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Salvem os últimos muristas – por Marcelo Arigony

E tem de vários tipos: tímido, oportunista, amigão, covarde, filantropo...

O cara murista é diferente do cara ideologizado. O cara ideologizado obviamente tem opinião formada, e normalmente faz questão de expressá-la fortemente. Suas convicções são tão firmes que ele não admite opinião contrária.

Não há espaço para diálogo com o ideologizado. Esse narciso adora uma acalorada discussão, e não cede um milímetro. A beligerância normalmente acompanha seu perfil, e ele se vangloria disso. Puro orgulho em defender seus conceitos com unhas e dentes.

Já o murista é aquele cara que não se posiciona, que não se vincula, que nunca expressa sua verdadeira opinião. Quando o murista enxerga um ideologizado ele já sai de perto, para não ser instado a descer do muro.

E há vários tipos de muristas.

Tem o murista que é tímido, meio água morna. Ele não fala o que pensa porque se sente envergonhado, constrangido; sente insegurança, preguiça, e simplesmente não se manifesta. Falta atitude. É uma pena, porque esse poderia contribuir mais.

Tem aquele tipo de murista que é oportunista. Ele se mantém em cima do muro até a última hora, para jogar-se pro lado vencedor quando o jogo estiver definido. Esse é o pior tipo, sem dúvidas.

Tem aquele murista amigão. Esse não se posiciona porque quer ser amigo de todo mundo; não quer se indispor com ninguém. Esse tipo não entra em bola dividida; quer ficar sempre de boas com todos e todas. O amigão é um calculista que não se manifesta para não perder posição nas suas relações. Ele é quase como o próximo tipo, quase.

O próximo é o murista covarde. Esse é um cagarola; um tipo patético de murista. Tem medo de expor sua opinião e sofrer algum revés. A covardia é prima irmã da canalhice, e os covardes só devem ter lugar no céu dos timoratos, se houver.

Tem o murista filantropo. Esse é um humanista, que não expressa sua opinião porque não quer magoar aqueles que pensam diferente. Ele pode parecer com o murista amigão e com o murista covarde, mas é diferente.  O murista filantropo é um altruísta. Ele não está preocupado em perder alguma coisa na relação. Ele tem opinião formada. Só não manifesta para não ferir quem não aceita posição contrária.

E tem aqueles muristas que não se posicionam porque não se sentem representados pelas posições em jogo. Esses primam pelo equilíbrio; pensam que o caminho do meio é o melhor por contemplar ambos os lados, ou um pouco de cada lado.

Passada a eleição, tenhamos ganhado ou perdido, ainda é tempo de se dar ouvidos aos últimos muristas. Os extremos ideologizados são importantes, talvez imprescindíveis na forja do consenso, externando as mais extremas e legítimas posições. Mas ao final, o que precisamos é de concertação, que atenda minimamente aos interesses plurais de nossa brasilidade continental.

(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da 2ª Delegacia de Polícia Civil em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.

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5 Comentários

  1. Há que se viver de acordo com a epoca que se vive. Não tem como fugir disto. As pautas identitarias estão em voga no ocidente. Valores e tudo mais. O que leva ao que pode ser interpretado como ameaça existencial. Que apela ao emocional e não o racional. O que faz o retorno a John Gray, religião, politica, razão, duvida, Leopardi e o barbarismo da razão, a noção de que todo o mundo, toda a humanidade, só pode viver bem de uma única forma. Da séria série livros e pensadores que alguns não querem que os outros conheçam. Total zero, pior do que eleição é perder Grenal para os vermelhos.

  2. Murista também tem o de fachada. Eventualmente desce, mas sempre do lado esquerdo. Há o murista de ocasião, ‘não vou falar nada, concordar com tudo, senão o assunto espicha e vou perder meu tempo com esta mala e/ou me incomodar’. O famoso ‘deixa quieto’. Causidica defende a segurança das urnas eletronicas e logo em seguida emenda ‘constitucionalidade é assunto técnico, o assunto tem que ser deixado para os tecnicos’. Eletronica não é assunto técnico? Dãããããã! Gente que fala demais e não ‘contribui’ com nada.

  3. Poderia contribuir mais. Não. Tem muita gente ‘contribuindo’. É um novo FEBEAPA (reflexo do mundial). Nem debates se pode ouvir mais. Participantes discutem educação e dai a conversa descamba, por exemplo, para bichos de estimação. A cadela da genitora do participante está sempre no cio. Pergunta: porque não castram para parar de colocar vira-lata no mundo? Pergunta porque perder tempo com esta bobagem, troca-se de canal. Outra: confusão com caminhoneiros torna urgente a construção de ferrovias. O quilometro de ferrovia custa algo como 4 vezes o da rodovia, não vai acontecer. Outra, medico sugerindo obras viarias. ‘Engenharia pode muita coisa’. Sim, pode. Dá para duplicar a RS287 construindo duas pistas em cima das já existentes, um super viaduto. Só não tem orçamento. Daí vem o imbecil da vontade politica, do ‘dinheiro são só numeros’.

  4. É da natureza humana fazer taxonomias. Nas questões humanas porém as pessoas teimam em não ficar nos escaninhos que lhes destinam. Sim, porque existe o murista arbitro do jogo de tênis (que fica sentado observando) e o murista bola de tenis que fica mudando de lado a toda hora ‘para compensar’ ou porque concorda com aspectos diferentes das ideologias contraditorias. Sem falar nas contradições e hipocrisias. Umberto Eco escreveu um ensaio que virou um livro ‘Fascismo Eterno’ (pelo menos foi o titulo escolhido em portugues). Ou seja, ele pegou uma bola de cristal e previu a evolução politica da humanidade até o final dos tempos. Qual a primeira propriedade que cita? Toda verdade já foi revelada pela tradição, nenhum novo aprendizado ocorre, somente interpretação e refinamento. Tentativa tosca dos ultimos guerreiros da guerra fria encaixarem o Cavalão no conceito porque lhes é vantajoso politicamente. O Cavalismo não é fenomeno novo, é o mesmo que ocorreu no seculo passado. Bingo! Como diria o ‘jurista’.

  5. Liberalismo e comunismo são religiões monoteistas. O que rende risadas eventualmente. Ontem um Vermelho conhecido disfarçado com um boné azul (como faz para esconder um elefante numa plantação de morangos? pinta as unhas do bicho de vermelho) conversava com outro gordo de bolsa. Nem reparavam nos carros que passavam praticamente do lado. ‘também é extrema-direita! mas é diferente!”. Não dá para ensinar truque novo para cachorro velho dizem os ianques. O furor religioso dos ideologizados os leva para um planeta diferente. Obviamente a falta de contato com a realidade tem seu preço.

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