Novo reitor da UFSM: missão honrosa… Mas espinhosa – por Carlos Costabeber
Depois de uma disputa árdua, o Prof. Paulo Burmann venceu a eleição para Reitor da nossa UFSM de forma indiscutível.
Como sou favorável à renovação no comando das organizações, valorizei a escolha do novo Reitor.
Administrar a coisa pública, notadamente uma Universidade tão importante, exige muita experiência, conhecimento sobre os “caminhos do poder”, e altíssima capacidade de liderança junto aos servidores e alunos.
Para Santa Maria, a UFSM é fundamental para o seu desenvolvimento !
Ela representa 22% do PIB da cidade! É muita coisa!
Por isso, se não fosse a visão grandiosa do Prof. Mariano, Santa Maria não passaria de uma cidade interiorana sem muita expressão.
Mas a missão do Prof. Burmann não será fácil! Pelo contrário!
Hoje, depois que me aposentei como professor do Curso de Administração, vejo a UFSM aqui de fora, e tenho sido crítico em muitos momentos.
Por exemplo:
1) A qualidade do ensino vem perdendo pontos, e deixamos de ser uma referência nacional (segundo o Burmann, estaríamos hoje em 28º lugar na avaliação do MEC);
2) Cursos em demasia!!! Cursos que não têm apelo de mercado para os alunos; cursos com falta de alunos – num desperdício de recursos públicos. Sem falar nos “campi” deficitários!!!!
3) Querendo ou não, sempre existiu “um muro” dividindo a UFSM e a cidade. O que se passa lá dentro, pouco se sabe aqui fora; e vice-versa;
4) Investimentos fantásticos, “do chão para cima”, enquanto o Campus funciona sobre uma gigantesca cloaca. Não existe coleta e tratamento de esgoto – logo em uma Universidade Federal que tem tanto foco na saúde;
5) Todo o lixo reciclável gerado na Universidade poderia ter um destino melhor do que seguir para o lixão municipal;
6) Elevado índice de desistência de alunos; mais um desperdício de recursos, e de milhares de jovens desorientados;
E, para complicar:
1) O Governo Federal fará grandes cortes no Orçamento, para compensar os gastos feitos para estimular a economia, as isenções fiscais e a gastança com a Copa do Mundo.
2) O tempo de transição no cargo de Reitor é loooooooooongo; meio ano.
O que vai acontecer? Certamente, o ritmo de trabalho não será mais o mesmo até o final do ano.
3) Como ficam os projetos que são prioridade da atual gestão? Certamente serão reavaliados, e……….
Cito um em que estou envolvido, que é a parceria entre a UFSM e o Exército, para o desenvolvimento de tecnologias na área da Defesa! Estou preocupado, confesso !
4) Não dá para se ignorar também, que o “clima interno” não deve ser de bons amigos”, depois de uma refrega como essa!
5) Além disso, e ao contrário do que ocorre no setor privado, o gestor público tem cada vez menos autonomia administrativa. Vive atolado nas travas da burocracia, e sempre com a espada do Tribunal de Contas sobre a cabeça.
Torcemos, e muito, para que a gestão do Prof Burmann seja profícua à frente da UFSM. Certamente veremos muitas coisas boas sendo implantadas pela nova gestão; mas também é certo de que terá de rever alguns dos seus compromissos de campanha, justamente pelas dificuldades orçamentárias, humanas e até legais.
UFSM & Exército
Quem diria…