INTERNET. Baixo nível não é culpa só de quem comenta; mas de quem libera os textos
Tenho lido horrores em termos de comentários feitos nos mais diversos sítios de internet. Coisa absurda, digna de Código Penal. Aqui mesmo, nos últimos dias (em silêncio, que também já cansei de explicar – quem não percebeu ainda, azar), vetei mais de uma dúzia de comentários. Todos ofensivos, cheios de palavrões e até ameaças (inclusive ao editor). Inadmissíveis, enfim, num ambiente minimamente civilizado. Como já escrevi (e ponho em prática), a crítica forte pode não ser agradável a quem recebe, mas é legítima. Fora disso, é baixaria. Que tento, a caro custo (para quem não sabe, faço tudo sozinho por aqui), evitar.
Dito isto, tenho claro que esta baixaria, em grande parte, só é possível porque os “donos” dos site permitem. Não há mediação mínima. Assim, torna-se a internet também espaço para os covardes, aqueles que, cara-a-cara, são incapazes de manter o tom.
De todo modo, a reação já começa a existir. Afinal, temos que defender com unhas e dentes o espaço conquistado. Olha só, por exemplo, o que escreve, na seção “Circo da Notícia”, o veterano jornalista Carlos Brickmann, no sítio especializado Observatório da Imprensa. Retirei uma das notas (ele escreve sobre outras coisas, também) para reproduzir aqui:
“Bom-senso, gente!
Este colunista adora internet, blogs, colunas eletrônicas de opinião. Mas talvez seja obrigado a mudar de hábitos: não está sendo possível suportar o baixo nível da discussão. Basta alguém tomar uma posição com a qual alguém não concorde para ser acusado de vendido, de desonesto, de cúmplice sabe-se lá de quem.
Uma das coisas boas da democracia é a possibilidade da convivência de contrários. E é isso que vem sendo minado, especialmente nas áreas de política e economia (tendência turbinada pela proximidade das eleições), mas também em esportes. A violência não se restringe às ofensas: a linguagem também costuma ser de baixo nível, com amplas referências escatológicas. Será impossível tolerar que as idéias do outro sejam diferentes das nossas, será impossível admitir que, embora pensando diferente, o outro também pode ser honesto, será impossível manter o debate em termos civilizados?…”
PARA LER A ÍNTEGRA DA SEÇÃO “CIRCO DA NOTÍCIA”, CLIQUE AQUI.
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