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Consagração à impunidade – por Daniel Arruda Coronel

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No dia 15 deste mês faleceu, em São Paulo, vítima de câncer, o Coronel Carlos Brilhante Ustra, conhecido como Dr. Tibiriçá, natural de Santa Maria-RS e chefe, de 1970 a 1974, do DOI-CODI do II Exército, o qual foi um órgão atuante de repressão política do regime ditatorial brasileiro e local onde, segundo dados da Comissão da Verdade, mais de quinhentas pessoas foram torturadas e cinquenta foram mortas. O Jurista Fábio Konder Comparato, autor do livro Ética: direito, moral e religião no mundo moderno, definiu o Coronel como o mais notório torturador do regime militar.

Em 2013, o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão que condenou Ustra como torturador. Apesar da condenação e de várias famílias e órgãos de direitos humanos terem lutado para que o Coronel pagasse por suas ações contra os direitos humanos, a sua morte confirmou sua convicção de que nunca seria punido.

Os crimes e as ações de tortura praticados no período de exceção política não podem jamais ser esquecidos, pois é uma condição fundamental para o país passar a limpo sua história e defender mais do que nunca os valores e as instituições democráticas, principalmente em tempos de desgostos com os governantes e com a política. Como muito bem disse o grande estadista inglês Winston Churchill, “a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.

Enfim, mesmo que vários torturadores e agentes da repressão não sejam julgados e nem condenados pelos seus crimes, é fundamental que a sociedade civil organizada e os movimentos sociais cobrem das nossas autoridades ações para o esclarecimento de várias ações torpes e clientelistas que ocorreram no pós 1964, pois é uma forma de as famílias terem paz e saberem efetivamente o que aconteceu com seus familiares e onde estão os seus restos mortais, como forma de dar a eles um enterro cristão.

Ações exigindo a punição dos culpados do pós 1964 não podem ser vistas como uma caça às bruxas, mas sim como forma de preservar o legado e a luta de grandes brasileiros como Dom Paulo Evaristo Arns, organizador do livro: Brasil nunca mais, onde relata as barbáries e atrocidades do regime militar.

Como bem disse Dom Paulo, citando os Hebreus, capítulo 10, versículos 32-35: “Lembrem-se do que aconteceu no passado: naqueles dias, depois que a luz de Deus brilhou sobre vocês, vocês sofreram muitas coisas, mas não foram vencidos na luta. Alguns foram insultados e maltratados publicamente, e outros tomaram parte do sofrimento dos que foram tratados assim. Vocês participaram do sofrimento dos prisioneiros. E quando tiraram tudo o que vocês tinham, vocês suportaram isso com alegria, porque sabiam que possuíam coisa muito melhor, que dura para sempre. Portanto, não percam a coragem, porque ela traz grande recompensa”.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a foto que ilustra este artigo é uma reprodução de internet.

 

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