Por Maiquel Rosauro
O vereador João Ricardo Vargas (PP) foi convocado a concorrer ao cargo de prefeito de Santa Maria pelo Partido Liberal (PL). Quem fez o chamado foi o deputado federal e presidente estadual do PL, Luciano Zucco. A tendência é de que Vargas aceite o convite, embora ainda não confirme oficialmente sua decisão.
Questionado pelo Site se já havia respondido ao pedido de Zucco, Vargas deu a entender que o presidente do PL já sabe a resposta.
“O coronel Zucco tem conhecimento de como devo proceder, dentro da ética e respeito que tenho pelo Progressistas. Fico honrado em saber que meu nome pode fazer parte de um importante partido, realmente um desafio”, disse Vargas.
Coronel da reserva da Brigada Militar, Vargas tem uma vitoriosa trajetória na política. Atualmente, está em seu terceiro mandato consecutivo na Câmara de Vereadores.
Em 2012, pelo PSDB, o então tenente-coronel licenciado da Brigada Militar conquistou uma cadeira no Parlamento com 1.773 votos. Quatro anos depois, foi reeleito com 2.488 votos.
Chance perdida
Em 2018, Vargas era apontado como o grande nome do PSDB de Santa Maria para concorrer a deputado estadual, uma vez que o cacique da legenda, Jorge Pozzobom (PSDB), estava em seu primeiro mandato na Prefeitura e havia todo um movimento de ascensão de candidatos da área da segurança pública. Vale lembrar que aquele foi o ano em que Jair Bolsonaro (PSL) venceu a eleição à Presidência da República.
Porém, Vargas foi preterido pelo vereador João Chaves (PSDB), que acabou fazendo uma campanha pífia, sem grande apoio dos tucanos. A sensação era de que o cavalo passou encilhado à frente do coronel.
Sumido na Mobilidade Urbana
Entre 2018 e 2019, Vargas passou um período de 12 meses à frente da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana. Um erro político, como ele viria a relatar a este repórter em maio de 2019, já que era cobrado por seus eleitores por não estar atuando pela segurança pública.
O retorno à Câmara mostrou um coronel renovado e com sangue nos olhos contra o governo de Eduardo Leite (PSDB). Em 1º de agosto de 2019, ele fez um duro discurso contra o tucano pelo atraso no salário dos servidores do Executivo, cujo vencimento de julho foi pago apenas em 14 de agosto.
Estragou festa do PL
A saída do PSDB parecia questão de tempo para Vargas, que recebeu inúmeros convites de outras siglas. O fato mais inusitado ocorreu em março de 2020. O PL, então presidido em Santa Maria por Miguel Passini, havia distribuído convites, reservado o local e avisado a imprensa: no dia 7, um sábado, ao meio-dia, no Restaurante Vera Cruz, Vargas teria sua ficha de filiação abonada pelo deputado federal e presidente estadual do PL, Giovani Cherini.
Porém, às vésperas do evento, Vargas pediu mais tempo para decidir e o evento do PL, para decepção de Passini, foi cancelado.
Chegada no PP
Ao fim de março de 2020, Vargas confirmou seu ingresso no Progressistas, legenda que já tinha o então vice-prefeito Sergio Cechin (PP) como pré-candidato ao Executivo. Em outubro daquele ano Vargas conquistou seu terceiro mandato no Parlamento, reelegendo-se com 1.315 votos.
No ano seguinte, ele foi eleito presidente da Câmara de Vereadores. Sua gestão foi conturbada, já que ele demonstrou não ter paciência para lidar com o jogo político, o que acabou gerando diversos atritos com a oposição.
Surpresa? Nem tanto
Nos bastidores da política santa-mariense, o nome de Vargas não era cogitado para a troca de legenda nesta janela partidária. Porém, o vereador afirmou que o convite para concorrer à Prefeitura não chegou a surpreender.
“O convite do coronel Zucco não foi bem uma surpresa diante do tempo em que nos conhecemos e o alinhamento de objetivos no desempenho da missão”, disse o vereador. Ambos os coronéis estiveram juntos na segunda-feira (25), em Porto Alegre.
Conforme fontes ouvidas pelo site, há 99% de chances de Vargas dizer sim ao convite de Zucco e trocar o PP pelo PL, assumindo o posto de pré-candidato a prefeito de Santa Maria. Falta só fazer o anúncio oficial. Porém, para quem vem atuando com calma e sem alarde até agora, esperar um dia a mais ou menos, não parece fazer grande diferença.
Existem 30 mil votos voando por ai. Os que foram para o Cechim na outra eleição. Vargas não é um nome que ‘empolgue’. Prenuncio de polarização e problemas da comuna em segundo plano.