uma bisnaga de confeiteiro. A minha foi com essa. Tem-se que ficar cerca de 3 a 4 horas sem lavar o local para o desenho ficar escuro.  Quando a tinta seca, transforma-se numa casquinha, como se fosse uma cola, e o desenho que ficará por até duas semanas está por baixo. Quanto mais tempo a casca fica no seu corpo, mais escuro o desenho. Claro que eu não aguentei tanto tempo e a minha ficou mais clara e durou menos tempo que o normal (também tem o fato de eu lavar as mãos o tempo todo!).

Também chamada de mehndi, é utilizada em casamentos indianos pois é associada à transcendência e a transformação. O desenho geralmente é escolhido com a ajuda de um astrólogo para detectar as dificuldades no futuro casamento e é pintado pelas amigas e membros da família. Até que a tatuagem desapareça da pele, é costume que a noiva não se preocupe com trabalhos domésticos já que quanto mais se molha o desenho, mais rápido ele some. A noiva também costuma tatuar seu nome ou as iniciais do marido entre os desenhos para que o noivo busque na noite de núpcias.

Conforme a lenda, quanto mais escuro os desenhos ficarem, mais o marido a ama. Os desenhos mais famosos são os que fecham as mãos como luvas e os pés como meias rendadas.

Me falaram que é comum entrar de penetra em casamentos indianos e estamos já pensando em fazer isso para ver como é. Mas, primeiro, precisamos de roupas tradicionais e o mais importante, de espaço para nos organizarmos.

CONFIRA O TRABALHO DO INDIANO, EM QUATRO VÍDEOS BEM CURTINHOS:

 

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