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Madame Louise Labé – por Elen Biguelini

Uma mulher múltipla: poetisa, música, poliglota, praticava equitação e esgrima...

Louise Labé Lionnaise, nascida Louise Charly, teria tido o mais antigo salão literário francês. A poetisa nascida em Lyon circa 1524, filha de um fabricante de cordas, Pierre Charly e sua segunda esposa Étiennette Roybet, era conhecida como “a Bela Cordoeira”, justamente devido a profissão paterna. Seu pai havia sido aprendiz da profissão e se casou com a filha de um cordoeiro já prospero de sobrenome L’Abbé (ou Labé). É deste senhor que Louise Labé herda o nome pelo qual é conhecida.

Teve acesso a uma educação pouco comum às mulheres do período, além de escrever e ler poesia, praticava esgrima e equitação, conhecia várias línguas, e sabia tocar instrumentos.

Para além disto, pode ser considerada uma donzela guerreira, tendo vestido trajes masculinos quando beirava os 16 anos e se unido a um amigo (ou amante) no certo a Perpignan. Devido a isto, foi chamada de “capitão Loys”. Também teria usado de vestimentas masculinas para participar de competições de esgrima.

Casou-se em 1550 com o também cordoeiro Ennemond Perin. Seu marido era um homem muito rico da cidade de Lyon, o que permitiu que sua esposa tivesse acesso a muitos livros, tendo uma vasta biblioteca com textos em grego, latim, italiano, espanhol e francês. Uma verdadeira raridade para uma mulher.

Morava em um palacete na cidade de Lyon, no qual reunia a elite local, seus amigos e admiradores da sua obra.

Faleceu em Parcieux-en-Dombes, onde foi enterrada, em 25 de abril de 1566.

Tem uma vasta obra que chegou a contemporaneidade, incluindo 23 sonetos e três elegias, bem como um texto chamado “Débat de Folie et d’Amour”, ou “Disputa de amor e loucura”. Seus poemas foram primeiramente editados em 1555 e hoje figuram várias edições de sua obra.

Segundo Egisvanda Sandes foi “uma mulher que soube adaptar-se e comportar-se de acordo com [o] contexto de transições [em que vivia] e que inflamou o pensamento da época e das épocas posteriores com suas atitudes!” (Sandes, s.d)

Ela é considerada uma humanista e membro da Escola de Lyon, do qual participam também o poeta Maurice Scève (1505-1569) e a poetisa Pernette du Guillet (circa 1518-1545). Escreve em um momento de debate sobre o valor do francês em oposição ao latim, valorizando assim sua língua mãe. Outro tema recorrente na obra da autora são as figuras femininas emancipadas e o amor.

Obra:

“Oevres de Louise Labe Lionnoize”. Edição de 1824. Acesso via Gallica: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k5446177t.r=%22louise%20lab%C3%A9%22?rk=236052;4~

“Oevres de Louise Labé”, editada por Prosper Blanchemain em 1875. Acesso via Gallica: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1420946s.r=%22louise%20lab%C3%A9%22?rk=321890;0

O texto de Egisvanda Sandes traz algumas traduções para o português. Acesso via: https://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/mujer_poesia/labe.htm

Tem uma edição brasileira de 2023 da Editora Topbooks, com tradução de Felipe Fortuna.

Referências:

“Louise Labe”. In. Blog Poetia Latina. Acesso via: https://blogs.utopia.org.br/poesialatina/biografias/louise-labe/

Leitão Bandeira, Lourdes. “Salões culturais abertos por figuras femininas: O salão ‘Universitas Gratie’”. Lisboa: Carvalho e Simões Lda, 2006. p. 69.

Página da wikipedia francesa sobre a autora. Acesso via: https://fr.wikipedia.org/wiki/Louise_Lab%C3%A9

Página sobre a poetisa na Enclicopedia Brittania. Acesso via: https://www.britannica.com/biography/Louise-Labe

Sandes, Egisvanda. “Louise Labé: uma intelectual e um ‘eu lírico feminino’ em uma harmoniosa articulação do discurso amoroso”. Revista Pandora Brasil. Acesso via: https://revistapandorabrasil.com/revista_pandora/mujer_poesia/labe.htm

(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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