PIMENTA E COLÍRIO. Todos fazem campanha. Críticas, quando ocorrem, são hipócritas

Vamos combinar o seguinte, a partir de três fatos bem objetivos:

1) Quando o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, visita uma obra ou evento (quaiquer que sejam), levando a tiracolo a ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, está, além de exercendo o poder que lhe foi conferido no voto, fazendo campanha para sua preferida em 2010.

2) Sempre que a governadora Yeda Crusius faz um discurso ou visita um município, normalmente às sextas-feira, inaugurando ou prometendo ou entregando uma obra, ou ainda participando de um evento como a “Rua da Cidadania”, pratica dois atos. Um é governar. E, afinal, foi eleita pra isso. Outro é se colocar à disposição para receber de novo o voto dos gaúchos em 2010. Ou, numa palavra, campanha.

3) Quando um governador, como o paulista José Serra, apresenta um projeto que considera bom para a população, ou visita uma obra qualquer, da mesma forma que presta contas de sua administração aos cidadãos de seu Estado, est[a governando. E fazendo campanha eleitoral. É assim. E ponto.

Contados os três casos, que estão acontecendo no presente momento em algum lugar do Rio Grande, de São Paulo ou do Brasil, tudo é muuito claro. O que muda é a crítica, conforme o gosto ou posição política de cada um. Ou, no popular: pimenta no olho do outro é colírio. Ou, claudeemirianamente falando, pura hipocrisia. Para você ter uma idéia, confira reportagem publicada nesta quarta-feira pel’O Estado de São Paulo. O texto é assinado por Silvia Amorim, com foto de Fabio Rodrigues Pozzebom, da Agência Brasil. A seguir:

“Colher ”dividendos políticos” de gestão é legítimo, diz Serra…

…No comando do maior Estado do País, o governador de São Paulo, José Serra, afirmou ontem ser legítimo usar ações de governo para “colher dividendos políticos”. O tucano é um dos nomes do PSDB para a disputa da Presidência da República em 2010. “A gente saber o que nós mesmos fizemos (no governo) é muito importante para poder explicar, defender e inclusive colher dividendos políticos, o que é legítimo dentro de uma ação governamental”, afirmou o tucano, ao participar de cerimônia para sanção de um projeto de lei que tem como beneficiários em potencial cerca de 220 mil professores.
A declaração foi feita para uma plateia de parlamentares e dirigentes de escolas no momento em que Serra enfatizava a necessidade de todos conhecerem a fundo os detalhes do Programa de Valorização pelo Mérito. A nova medida permitirá aos professores da rede estadual até quadruplicar o salário ao longo da carreira. Ele, entretanto, foi breve no comentário e não deu detalhes de como acredita que deveria ser feita essa “colheita” política.

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