ComportamentoCrônica

CRÔNICA. Pylla Kroth, a folia que se foi e ao menos uma certeza: “não há como fugir do salão da vida real”

Cinzas negras

Por PYLLA KROTH (*)

Que bom seria se nesta quarta de cinzas todo mal desaparecesse junto com todas coisas ruins, tipo a discriminação social e outras tantas. Que todos os homens do mal, as armas, os canalhas e hipócritas, a estupidez, sumissem pra nunca mais voltar. Virassem cinzas.

Hoje, na quarta-feira de cinzas, começa a quaresma, e pelo significado religioso é um período de refletir e buscar as coisas sagradas que existem em nós, se é que ainda existe algo, em preparação para as celebrações de Páscoa.

Por outro lado agora é momento de despir da fantasia de carnaval e botar no corpo a fantasia que usamos o resto do ano e pra mim a mais adequada nestes tempos seria a de palhaços. Ou não, pois temos a escolha de continuarmos protestando e disso vi bastante até mesmo no meio da folia, bom sinal de que o povo está atento e continua a cobrar um país melhor.

Eu particularmente não faço mais carnaval. Ele não passa mais de meia dúzia de fotos em preto e branco na parede de minha memória. Mas na vida real também podemos nos vestir de guerreiros. Pensando bem, vivemos num país que é um carnaval o ano inteiro, com “mais de 1000 palhaços no salão”, ou melhor, são mais de 220 milhões de palhaços no Clube, e sua sede principal fica no Palácio da Alvorada. Mas pelo visto não terá daqui pra frente confetes e serpentinas.

As ruas de minha aldeia neste momento que estou escrevendo (terça-feira) estão vazias como os homens do poeta. A bateria silenciou, a passista parou, o bloco sumiu, tudo está tão quieto. E nesta quarta os boletos com vencimentos certos, marcados, nas filas das lotéricas, terão de ser quitados, impostos e mais impostos pagos. Não há como fugir do salão da vida real. Os políticos entrarão em cena novamente nesta quarta, a burocracia, corrupção, sonegação, os bandidos com suas armas legalizadas, tragédias como as que temos presenciado ultimamente, sem ninguém responsabilizado ou punido, voltarão a normalidade depois de dias de ilusões. Os monstros voltarão mais perigosos.

O jeito é nos vestirmos de fé e esperança, alias é de fé e de esperança que temos sobrevivido, não é mesmo? E neste quesito não precisamos nem jurados. Somos 10. Que comece o ano, então.

(*) PYLLA KROTH é considerado dinossauro do Rock de Santa Maria e um ícone local do gênero no qual está há mais de 35anos, desde a Banda Thanos, que foi a primeira do gênero heavy metal na cidade, no início dos anos 80. O grande marco da carreira de Pylla foi sua atuação como vocalista da Banda Fuga, de 1987 a 1996. Atualmente, sua banda é a Pylla C14. Pylla Kroth escreve semanalmente no site.

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica é uma reprodução de internet.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo